Carta a D.

Carta a D. André Gorz
André Gorz
André Gorz
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Resenhas - Carta a D.


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Thamiris.Treigher 01/08/2022

Simples e lindo
Uma carta de amor verdadeira. "Carta a D." é apenas isso e é tudo isso.

André Gorz, considerado um dos principais filósofos do pós-guerra, mostra nessa Carta o que todos nós somos verdadeiramente, apesar de todos os nossos títulos, nossas conquistas e nossos fracassos. Somos seres que amam e que desejam ser amados.

Nesta Carta que virou esse precioso livro, Gorz relembra toda a sua história de amor com Dorine, a mulher com quem passou a vida e que sofria de uma doença incurável.

Uma carta verdadeira, simples como o amor é. Sem exageros de novelas, de filmes com amores impossíveis de existir. O amor nu e cru, com suas singelezas, detalhes, simplicidade e dificuldades.

Um livro que tocou meu coração. Lindo e triste. Simples e sincero. O que aconteceu em 2007, um ano após a publicação do livro, é de partir o coração, ao estilo Romeu e Julieta (com suas devidas divergências).

Um livro sobre o companheirismo de duas pessoas eternamente - e verdadeiramente - apaixonadas.
Michele Boroh 01/08/2022minha estante
Se a resenha já ficou linda assim, só resta ler o livro!


Alê | @alexandrejjr 02/08/2022minha estante
Livros sobre amor verdadeiro, sobre paixão real, sempre são boas pedidas! Parabéns pela resenha, Thamiris!


Thamiris.Treigher 02/08/2022minha estante
Owm Michele, obrigada mesmo!! ?


Thamiris.Treigher 02/08/2022minha estante
Sempre, né? Eu me surpreendi com esse livro. Obrigada, Alexandre?


Carolina.Gomes 03/08/2022minha estante
Ahhh!! Livros sobre o amor?. ??


Thamiris.Treigher 04/08/2022minha estante
Carol ???




Flávia Menezes 29/07/2023

SERÁ QUE EU POSSO LHE FALAR UM POUQUINHO SOBRE O AMOR?
?Carta a D. ? Uma história de amor? é o último livro do filósofo e jornalista austríaco, e um dos mais importantes intelectuais da atualidade, André Gorz, publicado em 2006 e escrito em homenagem a sua esposa Dorine, com quem ele partilhou sua vida por quase setenta anos, antes da decisão trágica de deixarem o mundo juntos, evitando assim que não passassem pelo sofrimento de ver o grande amor de sua vida partir, deixando-o(a) para trás.
Assim como Sartre, com quem ele tinha uma proximidade, André foi um existencialista, e esse seu pensamento filosófico exala em cada uma das suas palavras, às vezes até se afastando um pouco do tema principal, apenas para satisfazer suas necessidades de escritor, discorrendo sobre outros temas, ou apenas se permitindo filosofar um pouco sobre o ser e o tempo.
Mas as suas escapadelas não estragaram em nada o seu intuito de evidenciar tudo o que havia de mais belo em Dorine, e de nos provar que o amor nunca será algo obsoleto nesse mundo, mas ao contrário, tudo o que há de mais importante e pelo qual devemos viver para encontrar.
Essa é uma obra de um homem agradecido pela vida ter lhe dado a maior dádiva que pode existir nessa terra: a do encontro de duas almas que precisavam estar juntas para passar por essa existência sendo o amparo e o sustento uma da outra.
E a verdade é que isso é algo tão raro!
Geralmente o que vemos (ou encontramos) são duas pessoas que se aproximam por uma atração física mútua, ou até por uma certa admiração, mas que quando chegam mais perto, sentem que algo continua a lhes faltar. E de fato, realmente falta.
Uma conexão verdadeira é algo raro e que não se pode explicar. Mas é fato que quando encontramos, sentimos o outro com tanta força que vai além das palavras, e nem sequer precisamos estar perto para poder saber como o outro está. É quando conseguimos até saber o que o outro pensa, porque é uma ligação não de corpo, mas de almas. E são nesses momentos, quando enfim encontramos alguém assim, que nos sentimos completos. E essa falta que eu disse acima para de existir, e só voltaremos a senti-la se por algum motivo (cruel e injusto!) a vida nos afastar. Daí será como viver com um pedaço do nosso coração arrancado do peito.
Para quem sabe do que eu estou falando, porque já se sentiu assim (ou está vivendo), sabe que isso não são palavras de uma romântica incurável, mas algo real. E muito real!
Eu disse no título dessa resenha que gostaria de lhe falar sobre o amor, mas preciso confessar que não o farei usando as minhas próprias palavras, mas vou pegar por empréstimo as do André, porque ele teve mais sucesso do que eu em amar e ter conseguido comunicar esse amor com tanta facilidade a ponto de ser amado de volta e ter podido viver uma vida toda sustentado por ele.
Então, se me permitir, podemos começar...
 
