Cyberpunk

Cyberpunk Karen Alvares
Ricardo Santos
Erick Santos Cardoso




Resenhas - Cyberpunk


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Adriano 27/11/2020

Termino a leitura dessa coletânea satisfeito. Embora, como esperado em um compilado de textos de vários autores, haja uma variação de qualidade nos contos, ainda assim a experiência no geral se mantém em um alto nível a maior parte do tempo.
O fato de termos aqui exclusivamente autores brasileiros, criando enredos e cenários repletos de ambientações e referências à nosso país, é sem dúvidas o ponto alto, e proporciona um frescor para um gênero que às vezes parece até mesmo um pouco saturado.
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Davenir - Diário de Anarres 24/04/2020

Que coleção de contos cyberpunks, meus amigos! Que contos!
"Cyberpunk: registros recuperados de futuros perdidos" é uma coletânea da editora Dacro organizada por Cirilo S. Lemos (O Alienado e E de Extermínio) e Erick Santos Cardoso. A coletânea faz parte da série Mundo Punk, que nos trouxe coletâneas de diversos subgêneros retrofuturistas da ficção científica como Solarpunk, Steampunk (que na coleção se chamam: Vaporpunk I e II) e Dieselpunk, derivados justamente do ciberpunk, sendo este volume o auge da coleção. A coletânea privilegia autores brasileiros e contos inéditos e como o prefácio de Fábio Fernandes afirma, foi valorizado o lado "punk" ao invés de ficar restrito a estética "cyber". Agora vamos falar dos contos

"De lentes invocadas e tapiocas de queijo" (Santiago Santos): Fabíola Etcheverria é uma fotógrafa reconhecida que aceita um trabalho para cobrir um evento empresarial em Cuiabá-MT. O autor faz uma bela viagem em uma cidade ciberpunk fora dos grandes centros urbanos de forma bastante fluida, ainda que devido as mudanças climáticas, o Mato Grosso ganhe importância nacional. A trama acaba se desenrolando como a maioria das histórias do gênero, com um trabalho que não é o que parecia ser e o autor conduz a história de forma que fica interessante enquanto a história chega ao final. Foi um excelente início para a coletânea.

"A lua é uma flor sem pétalas redux" (Cirilo S. Lemos): Conto faz uma versão ciberpunk das favelas cariocas com a linguagem seca e cruel que caracteriza tanto a favela quanto o high tech/low life, e tudo de forma bastante realista, afinal os últimos 50 anos de avanço tecnológico não diminuiram a desigualdade, porque os próximos 50 seriam diferentes? A história acompanha Mirolha, um menino soldado do tráfico que busca subir nas graças de Tubarão, chefe da Comunidade Autônoma do Buraco da Pedra, quando perde sua arma e que reconquistar o respeito. [melhor conto da coleção]

"Caos Tranquilo" (Ricardo Santos): Zima trabalha em uma grande corporação na Bahia, mas encontra-se em uma caçada enquanto busca por informações de MC enquanto é ajudada por Max. Enquanto isso Edmo é um pacato pesquisador de antiguidades e possui segredos que afetam a grande caçada na qual Zima se vê como alvo. A novela tem bastante ação e uma história intrigante onde nada é jogado no colo do leitor.

"A gota d’água" (Daniel Grimoni): Milton é um vendedor de guarda-chuvas em um mundo afetado por mudanças climáticas que quer apenas atender ao desejo do seu filho em enxergar normalmente, mas encontra resistência de sua esposa. Milton vê o mundo desabar enquanto explora seus próprios segredos, quando tudo vem a tona. O forte nesse conto é a linguagem poética, enquanto os segredos e reviravoltas são muito bem colocados na trama. Uma leitura forte, tocante e é o conto mais bem escrito do livro.

"Folhas no terraço" (Michel Peres): Conto noir numa Recife futurista, onde o investigador particular Flaiano aceita um serviço da senhora Miragaia que deseja vingança ao que fizeram ao seu irmão. Conto faz um tour pelo submundo da prostituição sado-masoquista e modificações genéticas e consegue prender com o mistério e o caminho investigativo de Flaiano. Conto fez bom uso dos clichês em um cenário brasileiro.

"Boca Maldita" (Claudia Dugim): Conto é uma viagem na pele de Hani, um garoto de programa que percorre os territórios de três culturas diferentes atendendo seus clientes e colecionando amantes. O conto encaixa-se perfeitamente no new wierd sem sair do ciberpunk. A história é uma viagem pela civilização que restou do mundo no continente antártico e suas três culturas. Elas coexistem mais em aceitação que guerra mas a passagem de Hani agita as coisas. Chama a atenção a linguagem crua e direta e a sexualidade livre desse mundo, feito para chocar a família tradicional brasileira (felizmente).

"Cyberfunk" (Carlos Contente e Rodrigo Silva do Ó): Cyberfunk é uma perseguição frenética na pele de Jorginho em meio a corporações chinesas e uma vida fodida nas favelas do Rio para tentar mudar de vida. Uma das melhores misturas do ciberpunk com a realidade brasileira e a baixa qualidade de vida ao nosso modo. A ação é frenética, que faz valer o "funk" no título, e os autores conseguiram deixar tudo muito fluído o que melhora a experiência da leitura, que antes de terminar já se tornou um dos meus preferidos do livro.

