Giovanna2447 13/08/2024
Tinha tudo para ser ótimo
Um livro que seria uma homenagem para Agatha Christie, com um caso criminal familiar envolvendo uma senhora da alta sociedade como vítima e suas sete sobrinhas como suspeitas.
O livro levanta pontos de extrema relevância: choque geracional, a normalização de relacionamentos tóxicos, casos de abusos em ambiente familiar, homofobia, preconceito, machismo e outros. No entanto, o autor fez um livro muito breve para tantos assuntos importantes. Além de serem planos de fundo muito corridos, as personagens são muito rasas.
Não consegui me conectar com ninguém. Nem com a torre de marfim de M. Antonia, nem com o sofrimento agudo de M. Fátima. Como cada capítulo é dedicado para o interrogatório de uma irmã, a falta de desenvolvimento profundo das personagens fez com que eu me confundisse entre as Marias, o que tornava os interrogatórios bem repetitivos às vezes. Não culpo o autor por isso. É muita responsabilidade escrever sobre tantas personagens em uma baixa quantidade de páginas, isso deve ser feito com cuidado, com estudo das personas, diálogos mais íntimos entre as personagens, ao ponto de você conseguir identificar e diferenciá-las enquanto falam. Isso não acontece, porque no geral elas são muito parecidas.
A resolução do caso não foi chocante. Apesar de ser realmente um mistério difícil pelo detetive ter um jogo um tanto oculto como a Ms. Marple de Agatha Christie, a pessoa culpada pelo caso e a resolução do crime em si não é chocante. Nem o crime em si, nem a forma com que é revelado no final.
Gostei das referências espalhadas pelo livro e o detetive é carismático, acredito que há um grande potencial na obra que poderia ser explorado.