Mandie 25/09/2020
Primeiras Impressões
Neste romance inglês escrito em 1797, Jane Austen retrata a sociedade inglesa, fazendo denúncia às muitas inconveniências da época. Com uma trajetória atemporal em toda a obra podemos identificar, ainda neste século o revés dos séculos XVIII e XIX.
O livro inicia-se com a marcante frase: "É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de esposa." Estejamos certos de que a principal preocupação das personagens, senão a única, seja o casamento.
Em Longbourn, no condado rural de Hertfordshire, vive uma família espirituosa. Não possui fortuna como tantas outras, o que atrai os olhares é a sua vivacidade. A efervescente e eufórica Mrs. Bennet, matriarca de cinco filhas, ocupa-se inteiramente em encontrar e assegurar que todas elas estejam casadas antes do seu esposo falecer, e a casa que vem a ser onde moram, pertença legalmente ao seu único herdeiro, Mr. Collins, o parente mais próximo de Mr. Bennet. Ora, nessa época as mulheres não possuíam papel de herdeiras em sua linhagem. Ao depender da sorte, todas estariam destinadas à miséria e amargura.
Com a chegada de novos vizinhos em Netherfield, Mrs. Bennet não perde tempo em apresentar-se diante deles às suas belas filhas no baile das redondezas, em busca de um pretendente para alguma delas, não escondendo sua pretensão por Jane - a tímida e delicada Jane. Os Bingley causam muita admiração e estima tanto à mãe quanto à filha. Por outro lado, o amigo que os acompanha, enigmático e viril, atrai abominação por todos. Sua postura orgulhosa e indiferente chama a atenção de Elizabeth, a segunda filha mais velha dos Bennet. Numa tentativa de fazê-lo par para dança, ela é tratada com desprezo. Lizzi, como é carinhosamente chamada, não se detêm perante tamanha arrogância. Como a mulher álacre e destemida que é, não permite que tal indigesto lese o seu ego. Uma das características de Elizabeth, é sempre formar uma opinião individual acerca de todas as pessoas. Quanto à Darcy, menos estava destinado senão a antipatia, compartilhada também por todos os Bennet.
Numa aristocracia onde as mulheres não poderiam trabalhar, decerto tencionam e esperam por homens de posses, não levando em consideração o amor, apenas o espólio, colocando em risco a felicidade e o prazer de um casamento espontâneo.
Mary, a terceira filha, dedica tempo aos estudos, preocupando-se com a carga de intelecto que poderá oferecer, pois reconhece sua falta de beleza diante de suas irmãs. Por fim, Kitty e Lydia. Uma vive no encalço da outra. Sofrendo influências desajuizadas. Pensam somente em desposar o mais depressa possível com qualquer dos oficiais que visitam o condado. Irrequietas e às vezes até levianas. Poderiam até confundi-las gêmeas.
Lizzy tão logo percebe o quanto sua atitude de prenoção, a fará perder quando perceber o que realmente quer. Ela não é das preferidas de Mrs. Bennet - muito ocupada a sonhar com o casamento da futura Mrs. Bingley e prover os seus luxos e de Lydia. Sua audácia e deselegância, por em hipótese nenhuma oprimir seus pensamentos, fazem-na insubmissa.
Os encontros e desencontros entre Lizzy e Darcy exprimem nela abominação, mas ao conhecê-lo além de suas origens, confiando suas justificativas sobre aborrecimentos incompreendidos do passado - pouco a pouco surge um respeito que ela duvidara poder existir.
O genuíno amor seria capaz de sobreviver ao preconceito da inferioridade social, ao orgulho, às objeções e desagrados de pessoas tão próximas?