Christian Cruz 24/08/2020
SANTOS, Fábio Luis Barbosa; FRANZONI, Marcela (Orgs). México e os desafios do progressismo tardio. São Paulo: Editora Elefante, 2019.
Em 2018, após dez anos de uma sangrenta "guerra às drogas" que matou mais de duzentas mil pessoas - obviamente, sem derrotar os cartéis do narcotráfico, como prometiam os governos que militarizaram o país com a ajuda dos Estados Unidos -, boa parte dos mexicanos recuperaram a esperança com as promessas do então candidato e agora presidente da República Andrés Manuel López Obrador.
Político de tradição esquerdista, egresso do Partido da Revolução Democrática (PRD) e criador do Movimento Regeneração Nacional (Morena), López Obrador conseguiu canalizar o cansaço da população com a violência, a corrupção e a pobreza resultantes da aliança entre o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido Ação Nacional (PAN), que se revezaram no poder a partir de 2000 após mais de setenta anos de administração priístas.
Contudo, qual será a capacidade do novo presidente em efetivar essa tão ansiada mudança? Poderá se desmarcar da enorme influência estadunidense? Como desmanchar a íntima relação entre crime e política no México? É possível reduzir a violência sem mexer nas apodrecidas estruturas policiais e militares? E a relação com os movimentos sociais e autonomistas, como se dará?
Os artigos contidos no livro tentam responder a estas e a outras perguntas sobre a atualidade do país que parece adentrar à "onda progressista" no momento em que o fenômeno arrefece quase que completamente na América Latina.
Este livro se origina de uma aproximação social, intelectual e coletiva de jovens brasileiros universitários comprometidos com a compreensão da realidade contemporânea do México.
O resultado é um olhar próprio e criativo, produzido a partir de pesquisas, visitas, entrevistas e debates no e sobre o México.
Os textos buscam apresentar uma sociedade, uma cultura e um território, procurando apreender sobre a sua natureza, a vida social e comunitária, a situação histórico-politica e a espiritualidade de um país muito diferente