Issa_livros 09/11/2024
Orgulho e Preconceito (+14)
- Primeiras Impressões
É uma verdade universalmente conhecida pelos leitores que ?Orgulho e Preconceito? da autora Jane Austen é uma das obras da literatura mais aclamadas pelo público e que através dos séculos sua relevância tem se tornado maior e vem sendo como um retrato da sociedade da época que reflete ainda nos dias de hoje, continua despertando a crítica e análises da obra ainda na atualidade são feitas sob a luz de todos os ângulos em geral. Visto como protofeminista, a sua autora Jane Austen constrói a nossa heroína de romance favorita, Elizabeth Bennet, que para os padrões da época é uma moça a frente do seu tempo que não se limita a personalidade declarada apropriada para uma dama dos livros de conduta, a evidente vivacidade de sua mente astuciosa em tempos em que se dizia que a sensibilidade era ligada a mulher e a razão ao homem é mal vista pela sociedade mas nossa queridíssima protagonista não se deixa abalar, trazendo com humor e leveza uma forte imagem poderosa que conquista os corações dos leitores (e do Sr. Darcy), claro que não escapando do julgamento e da reparação das outras pessoas do seu mesmo sexo como a srta. Bingley.
Li o prefácio e a introdução e nessa releitura foi crucial para minha experiência de leitura, agregou no meu ponto de vista geral, principalmente porque em relação ao final tenho sentimentos conflitantes, a relação da Elizabeth e do Sr.Darcy parece não haver se consolidado até o penúltimo instante e isso me deixou em profundo estado de ansiedade com a espera, não exatamente porque queria que acabasse e viesse o final feliz e sim porque parecia que os dois ainda estavam inclinados a continuar formando conjecturas em relação um ao outro com base em conclusões precipitadas, sem de fato conversar e pedir esclarecimento da situação.
A primeira vez que li esse livro me lembro perfeitamente do quão exaustivo foi para mim, pensei que se devia ao fato de ser meu primeiro contato com obras do tipo, mas fica evidente dessa vez que é realmente o ritmo de acordo com as sensações que o livro me passa que a leitura para mim parece tão densa, principalmente no meio, é como se muita coisa estivesse acontecendo mas a linha do tempo e o espaço entre esses acontecimentos fosse se prolongando demais, então assim como da primeira vez foi uma leitura cansativa em que eu buscava recapitular os acontecimentos que capítulos atrás haviam sido ilustrados e tentava trazer de volta o momento em que a percepção da primeira impressão dos dois estava se transformando. Vou contribuir o fator também de que eu já havia lido uma vez e assistido o filme 3 vezes, ou seja, eu já sabia da maioria dos detalhes da história, não tudo obviamente, eu não lembrava de vários detalhes e a adaptação não é a cópia do livro, mas do mesmo jeito isso pode ter influenciado a minha leitura para ela ter sido um tanto densa. Apesar de fechar o livro satisfeita e ter gostado mais dessa vez e apreciado de verdade a escrita da autora, continua não sendo minha obra preferida dela. Aqui está o Ranking dos livros da autora:
1 - Emma
2 - Razão e Sensibilidade
3 - Persuasão
4 - Orgulho e Preconceito
5 - Mansfield Park
Orgulho e Preconceito foi na verdade o primeiro livro que li da Jane Austen, mas o livro que definitivamente me fez dar uma segunda chance e me encantar pela escrita e os personagens da autora foi Persuasão, se eu não tivesse dado uma chance para esse livro jamais teria conhecido os outros e nem teria tomado a decisão de reler Orgulho e Preconceito.
Os personagens nos livros da Jane são sempre excêntricos e neste muito mais que isso, Sr. Collins, Lady Catherine de Bourgh, Srta. Bingley, Lydia, Wickham, Sra. Bennet me deixou extremamente frustrada, eu me via no lugar da Elizabeth só que plenamente consciente de todos eles a todo momento. A influência das outras pessoas do círculo social me deixavam tão imersa que estava me sentindo envolvida em algo que eu só queria ignorar e seguir em frente, como uma pessoa que vive nos tempos de hoje para mim é inconcebível que a sociedade pudesse ser tão enclausurante (tão enclausurante quanto nos dias de hoje).
