Aquela que tá olhando pro céu 24/10/2021
A extraordinária expedição ao interior terrestre
Viagem ao Centro da Terra foi o quarto livro escrito por Jules Verne, famoso escritor francês do séc. XIX, que ficou conhecido pelos seus romances de aventura e ficção científica emocionantes, criativos e muito bem escritos ? o Pai da ficção científica. Este título faz parte das chamadas ?viagens extraordinárias?, onde somos convidados a explorar o subsolo terrestre em busca do curioso centro. Nele vemos uma característica intrínseca à Jules: o positivismo, na forma como os personagens depositam a sua fé e esperança, majoritariamente, na ciência e em seus avanços tecnológicos.
Axel é um rapaz órfão que mora com o seu impetuoso tio, Otto Lidenbrock, que é uma figura excêntrica no que diz respeito ao seu entusiasmo pelo desconhecido, e seu empreendimento em descobertas no ramo científico que ocupa, em sua vida, o posto de ?razão para viver?. Famoso professor alemão e especializado em mineralogia, goza de muita erudição e vive para os seus estudos e ensinos. Um dia, descobre dentro de um manuscrito antigo um estranho bilhete em caracteres desconhecidos, cujo escritor era o sábio Arne Saknussem, afirmando ser possível chegar ao centro da esfera terrestre se adentrando nos sinuosos caminhos do adormecido vulcão Sneffels, localizado na Islândia. Instintivamente, o erudito Lidenbrock dá à luz à imaginação e parte junto com o sobrinho nesta curiosa jornada pelo desconhecido. Já na Islândia, a dupla se encontra com Hans, um bravo e forte caçador de gansos, muito engenhoso e atlético, e conta com a sua importante ajuda em muitos momentos.
Com narrativa em primeira pessoa, Axel nos conta os detalhes de suas aventuras e desventuras ao desbravar as terras irlandesas e o interior terrestre. Com descrições incrivelmente bem escritas e carregadas de muita instrução acerca de temas como mineralogia, paleontologia e geografia, cenários um tanto incomuns e inusitados tornam-se fácil e lindamente imagináveis. É de prender o fôlego em muitas partes, de modo que pude sentir empatia a cada percalço encontrado no caminho para um destino tão incerto. O que será que eles encontram lá? Só lendo pra saber :)
Os personagens apresentam características diferentes entre si. Enquanto Lidenbrock é um gênio cego pelo entusiasmo, Axel sente-se por vezes apreensivo, cético e amedrontado. Hans, por sua vez, é de nervos sobre-humanos, falando pouquíssimo e não expressando surpresa alguma diante de situações, no mínimo, impressionantes. Extremamente servil e resignado, parece abrir mão de sua vontade própria em prol de seu ?patrão?. É quem mantém todos vivos, a sólida rocha protetora. Emocionamo-nos com eles e vemos como os desafios que vivem mudam a relação de tio-sobrinho, de uma maneira muito terna.
Esta é a única característica da obra que me incomoda: a construção da personagem Hans. Enquanto a força do professor e seu sobrinho era mental e baseada em fatos, a força do caçador irlandês vinha unicamente de seu corpo. Talvez seja uma leve influência da teoria do Darwinismo Social, ainda muito vingente em sua época. Isso, entretanto, é apenas uma ressalva minha, não um fato! De qualquer maneira, é certo que esta obra é atemporal e muito, muito boa mesmo.
Tem um final surpreendente, relatos cativantes e tão bem inventados que tornam quase crível tal jornada tão improvável. Vamos nos envolver e torcer para o trio, querendo a sua segurança. Um clássico para todas as idades, muito emocionante e interessante.
Recomendo :)
Nota: 9/10
Valeu pela espera, Becca!