Absalão, Absalão!

Absalão, Absalão! William Faulkner




Resenhas - Absalão, Absalão!


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Maria 19/05/2024

Absalão Absalão
Essa leitura foi tão difícil para mim quanto O Som e a Fúria, mas acho que me envolvi menos com a trama desse livro.
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stuchilaura 10/05/2024

Resenha: Absalão Absalão- William Faulkner
Essa é a história de um homem que teve filhos demais...Thomas Sutpen, que manipulou sua ascensão e seu próprio declínio, assim como o Sul dos Estados Unidos. Um homem que surgiu do nada, para o nada, com apenas um cavalo, uma pistola, um bando de negros nus, um arquiteto e um segredo obscuro, junto com sua ambição imoral. ?Aquela manhã de domingo em junho de 1833 quando entrou cavalgando na cidade pela primeira vez vindo de um passado indefinido e adquiriu sua terra ninguém soube como e construiu sua casa, sua mansão, aparentemente do nada, e casou-se com Ellen Coldfield e gerou seus dois filhos - o filho que enviuvou a filha que ainda não tinha sido noiva- e assim percorreu o curso que lhe cabia até seu violento fim.? (p.12)
A questão é, QUEM FOI THOMAS SUTPEN? DE ONDE VEIO? QUAL SEU SEGREDO? COMO CONSEGUIU SUA ASCENSÃO?.... e seu eu te disser que depende do ponto de vista de quem está narrando... aqui nós temos 4 narradores, onde cada um tem sua perspectiva, no entanto uma coisa te digo, não confie neles!!!! São narradores ?point of view?, com lembranças de um passado frustrado, com mudanças temporais, monólogos infinitos, fluxos de consciências dificílimos, com fatos contraditórios.
Não quero dar muitas pistas ou informações, o mais importante é o próprio leitor juntas as partes fragmentadas da história e tirar suas próprias conclusões...se esse livro tiver uma conclusão né!? O declínio de uma família e do próprio Sul, em decorrência de: filhos ?demais?, infração moral, orgulho, cegueira pela ambição, racismo, incesto, assassinato, mentiras, segredos e manipulações. "Em Absalão, Absalão! O incesto é menos um tabu para uma família sulista de classe alta do que reconhecer a única gota de sangue negro que sujaria sua linhagem. Em vez de perder sua 'brancura' (mais uma vez), a família escolhe o assassinato? - Toni Morrison.
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gbrlafonso 29/03/2024

"Por que você odeia o Sul?"
Eu achei que, mesmo com toda a repercussão de sua obra, Faulkner não me deixaria mais impressionado após ler O Som e a Furia; ledo engano.

?Absalão, Absalão? é mais uma aula de como tornar intrigante e recompensadora as horas despejadas na leitura de um livro. No início você não entende muita coisa, e no final parece que está no inicio - hahahahah.

Esse livro mostra a visão que Quentin Compson (um dos personagens de O Som e a Fúria) tem sobre Thomas Sutpen, um forasteiro que chegou na cidade de Jefferson em 1833 com vários escravizados e um arquiteto francês com intuito de se instalar na cidade. Quentin - que está em 1909 - vai deduzindo a história da derrocada deste homem através da visão de algumas pessoas que narraram sua história. Ele, por sua vez, está contando sobre Sutpen a um amigo de Harvard que quer entender mais sobre o Sul dos EUA na Guerra de Secessão. Quentin enquanto monta o quebra-cabeças vai chegando a conclusões com seu amigo e também se vê criando paralelos entre a história de Sutpen e o período do Sul dos EUA. O final desse livro é maravilhoso (talvez um dos melhores que já li).

Faulkner dá mais uma aula, desafiando seus leitores e tendo muito carinho pelos detalhes. É sempre um prazer ver a genialidade de suas obras.
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Marcos Nandi 13/03/2024

A resenha poderia ser apenas: QUE LIVRO.

QUE LIVRO, mil vezes que livro!

