@leitoraemformacao_ 14/11/2023
Quer se divertir? Leia Jane Austen! ??
Entre Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade e Emma, A Abadia de Northanger foi o mais divertido de todos.
As pessoas que conhecem o livro apenas pela descrição de que Jane caminhou pelas veredas do romance gótico podem ficar um pouco confusas com a minha impressão, mas a verdade é que o livro é mais cômico que assustador, diferente do que pensamos quando lemos o termo.
Na obra, Austen faz uma paródia do gótico. Ela lança mão de recursos narrativos pra criar um clima de suspense, aflição, mistério e terror, fazendo referência à obras de romances góticos, mas com o intuito de gerar humor, comicidade (pelo menos foi esse o efeito em mim ?).
Há ambientes e situações sombrias muito bem criados, mas assim que eu começava a ler algum trecho que, em algum outro livro, poderia deixar meus olhos arregalados ?, eu já estava mesmo era com um sorriso no rosto, só esperando pra dar uma risada ?
Sobre o enredo, podemos pensar em muitos assuntos discutidos explícita ou implicitamente no texto, mas o que mais me chamou atenção foi: qual a função da literatura? Quais livros e por que estes devem ser considerados bons, de alta literatura, enquanto outros ficam à margem dessa categoria? A defesa do narrador onisciente sobre o assunto arrepia qualquer leitor. Foi lindo de ler. ?
Falando em narrador, eu amei o dessa história. Inteligente, mordaz, irônico (se bem que isso não é surpresa quando se trata da autora). Acho divertidíssimo quando a voz narrativa fala diretamente com o leitor. Me sinto ainda mais imersa no livro. Parece que tô ao lado dele enquanto escuto e dou pitacos em tudo nos mínimos detalhes ????.
Pra finalizar, Catherine Morland não é uma heroína comum de romances. Na infância ela gosta de "brincadeiras de meninos", na adolescência ela é considerada menos feia que quando criança ?, não tem nenhum dom na música, na pintura, muito menos pode ser considerada versada em poesia, eloquência, traquejo social e um monte de outras coisas consideradas importantes. Ela é gente da gente, uma leitora voraz, ingênua por causa da idade e da falta de experiência no limitado convívio social da família, por isso se vê em algumas situações constrangedoras e tem a propensão a confundir ficção com realidade. Ao longo do livro ela vai amadurecendo, contando com a ajuda de personagens que a fazem questionar e refletir e, no final, o horror que ela esperava, que ansiava experimentar, tal como ocorria nos livros que lia, aconteceu de uma forma ainda pior: ela viveu o medo real, causado por uma pessoa real, não o sobrenatural e distante, que habita nas páginas dos seus amados livros.
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