Pedro 10/06/2024
O que significa ser uma criatura?
Maravilhoso!! Que surpresa agradável ver quão diferente esse livro é da percepção pública da palavra "Frankenstein". Essa edição é muito bem construída! Além de conter o texto original de 1818, contém alguns materiais extras muito interessantes.
A narrativa segue tematicamente muito relevante, aqui Shelley conta uma história (O Prometeu Moderno) que nós como humanidade parece que ainda não entendemos e nem exploramos ao certo as consequências de dar (ou ter) vida. Muito influenciada por Paraíso Perdido, as dualidades e figuras de duplo estão em TODO lugar. Vejo muito Dostoiévski aqui inclusive, se ele não tirou "Crime e Castigo" 80% da Shelley eu ficaria muito surpreso.
O livro traz uma interessantíssima exploração da culpa (o que Crime e Castigo faria de forma semelhante), e pergunta de forma muito inteligente o que significa termos a capacidade de criar algo, ao mesmo tempo que nos reconhecemos como criatura. "[...] she would remonstrate, and endeavour to inspire me with resignation. Ah! it is well for the unfortunate to be resigned, but for the guilty there is no peace. The agonies of remorse poison the luxury there is otherwise sometimes found in indulging the excess of grief".