É um livro que exige muito de quem lê. Mas cada linha vale muito a pena. A escrita de Faulkner, as vozes que vão narrando a história, e a falta de linearidade da escrita dão o tom de uma trágica história.


De estilo gótico, o autor traça uma história com muitos mistérios, família desestruturada, informações ocultas, segredos perversos e tudo muito sombrio e assombrado (mesmo sem fantasmas). E claro, uma sociedade formada por uma estrutura escravocrata e racista. 

A história se passa antes e durante e depois da guerra civil dos EUA e vai mostrar como a guerra ajudou a deteriorar personagens que já foram deteriorados. São pessoas infelizes, de uma infelicidade que dá agonia.

Sabemos o como, mas só depois vamos descobrir os porquês. É sensacional. 

Nenhuma resenha fará jus a essa obra.

A história vai girar em torno de Quentin Compson que ao visitar uma senhora, conhecerá a história do misterioso Sutpen. 

A história se passa na província fictícia de Jeferson no Sul dos EUA. E conhecemos já nas primeiras páginas a Senhora Rosa, que nutre pelo Sutpen um ódio inexplicável. Ele, marido de sua irmã morta, pai de seus sobrinhos, e homem misterioso que chega na província para conquistar fortuna de modo suspeito, e também, com o fito de conseguir um nome e gerar herdeiros.  Era um homem soturno. Cujo único amigo, era o avô de Quentin. 

Este misterioso homem chega na cidade, com algum dinheiro, e escravos. E em dois anos construiu a casa que será um personagem importante para a história 


Sutpen forma uma família desestruturada. Uma filha iludida com um pretenso casamento, um filho perdido, uma esposa deprimida. E uma cunhada (Rose, que quando a irmã se casou, nem era nascida) precisaria dele pra se sustentar, já que ficara órfã tendo apenas vinte anos. Mais tarde, com a morte da irmã, Rose seria noiva deste homem misterioso.

Além da relação esquisita com sua esposa e depois sua cunhada, futura noiva, temos a relação dos filhos Judith e Henry, num triângulo amoroso quase incestuoso e homoherotico. 

Meu Deus, que caos. Não vou contar mais para não estragar as surpresas destaobra. 
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Janaskoobmania 10/03/2024

Um livro que começa desafiador, com uns diálogos sem pé nem cabeça nos obrigando a ficar bastante atentos para entender. Não seria Faulkner se não fosse desafiador.
A história é sobre a vida de Thomas Sutpen. Começamos ouvindo falar sobre o mesmo a partir da narração de sua cunhada Rosa Coldfield. Rosa vê Sutpen como o próprio demônio, que acabou com a vida de sua irmã e seus sobrinhos (filhos dele). Rosa narra a história a Quentin, que registra tudo, e é a partir desses relatos que surge o livro, que contara também com a narrativa de outros personagens que fazem parte dessa história.
Sutpen é um homem estranho e que aparece de forma inusitada e que levantou bastante a curiosidade de todos, porque apesar de aparentar não ter dinheiro, ele compra as melhores terras da região, depois some e aparece com alguns negros escravizados e selvagens.
Quando volta constroi sua casa e depois some e, quando retorna, dessa vez com as mobilias da casa, que são bastante luxuosas, despertando assim a curiosidade e as especulações de como foram adquiridas.
Todos esses movimentos parecem ofender e despertar a curiosidade, a inveja e as dúvidas das circunstancias que essa fortuna foi ganha. Diante de tudo isso as pessoas ficam intrigadas e começam a hostilizar ainda mais Sutpen.
O autor vai tecendo sua história, despertando-nos a curiosidade e levando dúvidas sobre o carater de Sutpen, se herói ou bandido. Faulkner nos desafia com sua escrita com vários narradores, textos sem pontuações e sua critica sobre a sociedade abordando no livros questões raciais, familiares e sociais.
Foi fantástico, para mim, descobrir e entender o título para perceber o que Faulkner coloca em "Absalão, Absalão"
Como todos os livros de Faulkner, as releituras são sempre obrigatórias e certamente estarão na minha lista novamente.
Fabiolla Rabelo 10/03/2024minha estante
ei Jana, otima resenha.
nunca li Faulkner, indica começar por algum específico?


