Manuela 23/02/2014"Eu me conheço, mas isso é tudo"Amory Blaine, protagonista do livro "Este lado do paraíso" de F. Scott Fitzgerald, é chato. O que implica dizer que, provavelmente, e se estiverem certos a maioria dos críticos literários que discorreram sobre a obra, seu autor também. Isso por que, segundo dizem, Blaine seria uma versão, por vezes fiel, do próprio Fitzgerald: egocêntrico, intelectalóide, "superior".
Várias coisas justificam a alto estima exarcebada perceptível no protagonista do primeiro livro de Fitzgerald. Uma criação diferenciada, exclusivamente materna - o que significa dizer que em boa parte do seu desenvolvimento, ou, ao menos na fase primordial de desenvolvimento de caráter, não havia influência externa - traduzida, no caso, numa educação exclusivista, superior, intelectualizada e cujos conceitos prévios via as demais classes como pequenas/menores.
Conhecer a personalidade em formação de Blaine é estafante e quase degradante. Este último, porque consigo identificar, no decorrer da própria história, resquícios de pessoas que conheço e com quem convivo o que me levou a questionar, continuamente, sobre a própria existência humana. A classe dos intelectuais pode ser, por vezes, babaca.
Blaine é um próprio personagem dentro dele mesmo. É uma construção da mãe, mas tenta não ser quando percebe que isso o faz perder a popularidade - ou a distancia dela. É uma construção das relações no colégio, mas nem sempre consegue manter uma mascara que foge da sua essência. Se traduz em diversas relações, com os colegas de Pricenton, com seus amores, com o reverendo Darcy, a própria mãe, em diferentes momentos, e com a guerra.
Este lado do paraíso é cansativo, mas sobre o qual se recai certa indulgência. Retrata um período, uma realidade, uma personalidade que alimentava diferentes pessoas ao tempo, cujo período se banhava de um pretenso progresso, e que continua acometer nossos jovens.