Raquel 19/08/2019A Companhia das Letras lançou o novo romance de Roberto Saviano, Os Meninos de Nápoles, e nos cedeu um exemplar para fazer a resenha. Foi o primeiro livro que li dele e me despertou curiosidade por vários motivos.
Como foi o primeiro livro que li dele, não sabia muito bem o que esperar. Isso foi algo muito positivo, pois tinha altas chances de me surpreender. Pela sinopse, dá para perceber que o livro não é nem um pouco leve, bem diferente do que eu costumo ler. Uma curiosidade, que dá ainda mais ênfase no fato do livro não se nem um pouco leve, é que o autor é protegido e só anda com escolta. Sim, isso mesmo que você leu. Em outros dos seus romances ele retratou a Itália nua e crua, de acordo com ele, o que inclui as máfias. Não é surpresa que a máfia não gostou muito da exposição e jurou ele de morte. Apesar disso, ele continua escrevendo e dividindo com o mundo sobre o lado não tão bom assim da Itália.
Logo no início do livro, temos uma cena de humilhação em praça pública de um menino pela gangue de Nicolas. Não vou descrever, foi nojento demais pra mim. Essa humilhação toda que o pobre garoto passa é simplesmente porque ele curtiu umas fotos da namoradinha de Nicolas. Já fiquei imaginando que se ele faz isso por algumas curtidas, imagina o que não faz se o pobre Renatinho falasse com a menina.
Outra coisa que diferencia o livro de tudo que eu já li é a escrita. O autor fez algo bem legal que foi retratar o sotaque no livro, já que a região de Nápoles tem um jeito bem peculiar de falar. No início eu estranhei bastante, já que não é algo comum de se ver e muitas vezes os editores acabam tirando essa peculiaridade. Isso não aconteceu nesse livro e agradeço, apesar da estranheza, acostumei com o passar das páginas e me fez me sentir mais dentro da história.
Como disse antes, é um livro bem pesado e foi difícil pra mim ler, já que não estou acostumada. O livro mais pesado que li foi a trilogia de Jogos Vorazes, para vocês terem uma ideia. Apesar de tudo, fiquei bem curiosa para saber o final, então foi um eterno dilema entre largar ou não. Acabei escolhendo a segunda opção e não me arrependi.
É ainda mais impactante ler, pois a história é sobre adolescentes. Não aqueles comuns, tendo suas vidas em redes sociais, amores e preocupações da escola e futuro. São adolescentes ostentando armas, tendo atitudes violentas, machistas e o pior de tudo, saber que na verdade não é totalmente ficção. O autor deixa bem claro que aquilo é uma realidade.
Confesso que não ser dizer se leria outro livro dele, já achei esse bem pesado. Mas fiquei curiosa e por eu não ter abandonado o livro, já dá para ver que a leitura, apesar de densa, é recompensadora.
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