Janaskoobmania 10/03/2024minha estante
Oi Fabi!
Fico feliz que tenha gostado da resenha e mais feliz ainda por despertar a sua vontade de ler Faulkner.
Sugiro ?A morte em Veneza e Tonio Kroger?.




jota 25/08/2023

Um clássico moderno, mas também uma história difícil, enviesada, fragmentária, que o próprio Faulkner confessou que foi uma tortura escrever. Imagine ler, então...
Lido entre 23 de julho e 24 de agosto de 2023

Um substantivo que aprendi lendo Absalão, Absalão! (1936) foi oitavona, empregado muitas vezes para referir-se a uma personagem secundária da obra, e cujo significado transcrevo do Google: “se diz de uma mulher com 7/8 de sangue branco e 1/8 de sangue negro, descendente, portanto, de 7 bisavós de sangue branco e um bisavô de sangue negro. Em termos de aparência física, tanto pelos padrões brasileiros e mesmo pelos padrões norte-americanos, passaria por ser uma branca pura.” Mas não no sul segregacionista dos EUA e menos ainda no tempo em que se passa essa história.

Que se desenrola (ou se enrola demais, pelo modo como é narrada, plena de fragmentos delirantes do passado e outros recursos usados pelo autor) durante a Guerra de Secessão, ou Guerra Civil (1861-1865), e mesmo muitos anos depois do final da escravidão nos EUA. Tempos em que a cor da pele e ou a quantidade de sangue negro correndo nas veias de uma pessoa podiam determinar se ela viveria poucos ou muitos anos e o tipo de vida que poderia levar ali, entre os brancos, nem um pouco adeptos de qualquer forma de miscigenação, pelo contrário, combatida até a morte a fim de impedir o “escurecimento” do sangue dos sulistas.

O título da obra remete para o Antigo Testamento e os personagens encontrados na narrativa bíblica têm, guardadas certas proporções, seus correspondentes na ficção de Faulkner, sendo que o principal deles, o rei Davi aqui se torna o coronel Thomas Sutpen. Seu filho Absalão assume o nome de Henry Sutpen, e assim por diante com os demais personagens e as tramas dessa história bastante tortuosa, sobre a ascensão e queda de um homem (Sutpen), que o próprio Faulkner confessou a seu editor ter sido uma tortura escrever. Acrescento que lê-la também não foi nada fácil, por vezes foi mesmo exasperante.

Não apenas pelo modo como Faulkner a escreveu – são longos capítulos com longas frases e parágrafos imensos, idas e vindas no tempo, mudança de um ambiente para outro na sequência de uma frase apenas etc. –, também pelo enredo que ela encerra, as muitas desgraças que os narradores Quentin Compson e Rosa Coldfield nos contam sobre a família Sutpen que, em linhas gerais vem resumido nas páginas iniciais desse romance gótico:

“Parece que esse demônio — seu nome era Sutpen — (coronel Sutpen) — coronel Sutpen. Que veio do nada e sem aviso para esta terra com um bando de pretos estranhos e construiu uma fazenda — (abriu violentamente uma fazenda, diz a srta. Rosa Coldfield) — violentamente. E casou-se com a irmã dela, Ellen, e gerou um filho e uma filha que — (Sem carinho gerou, diz a srta. Rosa Coldfield) — sem carinho. Que deveriam ter sido as joias de seu orgulho e o abrigo e conforto de sua velhice, só que — (Só que eles o destruíram ou algo assim ou ele os destruiu ou algo assim. E morreram) — e morreram. Sem pesar, diz a srta. Rosa Coldfield — (Exceto dela) Sim, exceto dela. (E de Quentin Compson) Sim. E de Quentin Compson.”

