Erick.Poubell 13/11/2024
Dracula: ação, metério, terror e um pouco de conhaque
Em Drácula, Bram Stoker constrói uma das histórias mais emblemáticas do horror gótico,o autor equilibra a curiosidade e o terror ao introduzir o vampiro como uma ameaça física e espiritual, tornando o livro uma experiência imersiva e tensa desde as primeiras páginas até o embate final em solo inglês. Stoker utiliza o formato epistolar, com cartas e diários que proporcionam uma perspectiva íntima das emoções e dos conflitos internos dos personagens. Esse estilo aumenta o suspense, deixando o leitor ciente do perigo iminente enquanto os personagens ainda desconhecem a ameaça. Além disso, a ambientação e os cenários vívidos são descritos de maneira que transforma o próprio cenário em um personagem, com a escuridão de Whitby e o castelo de Drácula refletindo o tom macabro e sedutor da história.
Três coisas me surpreenderam. A primeira foi positivamente, pois a história é contada de uma maneira onde um dos personagens principais, o antagonista, não aparece em 80% do livro, mas sua presença especulativa paira no ar, deixando todos sufocados psicologicamente. A segunda coisa que me surpreendeu foi negativamente: em determinado momento, algo acontece com Mina, que vinha sendo a pessoa mais criativa, inteligente e responsável. Mesmo com todos os indícios, semelhantes aos que aconteceram com sua amiga Lucy, e tendo produzido e lido todos os relatórios sobre o Conde, ela não percebe que está sendo consumida pelo "morcegão", essa emburrecida na personagem para justificar a narrativa me deixou um pouco incomodado, mas não tirou o brilho da obra. A terceira coisa tambem negativamente: foi Jonathan, que dorme com a esposa todos os dias e não percebe que ela tem dois rombos no pescoço. Não é possível uma coisa dessas! Será que ele nunca olhava para a esposa, nem a acariciava, nem havia intimidade entre o casal, a ponto de não perceber algo tão evidente?
A narrativa de Drácula explora temas como desejo, poder e vulnerabilidade, oferecendo reflexões sobre o confronto entre o sobrenatural e a moralidade humana. Ao representar o vampiro como um ser de impulsos predatórios e quase eróticos, Stoker destaca a dualidade da natureza humana, em que o proibido e o sublime se entrelaçam. Esta obra prima permanece um clássico atemporal, cativando gerações de leitores e estabelecendo as bases para a ficção de terror moderna