?Mas nada disso dá conta da ligação invisível pela qual nós nos sentimos unidos desde o início. Por mais que tivéssemos sido profundamente diferentes, mas eu não deixava de sentir que alguma coisa fundamental era comum a nós, um tipo de ferida original (...). Não importa: para ambos, ela significava que não tínhamos um lugar assegurado no mundo, e só teríamos aquele que fizéssemos para nós.?
?Você não tinha nenhum lugar que fosse seu no mundo dos adultos. Estava condenada a ser forte porque todo o seu universo era precário. Eu sempre senti, ao mesmo tempo, a sua força e a sua fragilidade subjacente. Eu gostava da sua fragilidade superada, admirava a sua força frágil. Nós éramos, eu e você, filhos da precariedade e do conflito. Fomos feitos para nos proteger mutuamente contra ambos, e precisávamos criar juntos, um pelo outro, o lugar no mundo que originalmente nos tinha sido negado. Por isso, no entanto, seria necessário que o nosso amor fosse também um pacto para a vida inteira.?
?Até aquele dia de verão em que você me disse calmamente que não queria mais esperar minha decisão. Você era capaz de compreender que eu não quisesse passar a vida ao seu lado. Nesse caso, preferia deixar-me antes que o nosso amor se desgastasse em brigas e traições. ?Os homens não sabem romper?, você dizia. ?As mulheres preferem que a ruptura seja clara?.?
?Eu soube naquele momento que não tinha necessidade de nenhum prazo para refletir; que teria saudades para sempre se a deixasse partir. Você foi a primeira mulher que eu consegui amar de corpo e alma, com quem eu me sentia em ressonância profunda; meu primeiro amor verdadeiro, para dizer tudo. Se eu fosse incapaz de amá-la de verdade, nunca poderia amar ninguém.?
?Você tinha uma autoridade natural, o senso do contato e da organização; tinha humor; ficava à vontade e deixava os outros à vontade em todas as situações; não demorava a se tornar confidente e conselheira das pessoas à sua volta. Você apreendia intuitivamente, com uma rapidez espantosa, os problemas dos outros, e os ajudava a enxergar mais claro dentro de si mesmos.?
?Eu estava consciente de precisar de você para encontrar o meu caminho, de só poder amar você.?
?Lembro de ter escrito a E. que no final das contas, só uma coisa me era realmente essencial: estar com você. Eu não posso me imaginar escrevendo se você não mais existir. Você é o essencial sem o qual todo o resto, importante apenas porque você existe, perderá o sentido e a importância.?
?Você acabou de fazer oitenta e dois anos. Continua bela, graciosa e desejável. Faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. Recentemente, eu me apaixonei por você mais uma vez, e sinto em mim, de novo, um vazio devorador, que só o seu corpo estreitado contra o meu pode preencher.?
 
