Codinome 08/01/2020
Um pouco sobre "A formação da personalidade"
“A formação da personalidade” é um livro do padre brasileiro Leonel Franca: um compêndio de palestras que ele proferiu entre os anos 1927 e 1941, para professoras de escolas cristãs (principalmente o Sacré-Coeur, que acredito que se localiza no Distrito Federal) e comunidades católicas diversas.
A preocupação principal do autor, nesse livro, é no ramo pedagógico (apesar de ir para um campo mais moral ao fim do livro, mas, se ler a obra, verá que a moral e a pedagogia estão intimamente ligadas). Para mim foi um primeiro grande contato com as ciências pedagógicas, em que tive a aproximação com o nome de muitos pedagogos, filósofos e sociólogos; normalmente contrários às ideias adotadas por Leonel. Bom... Nesse tipo de livro, ou seja, de caráter de ideias e não ficcional, acho interessante pontuar cada um dos principais grupos de palestras que o autor investiu tempo.
Os primeiros capítulos apresentam de forma bem concisa aspectos sobre o que é formação, escola única, educação, educação sexual, educação social e o direito de educar. Sendo bem direto a respeito dos pontos que irá defender, argumenta de forma diametralmente oposta a alguns pensamentos: um exemplo é sua crítica ao filósofo Jean-Jacques Rousseau, que é famoso pela ideia do bom selvagem. Leonel consegue rebater muito bem esse pensamento pela via psicológica e pela via religiosa.
Essa riqueza argumentativa do padre é um dos pontos altos do livro: apresentando a opinião contrária de forma completa e trazendo argumentos em volume, sem perder a qualidade de vocabulário e de pensamento.
Sua proposta pedagógica aparece em contraponto a, principalmente, outras duas: individualismo pedagógico e pedagogia socialista. Que são os extremos de uma espécie de pêndulo da educação: um a favor da espontaneidade extrema, outro da disciplina máxima. O ensino religioso é fundamental na proposta que apresenta e que envolve a melhor matemática para otimizar o melhor desses dois campos da pedagogia.
De fato, a moral religiosa assume uma fundamental peça para a educação, sem ela, na visão do autor, a educação real do indivíduo não existe. O livro se constrói em defesa desse fundamento: passando pela escola laica (firme e logicamente criticada) e pela moral leiga (também criticada).
Pode parecer que o autor apenas critica e não dá soluções. Pelo contrário, continuamente ele enriquece o leitor de casos que deram certo em outros países: Alemanha e Holanda são alguns exemplos de sua época. Países às vezes com minoria católica, ou seja, um terreno muito mais pouco receptivo a educação religiosa do que o Brasil.
Bom... Deixo a sugestão de conhecerem os textos de Leonel Franca. Como diria Murilo Mendes, pela citação de Tristão de Athayde ao fim do livro: 'lógica de cimento armado'.