Antônio 01/06/2021
Se um povo que não conhece a própria história está fadado a repeti-la, existe uma razão para a alienação da classe trabalhadora sobre as condições de produção e reprodução a fim de manter o ciclo vicioso de exploração do capitalismo. Aprender com os processos históricos que nos antecederam é importante para pensarmos a nossa própria utopia, como nós imaginamos a nossa revolução.
Facilmente um dos melhores livros que li na vida, essa obra de Fábio Luis dos Santos nos alerta exatamente sobre as ilusões da "onda progressista" na América Latina e nos dá pistas do porquê devemos, além de superar esse momento histórico (que se deu início com a eleição de Chavez na Venezuela, passando por Lula no Brasil e se estendeu até 2016), devemos fazer diferente do que foi proposto.
A hipótese central do livro é simples: governos que se dizem progressistas, mas escolhem atuar dentre da ordem (e não contra a ordem) estão fadados ao fracasso e à reprodução do capital. Assim foi com os governos petistas e outros da onda progressista sul-americana que, circunscritos na ilusão da institucionalidade, manteve um caminho antipopular em muitas das suas escolhas.
A reflexão final do livro é brilhante. A revolução perpassa, necessariamente, pela superação da propriedade privada dos meios de produção, o rompimento com a hierarquização do trabalho, o fim do Estado burguês, a descolonização cultural em relação ao capitalismo central (que envolve ilusões relacionadas ao consumismo, desenvolvimento e acumulação) e a proposição de uma sociedade baseada em termos próprios, soberanos, mas que haja a integração com nossas nações-irmãs, para além do aspecto econômico, mas também tendo por base os princípios da solidariedade e cooperação.
Um novo mundo é possível e, para isso, precisamos conhecer os motivos pelos quais os caminhos que temos traçado são falhos. Esse é o objetivo central desse livro, sob uma perspectiva estritamente sul-americana, mas que não ignora outras realidades do globo.