Vou dar um exemplo de uma das minhas frustrações: As atitudes da Sra. Bennet e o casamento das filhas, ela só tinha um desejo em vista, casá-las bem o suficiente para que a quando o Sr. Bennet morresse, a propriedade que não haveria de ficar na posse delas, pelo menos fosse deixada para trás sem o ressentimento e o medo de não ter nada em mãos (ok, isso é completamente compreensível) mas aí tem o fato de para isso ela se sentia incumbida da obrigação de forçar as garotas pro meio social do grupo de Netherfield e empurrar a Jane para o Sr. Bingley sendo que o afeto dele poderia vir de forma ainda mais genuína. Comparar a Jane com as outras e tratar ela como uma ferramenta e a salvação do futuro que aguardava a família toda só aumentou a frustração e autoestima dela em boa parte do livro e fez a emoção dos dois (Jane Bennet e Sr. Bingley) um grande tumulto porque com a intromissão dela (não só a dela que fique bem claro ?) os dois não tinham espaço para se conhecerem sem sofrer pressão e os sentimentos da Jane foram não só vistos pela forma que ela agia e sim também através das atitudes dos seus parentes. A Sra. Bennet não fazia questão da sutileza nesse caso, ela logo espalhava sua intenção para todos e enaltecia a beleza da filha, concordava com o jeito de agir da Lygia muitas vezes colaborava com as empreitadas mesmo que sem consciência disso e culpava a todos pelos seus infortúnios dizendo ?ninguém se importa com meus pobres nervos? mesmo sendo ela mesma a causa da sua própria frustração.
Imagino como era a sociedade da época e posição da mulher, ela era praticamente posse da família, sua renda dependia de um bom casamento e sua maneiras tinham que ser contidas porque uma boa moça há de ser sensível e delicada, gosto muito como a Jane Austen representa a vivacidade de espírito e uma forte oposição a esses modos com a figura da Elizabeth mas ao mesmo tempo no final faz ela questionar o ambiente e as pessoas com quem vive e a faz julgar sua própria conduta, afinal pode estar a frente do seu tempo, mas ela ainda é uma moça de uma sociedade opressiva em relação a mulher, essa parte me deixou frustrada porque ela duvidou de si mesma mas depois que li a introdução pude entender melhor o que estava por trás dessa construção da personagem, o que tornou a figura dela ainda mais cativante.
O Sr. Darcy é um homem ou uma barreira humana? Kkkk Os sentimentos dele são conflitantes, seu orgulho implacável, mas é claro que ele havia de se encantar pela moça que se mostrou digna o bastante para confrontar esse seu lado como jamais ninguém havia estado de frente e se colocado à altura antes. Os seus diálogos eram muito intensos e traziam muitas camadas para todo o enredo, e além de tudo comprovou que a inferioridade do nascimento de outra pessoa não anula os sentimentos e o pensamento individual, uma pessoa não é o que as outras pessoas fazem dela e sim o que ela decidiu por conta própria ser, cada pessoa tem seu pensamento livre e tolices não são contagiosas a menos que você goste delas e queira fazer igual. Fazemos parte de uma família, dividimos o mesmo sangue mas não somos as mesmas pessoas, a posição de um determinado grupo não determina o que a pessoa a de ser agora e para sempre. Os sentimentos do casal não surgiram de forma repentina (como algumas pessoas dizem) da Elizabeth surgiu de forma gradual e imperceptível e do Sr. Darcy pouco antes de se conhecerem só que ele negava o sentimento porque sabia que corria o risco de acabar se apaixonando por alguém que não estava na mesma posição que ele, tinha a questão de sua imagem em jogo e ele ainda é uma figura pública, então é compreensível, ele é direto e não escondeu isso da Elizabeth.
Eu me identifiquei com o Sr. Darcy, expressar as emoções e enxergar o óbvio, interagir constantemente é algo que tenho profunda dificuldade, quando não falamos ou retrucamos tanto quanto as pessoas gostariam somos classificados como pessoas arrogantes, quando a uma eternidade angustiante se passando dentro de nós enquanto lutamos para conseguir se encaixar e encontrar as palavras exatas e entrar no momento certo na conversa, o momento que nunca parece chegar, parece que nunca a um instante propício em que minha opinião será solicitada e nunca a um assunto que realmente me desperta certo interesse porque as pessoas só sabem conversar sobre o'que lhes convém.
O preconceito da Elizabeth a levava à ignorância, acreditava no que queria e escutava só o que queria ouvir, constituiu sua opinião com base em primeiras impressões e em cima do julgamento de outras pessoas, ela no final diz que sua vaidade a deixou cega, o distanciamento de uma boa opinião sobre ela no primeiro contato a fez odiar uma pessoa que não conhecia e que por sua vez também tão pouco sabia quem ela era. É sempre levado em consideração essa questão em relação ao livro, quem é o Orgulho e quem é o Preconceito, por isso trouxe com ênfase essa ela.
"Primeiras impressões" seria o nome do rascunho do que mais tarde se tornaria a obra tão prestigiada"Orgulho e Preconceito".
Leia esse livro e tire suas próprias conclusões sob sua ótica e forneça ao mundo mais um ponto de vista da obra, o que nela ressoa em você e no que você ainda vê nos dias de hoje?