Entendeu agora o que eu queria dizer? Eu não precisava escrever nada. Bastava colocar as palavras dele para explicar sobre o amor, porque não é sobre ser tudo perfeito, mas que mesmo com todas as dificuldades e nas diferenças entre eles, o André conseguia apreciar a mulher que tinha ao seu lado por quem ela era. Vendo e evidenciando tudo o que ela tinha de mais belo, amando sua aparência, apreciando o seu envelhecer tanto quanto a admirava no frescor de sua juventude.
E principalmente, sendo grato por todas as entregas que ela fez para estar ao seu lado, e o tê-lo apoiado, mesmo em momentos em que ela mesma se sentia um pouco sozinha. Porque amar também é se sacrificar em prol de um bem maior que os ligava.
Gostaria apenas de lhe dizer que apesar de trazer essas partes tão bonitas, existem muitas mais neste livro de apenas 40 páginas, e por isso, espero que não fique zangado(a) por eu ter me utilizado de partes dele, mas é que eu precisei do André para poder trazer algo que é tão importante, mas tão subestimado, banalizado, descartável e desprezado nesse mundo: o amor!
Amar não é sinônimo de romantismo. Amar é muito mais do que flores ou demonstrações de afeto. Amar é entrega, é sacrifício, é muitas vezes até se deixar de lado, de não se perder no orgulho, porque o amor não é sobre um, mas sobre dois.
Para saber se é amor, um teste que sempre eu faço, é de me imaginar estando nos braços da pessoa. Nesse momento, ouvindo o pulsar do coração do outro encontrando o meu, eu sei que é amor se eu me sentir completa. Porque eu sei que é amor se nos braços dele eu encontrar o meu lugar, o meu lar!
Ana Sá 30/07/2023minha estante
Eu não tenho estrutura emocional nem pra ler sua resenha, com esse livro eu morreria de chorar!! rs Muito bonito tudo que vc destacou!! ??


Flávia Menezes 01/08/2023minha estante
Amiga, mas eu acho que você amaria esse!!! Que narrativa incrível e ainda com um toque poético e filosófico! ? Sem contar que achei uma aula sobre amor. Muita gente fica por aí dizendo ?eu te amo??. Mas no final, ama nada. Mas já o André?. ??????!
Obs.: por mais homens no mundo assim ????




Lorayne.Stinguel 13/04/2021

Uma declaração de amor meio científica, rs. Só ficou chato no momento que ficou falando de si mesmo, mas deu para perceber que apesar dos erros que cometeu, ele derrama todo seu amor diante dela.
Karina.Agra 26/04/2021minha estante
O problema é que a maior parte ele passa falando dele. Pra mim foi decepcionante.


Lorayne.Stinguel 26/04/2021minha estante
Percebi isso também!




Diane Ramos 13/07/2018

CARTA A D - HISTÓRIA DE UM AMOR (André Gorz)
Sabe aquela expressão que diz que tamanho não é documento? Então, Carta a D - História de Um Amor representa muito bem essa questão, por se tratar de um livro bem pequenino, com pouco mais de 100 páginas, mas que tem um conteúdo tão emocionante, sensível e carregado de sentimento que é capaz de desbancar qualquer livro grandalhão por aí... Quando a Companhia das Letras me enviou esse exemplar nunca imaginaria que me tocaria tanto e não exagero quando digo que foi uma baita surpresa!
O livro é escrito em forma de uma carta do autor a sua esposa, onde já está sendo considerado uma das declarações de amor mais conhecidas e emocionantes de nosso tempo, este livro é também uma afirmação comovente de companheirismo entre duas pessoas apaixonadas."Você está para fazer 82 anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que 45 quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz 58 anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca." Assim André Gorz inicia sua carta de amor a Dorine, mulher ao lado de quem ele passou a vida e que há alguns anos sofria de uma doença degenerativa incurável.
Como um dos principais filósofos do pós-guerra francês, Gorz escreveu inúmeros livros influentes, mas nenhuma de suas obras será tão amplamente lida e lembrada quanto esta carta simples e bela, em que ele rememora tanto a história de companheirismo, amor e militância do casal como a trajetória intelectual que percorreram juntos.Um ano após a publicação de Carta a D., um bilhete encontrado na casa onde moravam fez as vezes de pós-escrito à narrativa: André e Dorine tiraram a própria vida juntos, numa renúncia comovente a viver sozinhos.

