Bruno Garcia 02/12/2019O Garoto que seguiu o pai para AuschwitzAcredito que o Holocausto é o momento histórico mundial mais abordado na arte seja em dramas indicados e premiados no Oscar frequentemente, séries documentais e literatura de não ficção.
Por mais que o tema pareça esgotado e todas os horrores sofridos pelos judeus pareçam ter sido contados, a memória permanece viva em seus descendentes e documentos da época aparecem para nos lembrarmos dos maiores erros que a humanidade cometeu contra si.
Por isso ler O Garoto que seguiu o pai para Auschwitz foi conhecer um caso extraordinário de sobrevivência e amor entre familiares. Pois o autor Jeremy Dronfield teve acesso ao diário secreto do pai Gustav Kleinmann e com uma meticulosa pesquisa documental criou uma narrativa envolvente.
Nela conhecemos como as pessoas com o mínimo de hereditariedade judaica eram entregues até pelos vizinhos colaboracionistas para os alemães nazistas humilharem, escravizarem e exterminarem na Europa.
Assim, Gustav e seu filho Fritz foram capturados pelos nazistas em Viena e enviados ao campo de concentração Buchenwald (Alemanha). Depois de muitos maus-tratos, doenças e mortes; o pai recebeu transferência para Aushwitz (Polônia) no auge da guerra e o filho se voluntariou para ir junto.
Gustav manteve seu diário escondido nos seis anos em que passou nos campos de extermínio, e o próprio Fritz não sabia sobre os escritos do pai que relatava as dores e saudades dos familiares desaparecidos ou migrados.
Nos momentos mais penosos, ele transformava a rotina extenuante de trabalho escravo, torturas físicas e psicológicas em poesia.
As suas habilidades de pedreiros garantiram sobrevivência mas eram utilizadas para construir câmaras de gás para exterminar outros entre opositores políticos, eslavos, homossexuais e deficientes físicos.
Ou seja, pessoas como eles. Essas “vocações” eram anunciadas quando necessário mas sufocava por não verem salvação após exploração. O terror degradando corpo e mente é palpável ao ler a história.
Os momentos tensos de confrontos com guardas sádicos e torturadores da Gestapo estão presentes bem como ajudas inesperadas durante a jornada. Onde a personalidade resistente e tranquila de Gustav encontrava no carisma e habilidades de Fritz motivos para não esmorecer.
O livro nos confronta com o pior, o melhor da humanidade e o poder do afeto. Um roteiro pronto para ser filmado e premiado. Aguardarei.
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https://medium.com/artefato/o-garoto-que-seguiu-o-pai-para-auschwitz-f98fcb9087c0