"Próximo nível" (Marcelo A. Galvão): Alice é uma bug zapper reconhecida e é chamada para resolver um problema com a conta de dois jogadores de um MMORPG jogado no mundo todo, que a principio foram "assassinados" no jogo e tiveram contas excluídas, o que pode levar embaraço, processos e inclusive flopar o jogo. Alice entra no mundo do jogo e começa um trabalho investigativo para encontrar o bug. O conto consegue mesclar bem o mistério em um mundo virtual, sem parecer infantil ou fútil, de forma competente e convincente. O final consegue surpreender na forma dos acontecimentos com criatividade.

"Sonho de Menino" (Marcel Breton): Conto passado em Minas Gerais, o que fica evidente pelo sotaque colocado por extenso nos diálogos, e conta a história de Paulo que se envolve com traficantes de sonhos quando compra um dos seus produtos que foi roubado deles. Começa a perseguição ao sonhador que quer apenas realizar uma fantasia e acaba em um esquema maior que ele. O conto teve uma leitura um pouco truncada pela forma de colocar o sotaque mineiro de forma literal nos diálogos, o que particularmente não apreciei muito mas a história é boa e tem um final que consegue surpreender.

"Recall" (Karen Alvares): O sonho de ser mãe ao alcance da mão em uma prateleira. A biotecnologia capaz de fabricar vida, ou melhor, de controlar a forma como a vida vem ao mundo é trazida de forma impactante neste conto. Flávia deseja realizar o sonho de ser mãe depois de dois anos de uma separação difícil e encontra no bebêmatic a solução mas ser mãe e controlar o destino de uma vida não é tão simples quanto comprá-la. O conto é envolvente e muito bem escrito.

"Sonhos wifi" (Fábio Fernandes): Problemas com um jogo de Realidade Virtual prendem um grupo de jogadores em camadas de falsas realidades numa São Paulo deserta e cheia de predadores bizarros. O conto tem uma linguagem furiosa e fluida, como se fosse uma história contada numa mesa de bar, mas com questionamentos profundos sobre a realidade, sem deixar claro se alguém sabe onde ela está.

"Amor em Antares" (Alexey Dodsworth): O conto entrou nessa coleção graças a superação das metas do financiamento coletivo que permitiu o lançamento do livro e o encerra com o conto mais tocante da coleção. Marie é uma menina autista com problemas para se relacionar com as pessoas e encontra no amor de Seon, o significado desse sentimento. O final é emocionante e tudo foi conduzido com bastante habilidade pelo autor.

site: http://wilburdcontos.blogspot.com/2020/04/resenha-128-cyberpunk-cirilo-s-lemos-e.html
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Panteão Gótico 13/12/2020

O melhor do Cyberpunk Nacional
Acredito que de todos os 12 contos da coletânea os únicos que chegam próximos de serem chamados de "ruim" são o Cyberfunk e o Sonhos Wifi (o Boca Maldita ia entrar nessa também, mas o final salvou tudo), tirando isso todo o resto é MUITO acima da média, Folhas no Terraço (me lembra uma revista pulp), Recall e Amor em Antares (meu amigo, que obra-prima...) formam a divina trindade desse livro e sem sombra de dúvidas o melhor do cyberpunk brasileiro, infelizmente nosso cenário sci-fi não tem o devido reconhecimento que merecia.
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Raikov 12/05/2024

Cyberpunk Críticas sociais pouco embasadas de um futuro desinteressante
A última coletânea de contos sobre uma das vertentes punk. É focado sobretudo numa experiência brasileira, tentando trazer o tema para os diversos brasis existentes em nossa nação. Eles não se resumem ao eixo Rio-São Paulo como muitos devem pensar, ao invés disso tentam explorar os personagens mais marginalizados de nossa sociedade. Pessoas de comunidades, profissionais do sexo, indígenas, evangélicos e etc. Foi uma jogada esperta, principalmente porque as histórias mostradas aqui fogem do típico clichê cyberpunk de rockeiros legais contra corporações malvadas, aqui os contos têm um foco muito mais intrusivo nos personagens e coisas pouco grandiosas.

Apesar de ter uma boa ideia que poderia criar magníficas histórias, os contos aqui são medianos para ruim. São 12 contos no total, 4 excelentes, 4 medianos e 4 horríveis. Bem divididos para falar a verdade. Alguns dos contos não tem desenvolvimento de personagem nenhum, são apenas um monte de coisas jogadas de página em página, parecem mais interessados em fazer uma crítica social do que realmente gerar uma boa história. A linguagem de alguns chega a quase ser um insulto ao leitor, utilizam-se de maneirismos coloquiais ao extremo, fazendo o uso de gírias de forma caricata que algumas vezes é quase impossível compreender a mensagem que está sendo passada. Um dos contos chega no nível de usar linguagem neutra, com “amigue”, “moce” e etc. O foco é muito mais em fazer uma linguagem diferenciada do que desenvolver uma história concisa e atraente para o público.

Porém, existe uma luz no fim do túnel. Os 4 contos que eu faço questão de nomear: “Folhas no Terraço”, “Amor em Antares”, “Recall”, “Próximo nível”. São os salvadores da coletânea, eles têm um nível de qualidade muito discrepante em relação aos demais. Atmosfera é envolvente e você se sente imerso de verdade.
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