Só que, claro, nada disso nos é contado linearmente porque Faulkner é um autor caracteristicamente cerebral, daqueles que dão trabalho para o leitor entender o que narram, então, em termos de dificuldade de leitura, penso que Absalão, Absalão! está mais para outro livro difícil dele, O Som e a Fúria (1929), e muito menos para Palmeiras Selvagens (1939) ou Luz em Agosto (1932), duas obras mais palatáveis que apreciei bastante tempos atrás. Apesar de tudo, tenho de reconhecer que Absalão, Absalão! não deixa de ser uma leitura fascinante.

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Roberto 26/06/2023

Movidos pela força do ódio
Foi uma leitura bastante intensa, pois nesse livro Faulkner está bem mais detalhista, utilizando de longas sentenças descritivas, de parágrafos que ocupam de 2 a 3 páginas, e dos diversos narradores, todos eles contando( em suas próprias perspectivas, sempre tendenciosas) a história de Thomas Sutpen e das confusões em sua família e ao redor
Todos personagens na narrativa foram movidos por um ódio ou desejo ardente , como Thomas Sutpen, que um evento em sua infância que lhe deixou enraivecido o fez viajar pelo mundo em busca de dinheiro e poder, causando diversas confusões pelo caminho, me lembrando os personagens Mr. Kurtz , de O Coração das Trevas, e o Jay Gatsby
Apesar de ser mais fácil de entender que o Som e a Fúria, pois Faulkner acaba explicando muito bem a história, a narrativa não é nada fácil, requerendo muita atenção para não se perder nos fluxos da narrativa e nas informações da história, além de discutir sobre seus temas de forma bem crua e ácida, como o racismo, corrupção, adultério e a política do Sul dos EUA, e assim não é uma boa leitura para se iniciar na obra do Faulkner( para tal recomendo o Luz em Agosto)
Um livro longo e denso, porém recompensador e com uma narrativa belíssima, além de nos apresentar lições valiosas sobre os perigos da ganância e o ódio
Os livros do Faulkner não são para serem esmiuçados de primeira, devendo o leitor apenas prestar atenção nas informações soltas que recebe e ser paciente, porque no decorrer do livro, cedo ou tarde a história e os segredos lhe serão revelados
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Flávia Menezes 18/04/2023

SOMOS TODOS VÍTIMAS GERADOS E NASCIDOS DE OUTRAS VÍTIMAS!
?II Samuel 9: 4 Estava, pois, o rei com o rosto coberto; e o rei gritava a alta voz: Meu filho Absalão, Absalão, meu filho, meu filho?.

?Absalão, Absalão!? não é apenas mais um romance escrito por aquele que é considerado um dos maiores romancistas do século XX, mas é mais uma obra-prima que nos revela a excelência artística da escrita primorosa e única de um homem chamado William Cuthbert Faulkner.

Publicado em 1936, o livro, juntamente com ?O Som e a Fúria?, ajudou Faulkner a conquistar o Prêmio Nobel da Literatura em 1949, e ainda foi eleito pelo ?The Guardian? em 2002 como um dos 100 melhores livros já escritos (claro que ?O Som e a Fúria? também está nesta lista!). Já pela revista literária ?Oxford American?, ele foi considerado como o melhor romance gótico sulista de todos os tempos. O que ele é, sem sombra alguma de dúvida!

Em um emaranhado de vozes que se unem a temporalidades tão diversas, e que passeiam entre passado e presente sem nenhuma regra, nessa dança em que cada instante um novo narrador fala e pensa de uma só vez, é que somos literalmente jogados no drama pessoal de Thomas Sutpen, esse megalômano com sua luxuosa mansão e sua infortunada família cheia de segredos e mistérios, onde ao final, veremos que aqui ninguém é algoz, e nem vítima.

Neste inquietante microclima moral criado por Faulkner, nossos olhos vão acompanhando esses discursos que nos falam de recordações, imaginações de relatos, fatos, atos, que se mesclam e vão desaparecendo na potência da linguagem escrita, que é a própria magnitude deste autor que escreve muito mais comprometido com o processo da escrita, do que com o seu produto final em si. De fato, em alguns momentos, esses nós textuais que não podem ser desfeitos nem pela lógica e nem pelas velhas leis de causa e efeito, são um verdadeiro convite para nos permitirmos nos perder, apenas para que mais a frente alcancemos a possibilidade da solidez do relato.