Carta a D - História de Um Amor é escrito em forma de uma carta do autor André Gorz para sua amada esposa Dorine e, na minha humilde opinião, sem dúvida esse livro é uma das maiores demonstrações de amor e, por se tratar de uma história real, tudo fica mais emocionante e sensível e mostra muito sobre companheirismo e amor verdadeiro. Além de uma belíssima história de amor, a obra tem também alto teor histórico, já que a história do casal se confunde com a própria história da França. É muito interessante acompanhar como André e Dorine passaram juntos pelos momentos mais relevantes do país, e como a atuação política de ambos se entrelaça à relação amorosa entre eles.
Carta a D - História de Um Amor foi seu último livro, escrito em homenagem a sua esposa Dorine, com quem viveu por quase sessenta anos. Acho que podemos considerá-lo uma carta de amor e também uma carta de despedida. Nele, André Gorz faz uma análise de toda sua vida, relembrando os momentos mais difíceis e importantes de sua carreira apenas para constatar que nada do que fez ou produziu teria sido possível sem sua esposa, e que talvez ele não tenha dito isso com todas as letras em seus trabalhos. Ficamos sabendo como os dois se conheceram, de como ele se sentia em relação ao mundo e à sua família, ressaltando essa relação de amor e de companheirismo que se estabeleceu entre os dois no decorrer de suas vidas. E ficamos sabendo também que Dorine teve um papel fundamental em toda a produção teórica, filosófica e política desse autor, tendo o encorajado durante toda sua vida.
A edição da Companhia das Letras está simplesmente belíssima, com direito a caixinha externa que dá um toque especial e enche os olhos de qualquer colecionador de livros. Os demais detalhes são bem simples, mas, combinam e condiz com a proposta do livro. Gostaria de falar mais e mais dessa obra tão especial, mas, creio se me estendesse muito por aqui poderia estragar a leitura de vocês, acho que o mais legal de tudo é deixar que esse pequeno livro te surpreenda sozinho, então, aqui deixo meu apelo: Leiam, por favor, leiam!


site: http://coisasdediane.blogspot.com.br/
@retratodaleitora 13/07/2018minha estante
Esse livro é muuito amor mesmo




@retratodaleitora 15/06/2018

Uma história de amor e dedicação
André Gorz foi um filósofo austro-francês, também conhecido pelo pseudônimo Michel Bosquet no meio jornalístico. Gorz foi um grande teórico político e defendia causas trabalhistas com sua postura existencialista-marxista. Gorz fez um pacto de suicídio com sua esposa Dorine em 2007; um ano antes, ele lhe escreveu uma carta de amor.

Nesta carta a Dorine, André Gorz conta desde o início sobre como se conheceram e sobre a época, no pós-guerra. Dorine, desde o primeiro momento, sempre esteve ao seu lado. Enfrentaram juntos o desemprego, e ela permaneceu por perto nos surtos criativos de Gorz em sua escrita, como também nos de escassez. Ela permaneceu mesmo quando ele se refugiava em silêncio, no apartamento miúdo que alugavam. Enfim, Dorine, uma mulher extrovertida e muito inteligente, ficou ao seu lado em todos os momentos. Mas, em suas obras, o autor quase nunca mencionava a esposa, e quando o fazia, em suas palavras, não lhe dava a devida atenção, sua ajuda no processo de escrita, suas leituras e cuidado... Essa carta foi também uma reflexão sobre isso, quem sabe um pedido de desculpas.

Gorz e Dorine viveram momentos intensos, e passaram juntos por diversas fases. Um não saberia (e não queriam) viver longe do outro, eles eram melhores amigos, tinham um amor bonito, uma relação baseada em muita confiança, em admiração e afeto. Eles se amavam. Como poderiam ver o outro partir? Eles, enquanto vivessem, viveriam um pelo outro. E assim foi.

Em 2007, depois de ver sua linda e amada Dorine presa a uma cama perdendo cada vez mais suas forças devido a uma grave doença, o casal resolve dar um fim aquilo, e se suicidam.

