R...... 09/02/2022
Edição em Quadrinhos Principis (2019)
É difícil a adaptação para HQ de obra onde devaneios e reflexões são o principal atrativo. Brás Cubas tem essa disponibilidade, usando sua vida e experiências pessoais para a percepção do mundo, como era comum, desmistificado de romantismo idílico e realista na exposição nua e crua de visceralidades rotineiras na sociedade. Cinismo, hipocrisia, aspirações egoístas, disposições torpes, farsa e maldade são idiossincrasias...
A edição tem idealização jovial, em formas e cores, percebendo-se essa pretensão principalmente na ilustração de personagem da atualidade representando sedutor capitão. Fato talvez ignorado pela maioria, mas evidente para conhecedores. Oras! É Corto Maltese na página 20, encarnando o capitão dos devaneios de Cubas.
Conheço o romance no texto integral e, sabe o que foi interessante na leitura dessa HQ? Devaneio por devaneio, tive os meus também, com insight a exemplo da leitura de Dom Casmurro em quadrinhos dessa mesma coleção, de que houve o caso extraconjugal entre Bentinho e Capitu. Real e negada cinicamente, similar a Cubas em seu enlace com Virgília, esposa do amigo Lobo Neves. Vejo tal fato na vida de Capitu e, em recente descoberta para mim, que alguns sustentam como invencionices, na amizade entre Machado e Alencar... e a mulher deste. Brâs Cubas expõem a arte da hipocrisia... real, comum, presente, existencial em nossas misérias torpes.
Enfim, curti a adaptação. Vale como inusitado resumo, obviamente, não definitivo.