Rosa 24/09/2015RESENHA AUTO DESCRITIVAAviso: CONTÉM discurso de ÓDIO.
[...] "Até hoje não sei por que comecei a chamar esse crioulo de Ding Dong. Era o nome do percussionista do meu conjunto. só que era branco. Acho que foi uma forma CARINHOSA de chamar um crioulo de KING KONG sem RACISMO." (pág. 19)
[...] "Achei ALTAMENTE SENSUAL duas enfermeiras morando sozinhas nessa cidade moralista. Sei que é um tremendo PRECONCEITO meu imaginar que todas as enfermeiras tendem a ter mais relações sexuais do que outras profissionais. É o mesmo que imaginar que todos os ENFERMEIROS SÃO BICHAS. Mas a minha cabeça sexomaníaca não parava de imaginar: "quando sair daqui vou ficar bastante amigo dessas enfermeiras, para transar com elas". Sacanagem, né? Também acho, mas EU SOU ASSIM MESMO." (pág. 29)
[...] “Foi paixão à primeira vista, mas dizem que ela tinha um namorado pianista em Recife. MEU INSTINTO MACHISTA RESPEITOU O COLEGA HOMEM. Fiquei apaixonado a distância. Tempos depois, brigou com o namorado. Tchan-tchan-tchan-tchan. HOMENS de Campinas preparem-se para um novo ATAQUE. NOVINHA SOLTA NO PASTO. Montem seus cavalos e avante! (Tenho nojo do meu machismo)." (pág. 91)
[...] “Aliás, SOU UM VERDADEIRO IMBECIL COM AS MULHERES. Quando estou “afins” e ela não está, fico mal. Quando não estou “afins” e ela está, faço verdadeiras sacanagens. Com a nana foi assim, é uma fraqueza minha. De tanta insegurança EU TRATO MAL A GAROTA, para que ela desencane de mim, e isso é a pior coisa do mundo. DESPREZO, não cumprimento, verdadeira sujeira. Não tenho o menor RESPEITO com o sentimento alheio. EGOÍSTA, EU SEI. SOU UM FILHO DA PUTA, EU SEI. Por isso sempre digo para todo mundo que se eu fosse mulher nunca transaria comigo, pois ALÉM DE SACANA, SOU EGOCÊNTRICO. Hoje em dia melhorei.” (pág. 91)
[...] “Desfilando pela passarela, menino que amputou a perna por algum motivo desconhecido. Altura, 1 e 12, peso 57 quilos, busto, não tem (era uma ala masculina), PERNA, NO LIXO, SITUAÇÃO DA VIDA, PRETA (ERA PRETO), estado emocional, infantil.(pág. 124)
[...] “Foi falando tudo isso que descobri a minha relação com a Stella. _Você é o meu corpo. Meu cérebro está bom! [...] Você é meus músculos, minhas pernas e mãos. EU É QUE COMANDO. Essa visão me lembra um pouco os ESCRAVOCRATAS que consideravam os crioulos como máquinas. PODE SER ATÉ QUE TENHA RESSUSCITADO UM ESCRAVAGISTA, mas não sou muito de ficar encanado com as coisas que penso. DESCOBRI QUE A LOIROSA ERA MEU CORPO SEM O CÉREBRO, PONTO FINAL.” (pág. 194)
Estes são apenas alguns trechos retirados do livro, na íntegra, mas se você tiver a infelicidade de lê-lo por completo irá deparar-se com uma miríade de outros estereótipos, preconceitos, discriminação com deficiente, machismo, racismo e tudo que diz respeito ao lado podre da burguesia paulistana, mas é claro, “tudo muito bem disfarçado de humor”.
Por fim, faço uso das próprias palavras do autor, descontextualizando o trecho abaixo na tentativa de evidenciar e revidar a escrita chula dessa obra, que independente da década, contexto ou visão, não agrega valor algum à literatura nacional. Pelo contrário, fomenta um discurso pejorativo e nocivo ao ser humano.
[...] “seres humanos que pensam, mas estão de saco cheio de dever obrigações com a sociedade. Estão de saco cheio de representarem um papel, um estereótipo, de serem classificados, de serem cobrados” (pág. 151)