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Esse livro é lindo! O autor não se utiliza de frases prontas, a escrita é nua e fluida, e ele vai contando em pouquíssimas páginas seus anos ao lado dela, e também seu processo de escrita e vida jornalística. Não é um livro para se debulhar em lágrimas, como esperava que fosse, mas ainda assim um livro que mostra o comprometimento e dedicação de uma vida inteira entre duas pessoas que se amavam profundamente. É um livro lindo, e recomendo muitíssimo!

Nota: 4,5/5

site: https://www.instagram.com/p/BkDDi15HrKk/?taken-by=umaleitoravorazblog
Lilian 15/06/2018minha estante
Esse livro é lindo. Não sei como resenhar.




Nádia C. 26/08/2015

Renovar as esperanças no amor
Em tempos de Amor Líquido eis que chega a mim a história de Dorine e Gehard e me enche de confusão, esperança, medo e reflexões. Confusão pois me lembro da música de Joni Mitchell "Both Sides Now" em que ela afirma que no fundo não conhece o amor de forma alguma, e assim me sinto e penso "meu deus, o que sei mesmo do amor?" "será que um dia soube? será que eu já amei assim? será que vou amar? será que alguém vai amar?". Esperança, porque é lindo ver que o ser humano é sim capaz de tamanha entrega a alguém,e só o amor pode proporcionar isso. O que também me assusta imensamente pois o poder do amor é tão grandioso aos olhos de D. e G. que penso "será que saberia eu receber tanto amor? dar tanto amor?", assusta saber que alguém pode entrar tanto no seu ser, e realmente fazer ver que a vida não tem sentido mais sem a pessoa, assusta dividir sua vida tão completamente com outro, assusta e é por isso que tanta gente foge, que não se entrega; e tudo isso se mistura com outras mil reflexões sobre mim como ser humano, sobre a capacidade que posso ter ou não em frente ao amor, sobre até que ponto inclusive tanto amor assim é tão belo, sobre imaginar que a sua existência só tem sentido com outra pessoa, sobre o encanto de se apaixonar e nisso eu acredito, acredito que o mundo é melhor quando estamos apaixonados, acredito que o amor é o único que me salvaria, acredito que no fundo eu preciso dessa dorzinha estúpida
Lucas 28/08/2015minha estante
Parabéns pela resenha, Nádia. Me deixou curioso pra ler o livro =)




Nessa Gagliardi 15/10/2010

Eu tinha certeza que ia amar o livro já nas primeiras páginas. Poucas vezes isso me ocorreu de forma tão nítida.
"Carta a D." é extamente o que diz o título, uma carta. Em forma de livro, ocupou menos de 80 páginas, mas me encantou em cada uma de suas linhas.
André Gorz, um filósofo respeitado, escreveu a carta para Dorine, sua esposa há mais de meio século, que sofria de uma doença degenerativa causada pelo contraste injetado nela num exame cervical. Senti como se a carta fosse além de uma lindíssima declaração, um pedido de desculpas por todo e qualquer mal que ele achava ter feito a ela. Nota-se, por suas palavras, o motivo de não quererem viver longe um do outro. Esse enorme amor, incapaz de assitir à perda do outro.
Ambos se suicidaram juntos, no ano seguinte da escrita da carta.

"Você é o essencial sem o qual todo o resto, importante apenas porque você existe, perderá o sentido e a importância."
Meire 18/02/2024minha estante
Nossa! Parece brutal! Fiquei com vontade de ler, mas não sei se tenho equilíbrio emocional suficiente.




Paula 04/11/2013

História de um amor
“Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher”.

Assim começa essa história de amor, quase um Romeu e Julieta, com a diferença de que aqui o tempo e a saúde foram os vilões. Relendo esse livro me dei conta de duas coisas: que há mesmo um tempo certo para cada livro, porque não tinha gostado tanto dele quanto gostei agora; e que ainda há amores que duram para sempre, mesmo nos tempos de hoje.

