Resenhas - Estado e teoria política

Paulo Silas 30/03/2017

Martin Carnoy realiza um grande inventário de diversas abordagens de análises políticas. O ponto central no qual se ampara é a relação entre democracia e socialismo, problematizando, além da exposição, diversas propostas e autores que trabalharam o tema. Tem-se assim, um material de peso que permite ao leitor conhecer e divagar nas construções daquilo que se entende por Teoria do Estado a partir da perspectiva e contexto de vários autores.

O autor de “Estado e Teoria Política” é um comentarista (pelo menos nessa obra), ou seja, em que pese aponte algumas críticas que entende cabíveis com relação às teorias apresentadas, sua pretensão é a de expor ao leitor um apanhado histórico das principais teorias políticas que fundamentam a questão proposta.

Já de início, Martin Carnoy menciona suas principais intenções com a obra:

“1) atrair a atenção para o Estado como objeto de investigação; 2) demonstrar que há discussões sobre o que é Estado, o que ele faz e como funciona; 3) mostrar que as divergências inerentes a essas discussões refletem diferentes pontos de vista sobre a sociedade e o papel do Estado na sociedade; 4) mostrar como diferentes pontos de vista sobre o Estado implicam em políticas diferentes de mudança social, tanto em relação aos meios quanto aos seus fins.”

E, vale dizer, que a pretensão do autor é alcançada com êxito, vez que consegue construir uma articulação expositivo-teórica em tal sentido, apresentando ao leitor os principais pontos da Teoria do Estado/Teoria Política.

A obra inicia com a exposição daquele que seria o “Pensamento político norte-americano”. O autor volta nesse mesmo ponto no penúltimo capítulo (“Classe e Estado na Teoria Política Norte-Americana Recente”), porém, antes, faz todo um “recheio” necessário a fim de dar sustentáculo para a sua exposição pretendida. Daí que, nos capítulos que seguem, apresentam-se questões referentes ao Estado, a democracia, ao socialismo, à Teoria Política, ao pluralismo, às tensões políticas, à questão de classes, enfim, a todo um aparato da ciência política necessário para preencher os requisitos expositivos e fundamentar o ponto principal que busca o autor expor. Assim, diversos autores e suas obras são trabalhados e comentados (inclusive num viés crítico) por Carnoy: Locke, Hobbes, Marx, Engels, Lenin, Luxemburgo, Gramsci, Althusser, Poulantzas, Adam Smith, Jeremy Bentham, James Mill, Claus Offe, Bobbio e vários outros. Enfim, Carnoy faz as vezes de um comentador de teorias políticas, e o faz com louvor.

Cumpre destacar que o livro é um produto de seu tempo, ou seja, deve o leitor considerar que a obra foi escrita na metade da década de 80, a fim de melhor compreender o cenário político da época e contextualizar a manifestação do autor. O resultado da obra de Carnoy é significativo, vez que, no mínimo, deixa o leitor absorto em suas exposições.


Uma boa pedida para se situar no trilhar da ciência política. Recomendo!

Daniela 14/11/2015

Recomendo para quem está entrando no mundo da Ciência Política :)