Diego Rodrigues 31/03/2020
Uma aula divertida
Publicado pela primeira vez em 1864, "Viagem ao Centro da Terra" é uma das principais obras da vasta bibliografia de Jules Verne. O autor francês, tido por muitos como o grande inventor da ficção-científica, ficou conhecido por introduzir ricos detalhes científicos em seus romances. Muitas vezes propondo discussões e teorias que na época estavam à tona. Verne era um estudioso que gostava de mesclar seu conhecimento a imaginação para tecer sua obra literária. Em "Viagem ao Centro da Terra" não é diferente.
Tudo começa quando o excêntrico professor Otto Lidenbrock encontra um manuscrito do século XVI, no qual está descrito o caminho para se chegar ao centro da Terra. Curioso por natureza e um grande amante da geologia e mineralogia, Lidenbrock logo decide refazer o caminho ali descrito e assim adentrar as entranhas do mundo. Para isso, arrasta consigo seu sobrinho e aluno Axel. Juntos os dois partem rumo a Islândia, onde guiados pelo caçador Hans adentram o vulcão Sneffels, que é a porta de entrada para o centro da Terra.
Verne mistura os elementos científicos a sua narrativa de aventura de forma magistral. O livro é uma verdadeira aula de história e geografia, repleto de notas sobre teorias científicas e citações de exploradores, pesquisadores, historiadores, biólogos, geólogos e paleontólogos reais. Ao mesmo tempo, temos uma narrativa fluída e gostosa que nos leva a virar as páginas em ritmo acelerado, principalmente após o início da excursão dentro do vulcão. O autor consegue fazer a gente se sentir ali debaixo dos oceanos junto com os personagens, explorando, adentrando cavernas, atravessando mares e enfrentando todos os perigos que uma expedição dessa magnitude é capaz de proporcionar. Sentimos empolgação a cada descoberta e sem perceber somos incentivados a entrar nas discussões científicas entre o professor e seu aluno. Aprendemos muito com essa dupla ao mesmo tempo em que nos divertimos.
O único ponto negativo é que o livro é muito curto. Após concluída a leitura fiquei com vontade de conhecer mais daquele mundo perdido. Quais outras formas de vida existiam ali? O que havia mais abaixo? No fim o livro nos deixa com mais perguntas do que respostas, o que é bom. Verne gostava de propor questionamentos e teorias a seus leitores. Eu particularmente acredito que incentivar o pensamento é muito mais interessante do que dar respostas prontas, o que me faz querer ler logo outras obras do autor para ficar com mais perguntas a cabeça.
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