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- Resenha de 2 anos atrás - (eu tinha 13 anos quando li pela primeira vez)
As ideias mudam e os pensamentos se transformam, as primeiras impressões quando reavaliadas podem mudar com base no novo ponto de vista e numa leitura em que o leitor realmente está disposto a entender o contexto da obra, eu não sabia nada sobre o livro e não fazia questão de buscar informações sobre, porque era um clássico e isso já diz muito por si só, era assim que eu pensava.
A narrativa e a escrita são ótimas , os cenários são encantadores e por incrível que pareça todos os personagens tem um problema diferente orgulho , vaidade e preconceito não são os únicos , tipo a Lydia o problema dela vai além do que todos os especialistas e estudiosos possam explicar . Sr.Darcy anti-pobre ( a família Bennet lhe causou traumas que jamais serão esquecidos a família de pobres mais apocalíptica kkkkkk ) , Sr.Bingley manipulável, Sra.Bennet fofoca e nervos , Jane síndrome da boazinha , Sr.Bennet o casamento e as filhas mais moças tolas , Kitty influenciada pela Lydia a raiz de toda a insolência , entre outros personagens e seus problemas .
Chega uma hora em que a Elizabeth fica envergonhada pela forma que julgou o Sr.Darcy antes de conhecê-lo melhor e fica uma página inteira corrigindo suas próprias inclinações e sucumbindo sua vergonha , culpa e indecisão sobre os seus sentimentos.
O casal principal é desenvolvido em um período curto porque se passa em um ou dois anos , mas os dois ficam meses sem contato e sem notícias um do outro e seus diálogos além de raros são breves quando eles se reencontram , e nos primeiros instantes a sempre a Elizabeth cutucando o Darcy o deixando desestruturado por seus modos arrebatadores , Elizabeth muda sua opinião sobre ele por uma carta que ele lhe entregou depois de apostar todas as suas forças para odia-lo ela simplesmente se rendeu a ideia transmitida pela narrativa o que pra mim não fez sentido , ela era cabeça dura demais pra aceitar a ideia transmitida só por um papel , acho que faria mais sentido ela implicar e ficar se questionando dividida se era ou não real , mas entendo que o desenvolvimento duraria séculos se fosse assim ela sempre resistindo e sendo cabeça dura .( Minha opinião ) a relação deles é como um loop acaba sendo repetitiva , é sempre a mesma ladainha. Darcy é um homem propenso a mudanças drásticas no comportamento e que acha que ninguém vai notar e quando Elizabeth disse que isso era irritante , realmente !
Por ser um clássico chega certo ponto em que fica arrastado , a narrativa não é difícil e sim a forma como é prolongada um diálogo ocupa quase uma página inteira sobre um mesmo assunto só que por extenso .
Admito que esperava mais deste livro sim , afinal é um clássico extremamente aclamado , mas compreendo que esta é a escrita que tinha na época e que clássicos tendem a ser assim , mas a experiência poderia ter sido mágica como foi no começo , foi mais pro meio que pra mim decaiu e a leitura começou a ficar arrastada e os capítulos pareciam nunca ter um fim apesar de bem curtos na minha opinião. O fim porém compensou muito e me agradou tudo se desenrolou de uma vez o que ajudou muito e favoreceu bastante a leitura .
Eu queria um romance, eu queria uma protagonista forte e independente mas não levei em conta a época, recebi um perfeito retrato de uma sociedade em determinada linha do tempo e o que foi absorvido? Nada. É importante dar uma segunda chance e ler com calma, pesquisar se necessário para entender, um livro clássico não é considerado um clássico porque as pessoas apreciam a obra, hoje as pessoas apreciam praticamente qualquer livro que é publicado e é composto por fórmulas genéricas (não que sejam ruins, não todos pelo menos) e não são considerados clássicos, clássicos são livros que ilustram o mundo, as pessoas, são livros que registram a nossa história, no comportamento com o passar do tempo, tudo o que nossa espécie no futuro possa olhar para trás, viajar pelas páginas e dizer que esse é a imagem que deve ir se moldando continuar evoluindo e não regredindo.
É importante a consciência da pessoa estar no devido lugar, não tem como ler um livro que foi escrito em meados 1.800 e esperar que a mulher possa votar, que ela vá fazer uma ligação para esclarecer algumas coisa (cartas podiam levar semanas para serem entregues dependendo da região) que eles dêem uma "ficada" e que o casal tenha contato físico (mulheres viviam com o cabelo preso, por isso quando Elizabeth chega na sala do Sr. Bingley para ver a irmã e está sozinha, com o cabelo solto e desgrenhado é julgada como vulgar pela Srta. Bingley e sua irmã Sra. Hurst, o Sr. Darcy não sabia se olhava para o chão ou continuava olhando para o brilho que a corrida lhe conferiu na face, isso era bem íntimo) e uma mulher andar sozinha? De muito mal gosto, não ter governanta na casa? Isso era algo inusitado, como uma mãe cria os filhos sem uma governanta?