Henry.Alves 02/09/2020
Gostaria de dividir uma experiência que estou tendo lendo um livro intitulado no Brasil como Boy Erased Uma verdade anulada. Li um número exagerado de livros mês passado, não tinha muito que fazer nesses tempos de quarentena. E isso acabou me causando uma grande ressaca literária, e pensei que Boy Erased seria uma boa opção para me tirar dessa ressaca, mas me deparei com uma narrativa em primeira pessoa extremamente monótona. Mas por mais enfadonha que esteja sendo essa leitura para mim, preciso dizer que essa é uma história que precisa ser lida, principalmente por pessoas hetero cis. O mais perturbador é saber que esse livro conta a história do próprio escritor quando era adolescente. Garrard é filho de um pastor da igreja batista, e vive numa comunidade bastante religiosa numa cidadezinha do Arkansas. A problemática da historia se inicia quando Garrard começa a descobrir sua sexualidade. Gostaria de relatar uma experiência pessoal que eu tive com a religião. Minha família é católica, mas não do tipo praticante. E eu me lembro de rezar quando criança, eu costumava criar orações antes de dormir. Mas uma criação é demasiada em criatividade, uma lâmpada fosforescente de imaginação. Então eu não tinha a noção real da religião ou até de deus, mas uma coisa era certa, eu detestava ir à igreja nos domingos. Mas eu recordo de ter apanhado uma vez por não querer ir à igreja quando criança, e era sempre uma obrigação que eu repudiava na infância. Então o primeiro ponto é: Se deus vive dentro da gente porque somos obrigados a buscá-lo na voz de outro homem, por que essa peleja oratória se deus é tudo e todos. Se deus nasce com a gente por que ele precisa ser imposto em uma criança, será que só se descobre deus a partir da imposição? Então deus não nasce dentro da gente, é imposto de forma ditatorial e comercial. Então a ideia de deus é a primeira lavagem cerebral que sofremos ao nascer? O maior argumento para consolidar tais questões é: o deus em que você acredita vai de acordo à cultura em que você está inserida. O Brasil é um país extremamente diverso em cultura e diversidade religiosa, mas dependendo do continente em que alguém pode vim a nascerem às opções de crenças são bastante limitadas. Mas o motivo desse texto não é refutar crenças ou religiões, mas sim criticar a imposição da crença ao ser humano. Assim como Garrard também sou homossexual, e por mais que a biologia e a psicologia explique a naturalidade da homossexualidade não só em seres humanos, mas também em diversas outras espécies, ainda existe um enorme e devo dizer que oculto preconceito em relação a isso. E esse preconceito vem da religião. Garrard se pega todas as noites orando ao seu deus para ser purificava e salvo do pecado que é a homossexualidade. Não consigo imaginar como é ser homossexual em uma comunidade onde se expressa visivelmente o repudio ao que não pertence ao pensamento conservador. No livro O jovem Garrard é submetido a seções de reorientação sexual e uma terapia de cura gay. Por esse motivo afirmei o qual oculto é a homofobia na sociedade, pois em tempos tão modernos ainda existem clinicas de reorientação sexual, e é extremamente difícil o horror que acontece dentro dessas clinicas. Querer mudar a sexualidade de alguém é como violar a essência biológica de um ser humano. Comparo isso com um estupro, algumas mulheres passam por violências sexuais tão traumáticas que elas perdem completamente a libido, elas continuam com suas orientações sexuais, mas o trauma é tão grande que o desejo concilia com o trauma. No livro os religiosos também compara a homossexualidade com a pedofilia. É doloroso para eu jamais poder trazer um namorado para casa, e me portar com ela da mesma forma que eu me comportaria se ele fosse ela. Eu tenho sim uma família homofônica, mas num grau extremamente menor. E sem falar de todo o desconforto que eu adquirir da infância até os dias atuais com a aversão, medo e vergonha de quem eu era. Até agora só li 100 paginas do livro, mas essa leitura me remeteu muitas questões sociais das quais precisamos refletir.