André Gorz é um dos mais importantes intelectuais da atualidade, foi filósofo e jornalista, publicou dezenas de livros, centenas de artigos e ensaios. Nasceu em Viena, na Áustria, em 1923. Foi levado para a Suíça pela mãe em 1938, que temia o exército nazista. O pai havia sido preso pelas tropas nazistas e ela não queria que o mesmo ocorresse com o filho por conta de sua ascendência judaica. André Gorz, que na verdade é um pseudônimo, com o qual ficou mundialmente famoso (seu nome verdadeiro é Gerhard Horst), permaneceu na Suíça até o final da guerra, estudou engenharia química, e se tornou um dos principais conhecedores da obra de Jean-Paul Sartre. Paralelamente à atividade de jornalista, desenvolveu uma intensa atividade teórica e política.

Carta a D. foi seu último livro, escrito em homenagem a sua esposa Dorine, com quem viveu por quase sessenta anos. Acho que podemos considerá-lo uma carta de amor e também uma carta de despedida. Nele, André Gorz faz uma análise de toda sua vida, relembrando os momentos mais difíceis e importantes de sua carreira apenas para constatar que nada do que fez ou produziu teria sido possível sem sua esposa, e que talvez ele não tenha dito isso com todas as letras em seus trabalhos. Ficamos sabendo como os dois se conheceram, de como ele se sentia em relação ao mundo e à sua família (“Minha família se tornara tão estrangeira para mim quanto meu próprio país” pág. 13) ressaltando essa relação de amor e de companheirismo que se estabeleceu entre os dois no decorrer de suas vidas. E ficamos sabendo também que Dorine teve um papel fundamental em toda a produção teórica/ filosófica/ política desse autor, tendo o encorajado durante toda sua vida:

“Você dizia que tinha se unido a alguém que não podia viver sem escrever, e sabia que quem quer ser escritor precisa se isolar, tomar notas a qualquer hora do dia ou da noite; que seu trabalho com a linguagem continua mesmo depois de largar o lápis, e pode inesperadamente se apossar dele por completo, bem no meio de uma refeição ou uma conversa. “Se eu pelo menos soubesse o que se passa na sua cabeça”, você dizia ás vezes, diante de meus longos devaneios em silêncio. Mas você também sabia disso porque você mesma já tinha passado por isso: um fluxo de palavras procurando o arranjo mais cristalino; fiapos de frases continuamente remanejados; começos de ideias que ameaçavam desvanecer se uma senha ou símbolo não conseguisse fixá-las na memória. Amar um escritor é amar que ele escreva, dizia você. “Então escreva!”. (página 21)

Chamou minha atenção que Dorine quis aprender alemão e Gorz lhe disse “Não quero que você aprenda nenhuma palavra dessa língua, nunca mais vou falar alemão”, demonstrando o peso de um passado que transformou o alemão numa língua relacionada à morte, ao ódio, à tristeza, ao que não se quer lembrar. No entanto, as últimas palavras da carta são em alemão, como se diante da ideia da morte de sua amada, uma dor tão grande de suportar, só mesmo a língua materna (ou a tristeza a ela relacionada) pudesse descrever: Die Welt is leer, Ich will nicht leben mehr (O mundo está vazio, não quero mais viver).

“Eu não posso me imaginar escrevendo se você não mais existir. Você é o essencial sem o qual todo o resto, importante apenas porque você existe, perderá o sentido e a importância. Disse-lhe isso na dedicatória do meu último escrito.” (Pág. 51)

Terminei de ler o livro chorando, porque não há dor maior do que perder quem se ama e o relato foi realmente emocionante. E fiquei pensando se Dorine chegou a ler essa carta que ele escreveu. Espero que ela tenha lido. O posfácio informa que Gorz e Dorine se suicidaram juntos em setembro de 2007, mas o último parágrafo me fez pensar que é possível outra interpretação, pois não temos um depoimento de Dorine: talvez ela tenha falecido, pois estava muito doente, e, diante da visão de perdê-la, ele tenha se suicidado para que os dois pudessem seguir juntos, porque ele não saberia mais viver no mundo sem ela. Feito Romeu e Julieta. Se eles decidiram juntos em vida ou se ele decidiu isso depois de sua morte, pouco importa. O que fica claro nesse livro, nessa carta, é a história de um amor que existiu durante toda uma vida.

