Kennia Santos | @LendoDePijamas 02/06/2019Mas às vezes queria estar conversando com pessoas sem nunca sentir que minha vida é um grande número de acontecimentos que não vivenciei.Título: Corações Quebrados | Autora: Sofia Silva | Classificação: 1,5/5
Emília é uma jovem que teve tudo arrancado de si. A vida tirou dela todas as razões de felicidade. Hoje, ela é apenas uma casca da pessoa sorridente que já foi.
Diogo é um ex-soldado que carrega cicatrizes intensas e profundas com ele. Memórias que o assombram todas as noites.
"É difícil conversar sobre pesadelos e morte com as pessoas, afinal não é o tema mais alegre que existe, por isso há a tendência de nos fecharmos dentro de um casulo, e, passado algum tempo, sentimos que é o lugar mais confortável. O problema é que só cabe uma pessoa, e, quando percebemos, estamos sozinhos naquele casulo apertado demais, mas o medo do exterior não nos permite sair." (p.27
Duas almas quebradas, duas almas com dores tão grandes que parecem estar destinadas ao fundo do poço. Sem escolha.
Quando os caminhos de Emília e Diogo se cruzam, tudo parece ser apenas parte da terapia que fazem para tentar se reerguer e sair da escuridão. Depois, se mostra muito mais que isso.
Com a frequência do contato, a relação deles se intensifica, e sentimentos passam a fluir. Mas nenhum dos dois sabe como lidar ou reagir, não quando tudo o que estavam vivendo era um passado sombrio, doloroso e triste.
"Ultimamente tenho pensado que ficar preso ao passado é isso mesmo: viver numa prisão quando se tem a chave na mão para abrir a porta." (p.41)
Mesmo com tudo apontando para o contrário, será que Emília e Diogo vão conseguir superar seus traumas na tentativa de traçar um futuro melhor?
"Metade do dia eu sinto que sou uma boneca com quem a vida brincou de maneira tão bruta que chegou a arrancar um pedaço, para depois me jogar num canto, imprestável." (p.117)
Em Corações Quebrados, Sofia Silva dá continuidade à sua série 'Quebrados' e nos apresenta a história de Emília e Diogo.
Antes de começar a minha opinião pessoal, vou ressaltar algumas coisas: eu não estou, DE FORMA ALGUMA, menosprezando questões como depressão, deficiência e traumas. Com todo meu respeito à esses fatores e pessoas que se identificam de algum jeito.
O livro já começa com algo que me irritou MUITO: falta de profissionalismo.
Como dito, ambos personagens passaram por coisas muito traumáticas e nada mais lógico do que se tratarem com profissionais da área, certo? Seria uma pena se de ambos os lados, encontrássemos personagens que não sabem diferenciar vida pessoal de profissional, que não sabem separar as coisas, que parecem não ter NOÇÃO do quanto as atitudes que eles têm ferem a ética da profissão.
Depois, vem outra coisa que me irrita muito: AMOR REPENTINO.
Você conhece a pessoa numa situação em que ambos foram de certa forma impostos a estar, e então, algumas páginas depois, já estão LOUCAMENTE APAIXONADOS. Gente do céu, NÃO. Não, não e não.
Terceiro e PIOR DE TODOS: linguagem.
Eu, mesmo relativamente entendendo inglês, opto por ainda não ler livros na outra língua enquanto não for fluente. Se eu compro um livro NO BRASIL, DE UMA EDITORA BRASILEIRA, EU QUERO LER O PORTUGUÊS BRASILEIRO. Independente do quão semelhante a outra língua seja, NÃO ME INTERESSA. Eu PAGUEI (nada barato) pra ler o livro na minha língua NATIVA, não na semelhante.
O motivo é: QUEBRA CONEXÃO, GALERA.
Vem o personagem e fica com aquele: amo-te, quero-te, vejo-te. Vejas, passas, falas. EU NÃO AGUENTO.
Isso acabou com minha leitura. Desde o começo, me incomodou DEMAIS. Resultado: não me conectei, não senti, não ri, não chorei. NÃO FIZ NADA. Foi uma coisa que eu li ontem e esqueci hoje. Essa quebra de conexão acabou com tudo.
Eu vi vários furos na história sim, mas ISSO FOI O FATOR CAUSADOR. Não deu.
Juro que tentei, juro que queria gostar MUITO, pelo apreço que tenho pelo primeiro livro e pela autora, mas NÃO DEU. Se o próximo for assim, provável que nem compre.