Ana do Café com Leitura 25/04/2020
O Garoto que Seguiu o Pai Para Auschwitz
Um trabalho impecável!
Um best-seller internacional, publicado pela Editora Objetiva, selo do Grupo Companhia das Letras, em que Jeremy Dronfield trata com maestria e singularidade da trajetória e das dificuldades vividas pela Família Kleinmann em uma autobiografia comovente aos leitores.
Em 1939, Gustav e Tini Kleinmainn, que moravam em Viena, tinham quatro filhos: Fritz, Edith, Herta e Kurt.
Gustav era estofador e conseguia oferecer aos seus uma vida considerada estável, até a chegada dos nazistas à sua vizinhança. Por um infortúnio, assim como denúncia dos vizinhos, ele e Fritz foram levados, capturados e, junto de muitas outras pessoas, conduzidos para Buchenwald, na Alemanha.
Mesmo correndo sério risco de ser descoberto, segundo relatos reais contidos na obra, e que foram posteriormente também fonte de trabalho de pesquisa e de recurso documental que contribuíram com a publicação deste material, com grande esforço e total sigilo, Gustav decide registrar tudo que fossem vivenciando ao longo desse trágico e infeliz momento tanto de sua vida quanto de seu filho. Para tal, usara um caderninho que levara consigo.
Dentre as funções pelas quais executavam em Buchenwald, Fritz e seu pai são requisitados para a construção dos campos de concentração. Inclusive, algo que marca na narrativa é a vontade e a necessidade que o jovem tem de acompanhar o pai a um novo espaço, em uma outra localidade, onde seriam construídos novos galpões e dormitórios, em que, daquela vez, seu pai fora selecionado, mas ele não.
De maneira já audaciosa para a idade, o ainda adolescente se oferece a acompanhá-los, afirmando ter aprendido muito e ter tornado-se um mestre de obras. Mesmo em meio a risadas dos homens da SS, tropa organizada para proteção pessoal do líder nazista Adolf Hitler, e sendo testado o tempo todo, porém mantendo uma frieza considerável, Fritz consegue manter o objetivo inicial, que era estar junto de seu pai para saírem dali unidos, não importando se vivos ou mortos.
Sobre tal construção, futuramente, chamaria-se Auschwitz.
Para ficarem juntos, ambos viveram angústias surreais de milésimos de segundos por milésimos de segundos por cerca de quase seis anos. Mas ao final, ainda com todos os horrores que sentiram e presenciaram, conseguiram manter-se firmes, fortes, reunidos, até saírem, com vida, e reconstruírem-se do lado de fora dos campos de concentração.
Em todo tempo de muita luta, passando por constrangimentos físicos, psicológicos e até morais, Fritz mostrou tornar-se um homem forte, que não havia chegado ali para morrer como a grande maioria, e fez o possível e o impossível para salvar a si, ao seu pai e até mesmo aos demais, envolvendo-se em grupos contrários a tudo aquilo, mesmo contra a vontade de Gustav.
Através de um trabalho minucioso pelas memórias de Gustav e da Família Kleinmann, relatos extraordinários são ressaltados nesta bela obra.
São fatos tristes, comoventes e até chocantes, o que me trouxe, como digo no canal, certa dificuldade em ler, mesmo tendo concluído a leitura com êxito e muitas reflexões acerca desse trágico e condenado período da história da humanidade.
Há reencontros, mágoas, lições de vida e de resistência que são muito bem narradas ao longo das 360 páginas desta obra-prima em forma de livro!
(na íntegra no blog!)
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