André Gorz. Carta a D. : história de um amor. Cosac Naify Portátil: São Paulo, 2012.

site: http://www.pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2013/11/carta-d-historia-de-um-amor.html
Paty 19/11/2013minha estante
;D NICE!




Renato 23/08/2011

"Quando te conheci sabia desde o início que éramos feitos um para compreender o outro"
Este é o último livro do filósofo francês André Gorz, escrito para homenagear sua mulher, Dorine, que sofria de uma rara doença degenerativa e com quem partilhou a vida por quase sessenta anos. Gorz, discípulo de Sartre, era um crítico radical da mercantilização das relações sociais, contrário à crença no trabalho assalariado, além de ser autor de vários livros sobre ecologia.

Nesta obra, o autor resolve por fim dizer a sua amada, através de uma carta, o amor que sente por ela analisando e descrevendo os anos em que estiveram juntos e a importância de terem um ao outro para chegarem até ali, naquele momento presente. Logo no início, Gorz escreve: "Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e se mantém bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu te amo mais do que nunca".

O companheirismo e o amor entre o casal fez com que ambos caminhassem até o fim, juntos. Ler "Cartas a D." é ler sobre o amor.

Pandora 14/06/2012minha estante
Lindo :)




Claudia Furtado 26/05/2009

Um presente
Um livro lindo. O autor faz uma reflexão muito profunda das venturas e desventuras da vida em comum na carta de amor endereçada para sua mulher, Dorine. Gorz já tinha mais de 80 anos quando escreveu este livro e é o seu último trabalho. Tem frases que impressionam pela concisão e profundidade. E outras que me faziam pausar a leitura e refletir. Pungente!
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Livrogram 21/10/2012

Esse livro merece um comentário fresco, acabei de ler e não paro de pensar nele.



Hannah Arendt diria que o amor é a-político, que o mundo se incendeia quando duas pessoas se encontram.



Eu sou uma pessoa apaixonada, sou apaixonada pelo mundo, depois de ter lido o que Arendt diz comecei a questionar o meu amor pelo outro e pelo mundo.



Esse livro me provou uma única coisa, o amor entre duas pessoas pode construir sim o amor pelo mundo, e o amor pelo mundo pode sim construir o amor entre duas pessoas.



Dorine e André tinham seus respectivos mundos, se encontraram e construiram um único mundo, e esse mundo que eles construiram era o mundo real, de todos, comum a todos.



Dorine acreditou até o final na tarefa de André Gorz, e trouxe a realidade até ele. É lindo pensar que o nosso mundo não pode existir sem fé, sem história e sem amor. Não pode existir só na teoria.



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Diego Piovesan 09/01/2011

Comovente.
Carta a Dorine de André Gorz. Uma das mais lindas e belas declarações de amor já feitas. O filósofo conta nesta carta - que mais tarde virou livro - todo o seu envolvimento com a sua amada nos 60 anos de convivência. A declaração de amor de um para o outro é uma das coisas mais lindas que podemos ver por aí e vai além: nos dá a certeza de que o amor verdadeiro existe.

A carta é comovente e o desfecho dessa história real é de arrepiar e nos mostrar o poder do verdadeiro amor acima de todas as coisas.
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Sabrina Mix 20/02/2011

Filosófico demais
Gostei do livro, mas para quem espera (como eu esperava) ler sobre a "história de um amor", vai se decepcionar. O livro é muito filosófico e chato demais em algumas partes. Felizmente, tem só 76 páginas e dá pra ler tudo em uma sentada só.
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Silvana (@delivroemlivro) 24/11/2012

Quer ler um trecho desse livro (selecionado pelos leitores aqui do SKOOB) antes de decidir levá-lo ou não para casa?
Então acesse o Blog do Grupo Coleção de Frases & Trechos Inesquecíveis: Seleção dos Leitores: http://colecaofrasestrechoselecaodosleitores.blogspot.com.br/2012/11/carta-d-andre-gorz.html

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