ritita 18/07/2022Letícia sendo Letícia, né? Ah, esta moça escreve muitíssimo bem, além de ter uma imensa facilidade para fazer o transporte entre fantasia e ficção, de formas que o leitor acha que tudo realmente aconteceu.
A narrativa é um ode aos clássicos, principalmente Sheakespeare, o preferido do avô Michael, vivo ou fantasma.
De um lado, a insana guerra que destruiu Polônia e poloneses, do outro, o imenso amor aos livros e à leitura, o que conseguiu que Jósik só se desse conta do crueza do momento após a primeira grande perda.
De novo, tudo acontece em Terebin, que não é uma cidade fictícia, e, sim, onde nasceu o avô da autora, palco de outros livros de Letícia, tal como Uma ponte para Terebin.
Tirando a crueza da guerra, a relação do menino com o avô e os livros é puro prazer.
Demorei imenso para ler porque a autora é repetitiva em certas situações, conta no momento que acontece e depois nas lembranças de Eva, e só por isto não leva o selo.
Um trechinho para adoçar, em relação ao suspeito comprador dos livros do velho Michael durante a guerra:
- Ele vai voltar, Jósik, porque realmente ama os livros. Eu mesmo sou uma espécie de ficção, meu querido. Tenho certeza de que apenas aqueles realmente dignos da mais bela prosa é que podem me ver. Aqueles que acreditam numa vida tecida de palavras.