Gabs Gomes 30/07/2020Um incrível universo apocalíptico e sensívelImagine você uma Nova York desolada, sem carros, pouca gente na rua. É nesse universo que Tevis nos insere, ressaltando que o Empire State Building é a lápide da cidade.
Alguns séculos no futuro, a população mundial está em declínio, os robôs e máquinas agora ocupam os postos de trabalho que antes eram dos humanos. Ah, mas os robôs TAMBÉM estão em declínio :) As pessoas foram educadas desde crianças para seguirem “leis” estritas de privacidade: não encarar, não fazer perguntas; além disso, passam o dia todo chapadas ou dopadas. Para completar esse cenário quase apocalíptico, a leitura e a escrita são hábitos que foram perdidos ao decorrer dos séculos e inclusive, se tornaram proibidos. O último livro foi publicado no ano de 2189.
Vamos vendo mais sobre esse caos futurista pelos olhos dos personagens centrais: Spofforth, um robô do nível mais alto já feito, que teve seu “cérebro” copiado de um cérebro humano; Bentley, um homem que na meia idade se tornou um dos únicos nos Estados Unidos que aprendeu a ler e escrever; Mary Lou, uma mulher que aprendeu muito cedo a revolucionar o sistema em que vivia.
É importante notar que a história é uma metáfora muito dolorosa para o que o autor vivia. Sentimentos como o fracasso e a solidão, e a opressão do alcoolismo. Com esse repertório, Tevis conseguiu criar uma ficção científica que em vez de focar nas tecnologias, ou no declínio delas, ressalta os sentimentos humanos que ainda restam, ou que haviam sido esquecidos.
É assim que o livro traz uma sensação muito grande de esperança mesmo em meio a um cenário de caos, sem contar, é claro, um amor muito grande aos livros, palavras e história, ao contar sobre um homem que no meio de uma sociedade apática e em declínio, descobre os sentimentos e a vontade de mudança.
Deixo uma de minhas frases favoritas:
“”Ler é íntimo demais”, disse Spofforth. “Ler vai colocá-lo muito perto dos sentimentos e das ideias dos outros. Vai perturbá-lo e confundi-lo.””
site:
youtube.com/entreprologoseepilogos