Viviane @resenhasdaviviane 10/06/2021Contos indígenas impressionantesAutor: Vários Autores Indígenas
Gênero: Antologia
Editora: Cintra
Nº de páginas: 145
Essa antologia foi organizada pela editora Cintra, com contos escritos apenas por escritores indígenas de diferentes etnias brasileiras (Potiguara, Maraguá, Guarani, etc.), são histórias de diversos gêneros literários, entre eles: poesias, fábulas, fantasia, não-ficção e outros. Alguns escritores são muito conhecidos nas redes sociais, outros são premiados e alguns são pouco conhecidos, mas, todos com inegável qualidade literária.
Ela está dividida pelo nome dos escritores e para podermos conhecê-los melhor, cada divisão possui suas biografias personalizadas, com informações básicas, curiosidades e demais obras que escreveram.
Eu achei muito importante a apresentação biográfica dos autores, por dar credibilidade e divulgação para os trabalhos realizados por eles, utilizei as informações dela encontrar outros textos indígenas que despertaram o meu interesse, como por exemplo os livros Sehaypóri: O livro sagrado do povo Saterê-Mawé e A terra dos mil povos: História indígena do Brasil contada por um índio.
Algumas histórias que foram ouvidas ao redor da fogueira, poesias contando sobre a suas crenças, culturas, amor e apresentando para nós as melhores qualidades dos povos indígenas: as culturas, as religiões, os enigmáticos amuletos, as lendas, os rituais de iniciação, as contações de histórias, entre outras particularidades que só podemos conhecer através desse e de outros livros.
O conto que mais chamou a minha atenção se chama “Conversa de Fim de Tarde” onde os escritores Olívio Jekupê e Nilson Karaí contam sobre suas vidas na aldeia onde moram e das visitas dos estudantes de universidades grandes, que vão na aldeia conhecer um pouco sobre a cultura e crenças dos indígenas guaranis. Através dessa conversa ficamos sabendo que vários costumes dos Guaranis são usados atribuídos aos não indígenas, como se fossem tradicionais daquela região, exemplo muito conhecido o Chimarrão.
“Assim como os Guaranis se adaptaram em muitas coisas dos jurua kuery (não indígenas), os jurua kuery se adaptaram a muitas coisas dos Guaranis e de outras etnias, como tomar chimarrão, tomar banho, comer mandioca, comer tapioca, comer milho, dormir em redes” (30%)
Os estudantes fizeram várias perguntas sobre a vida dos indígena, suas atividades cotidianas, suas crenças nos deuses ancestrais, fumaram Petỹgua (cachimbo) que ao contrário dos cigarros tem uma função espiritual de afastar os espíritos maus e elevar o pensamento ao Nhanderu como Deus é chamado por eles. Várias histórias dos tempos antigos, quando ainda não existiam humanos, sobre os primeiros indígenas foram contadas durante a visita, elas servem para transmitir a sabedoria dos ancestrais para os jovens.
“Se Nhanderu me deu sabedoria, então cabe a mim compartilhar. Acredito que seja uma forma de defender nosso povo, pela palavra falada, nossa sabedoria oral. Ha’evete” (27%)
Os outros contos dessa coletânea são igualmente importantes de serem conhecidos, porque, desmistifica muitos ensinamentos errôneos sobre os povos indígenas e através deles podemos conhecer um pouco de cada etnia. É uma leitura importante para qualquer não-indígena quebrar a barreira do preconceito construída ao longo de uma vida inteira.
Dê todos os livros desta lista, se tiver ficado em dúvidas sobre por onde começar, escolha “Contos Indígenas - Uma Antologia”, tenho certeza que irá mudar sua opinião sobre eles. A qualidade das histórias, a riqueza nos detalhes e a importância dos contos contidos nesta antologia são inegáveis.