Ari Phanie 10/02/2021Da série: maldita expectativa.Torto Arado foi mais um dos livros nacionais que uma amiga aqui do Skoob me recomendou com frequência, e o qual coloquei na minha lista sem saber nada sobre. Mas assim que li que se tratava de um livro tão aclamado e celebrado, minhas expectativas foram ao céu. Finalmente, quase um ano após tomar conhecimento dele, achei que já era um bom momento para ler. Mas não adiantou nada dar um tempo para diminuir o hype; eu esperava muito dessa leitura, e amarguei a primeira decepção do ano.
Quando comecei o livro, me animei bastante. Em poucas linhas, dava para ver que o autor contaria uma história forte, com uma escrita crua, mas sensível ao mesmo tempo; em que as figuras femininas seriam centrais. Me pareceu o meu tipo de livro. Mas antes mesmo de chegar na metade, eu já me sentia cansada da morosidade, e não conseguia escapar do sentimento de que eu esperava algo completamente diferente.
Só para que fique claro, Torto Arado é um bom livro. Retrata com muita expressividade a luta de um povo forte e sofrido que mesmo após a escravidão, vivia uma vida com os ecos e estigmas do cativeiro e da servidão. A história possui fortes críticas aos trabalhos nos campos, às injustiças e desigualdades sociais que o povo quilombola enfrentou (?) Mas também é uma história sobre sangue, o valor da terra, ancestralidade, emancipação e religião.
Infelizmente, a técnica narrativa de resumir os acontecimentos aliado aos pouquíssimos diálogos me mantiveram desconectada da história, e Belonísia e Bibiana, as denominadas protagonistas e sua relação que na sinopse faz parecer ser uma ligação de poder e intensidade, fica renegada a terceiro plano no decorrer da história, o que me decepcionou. Belonísia foi o melhor do livro pra mim. Dura e tenaz, ela foi o único personagem a realmente me conquistar e me fazer continuar.
Enfim, esse é outro livro nacional contemporâneo que merece seu devido reconhecimento, mas do qual eu esperava bem mais. Mesmo assim, não posso deixar de recomendar porque afinal, é uma ode aos trabalhadores rurais e descendentes de escravos. Vale a leitura. Com expectativa moderada, de preferência.