Nilda 13/11/2019
Uma fantasia nacional com elementos do folclores brasileiro
Riacho do Jerimum é uma fantasia ambientada no Nordeste, e traz seres fantásticos, como elfos e fadas, e personagens do folclore brasileiro: Saci, Caipora, Piatã. Fiquei surpresa positivamente com essa leitura, tanto por causa da temática abordada como pela construção dos personagens, que são inspiradores.
O mundo criado em Riacho do Jerimum fica no interior da Paraíba, um vilarejo chamado Riacho do Jerimum. Lá vive em rapaz chamado Caíque, que não se encaixa naquela pequena comunidade. Caíque é reservado, um tanto mal-humorado, e não consegue entender o porquê da mãe sempre o afastar, mesmo quando ele faz tudo para agradá-la. Mas há duas pessoas especiais em sua vida: a irmãzinha e Seu Vicente.
Caíque adora ouvir as histórias que Seu Vicente conta. O idoso fala de lendas antigas, de guerras passadas entre as deusas da seca e da chuva, Tifana e Amanici, respectivamente.
Nas margens do riacho do Jerimum vivem seres encantados. É um mundo ao lado do nosso, mas que os humanos nem imaginam que exista. Esses seres vivem em casas feitas de jerimuns. Eles são os protetores da natureza. O equilíbrio do mundo humano depende do equilíbrio do mundo mágico.
A líder dos seres calahyna se chama Aurora, uma pequena fada que pode ficar com a aparência e tamanho de um humano. No mundo dos seres mágicos da floresta uma guerra se aproxima. Tifana, a deusa da seca, vem preparando seu exército do mal. Ela quer governar para sempre a terra. Já houve uma primeira grande a guerra, na qual Coaraci, o deus criador, precisou intervir.
Aurora precisa de toda ajuda para enfrentar Tifana. Ela precisa da ajuda do humano Caíque e também de todos os seres mágicos da floresta. Mas será que Caíque vai ajudar Aurora?
Em Riacho do Jerimum há uma explicação para a seca nordestina. Há duas deusas, a deusa da chuva, a outra da seca. As duas deusas são inimigas. Na primeira guerra as duas entraram em acordo, cada uma governa por um período. Eu adorei essa forma de representação das características ambientais nordestina. Também amei a ideia dos jerimuns usados como casa. Tão representativo do nordeste, além disso ainda tem relação com a abóbora do conto de fada.
Riacho do Jerimum traz personagens inspiradores
Aurora e Diana são exemplos de mulheres independentes. Aurora se mostra uma pessoa sensível e forte, quebrando o estereótipo que para ser forte a mulher tem que ser masculinizada. Diana é a melhor amiga de Aurora. Ela é acolhedora, bem-humorada, corajosa. Eu queria Diana como amiga.
Vamos falar de Caíque. Ele é um personagem em conflito. E há bons motivos para isso. Ele não conhece o pai. Não tem uma boa relação com a mãe. Ele é a pessoa que não se encaixa. Ele precisa se encontrar. Ainda tem Seu Vicente, um personagem encantador por sua sabedoria. Ele é o avô que todos merecemos.
Por fim, quero falar o quanto é maravilhoso ver nosso do folclore, tão rico, sendo trabalhado em obras de fantasia nacional, mesmo que seja ao lado de mitos e lendas europeias. Também gostei muito da escolha do vocabulário fazendo a ponte com o nordeste. Ah, e devo ressaltar que é livro único. Viva! Chega de trilogias e séries gigantes quando um único livro é o suficiente.
site: https://www.garagembluecult.com/2019/11/riacho-do-jerimum.html