Essa é a magia e a beleza da escrita faulkneriana: nos submergir nesse jogo de palavras que é fruto da vaidade dos seus personagens, que se aproximam sem timidez alguma para nos contar suas histórias como bem querem. É um iluminar e apagar da história, onde ora nos são apresentados dados visíveis para, no instante seguinte, nos revelar o que estava apenas subentendido. E assim, eles (os personagens-narradores) vão nos colocando no caminho para a compreensão da trama, ao mesmo tempo em que brincam a todo instante de nos despistar. E aí é que eles mostram toda a sua força em nos fazer submeter quem somos e tudo o que acreditamos inteiramente às suas vontades e ao seu tempo, se assim quisermos chegar a algum lugar que nos ajude a compreender seu final. Se é que existe algum final!

Ler Faulkner é compreender com exatidão o conceito de angústia que foi proposto pelo filósofo, teólogo, poeta e crítico social dinamarquês Søren A. Kierkegaard. Se você já leu esse pequenino livro do pai do existencialismo, vai se lembrar bem que quanto mais você buscou entender o conceito de angústia proposto ali por ele, mais perdido você deve ter se sentido. Até porque quando ele fala de um ?conceito?, quanto mais lemos, mais isso nos parece uma pegadinha de muito mal gosto.

De fato, a filosofia existencial não traz conceitos como estamos acostumados. A modernidade é muito 8 ou 80, com seu empirismo e positivismo, e esse é um caminho muito distante do que o existencialismo tem a nos oferecer.

Recentemente, quando tentava explicar sobre esse conceito de angústia do Kierkegaard para um primo meu que está cursando a faculdade de Psicologia, uma coisa que eu disse a ele é que o existencialismo e a fenomenologia não são abordagens que devemos compreender através do raciocínio lógico, mas sim, nos permitir caminhar para a uma apreensão de significado através da experiência sensorial, que nos faz mergulhar dentro de nós mesmos e provarmos na carne tudo aquilo que ela tem para nos ensinar.

Digo isso porque é exatamente assim que eu vejo a escrita do Faulkner: não como uma experiência literária para ser compreendida, mas para ser apreendida através do cinestésico que ele vai estimulando em nós a cada página.

Aliás, trouxe a questão do conceito de angústia porque essa é uma palavra que descreve bem cada uma das histórias desse gênio dos romances, já que em suas obras, somos lançados para dentro dos seus personagens, sentindo e experimentando cada um dos tormentos que uma alma humana é capaz de ser submetida. E por isso mesmo é que eu tenho certeza de que se Kierkegaard tivesse podido conhecer Faulkner, certamente ele usaria suas obras de modelo para nos dar como exemplo sobre o seu conceito de angústia!

Inspirada no episódio bíblico de Samuel, que conta como Absalão, filho de Davi, mata seu irmão Ammom por ter se apaixonado pela sua irmã Tamara, em ?Absalão, Absalão!? Faulkner afirma que a maldição sob a qual o Sul americano trabalhava é a escravidão. E nesse contexto, a maldição de Sutpen é a sua forte crença de que ele não precisa ser parte de uma família humana. E unidas, ambas as maldições provocam a ruína de Sutpen.

Mas, nos romances de Faulkner, não existem mocinhos e nem vilões. Afinal, assim como na realidade, não somos puramente algozes e nem tão somente vítimas. E cada um de nós está fadado tanto a infringir a dor do outro, quanto a sofrê-la. Especialmente quando o assunto em questão é a família.

Somos vítimas gerados e nascidos de outras vítimas. Assim é o jogo da vida. E assim é na família de Thomas Sutpen, quando seus narradores nos contam em detalhes cada um dos segredos familiares que Sutpen pensava estar enterrados. Afinal, como bem dizia Bert Hellinger, esses são segredos que seus portadores sempre acreditaram tão fielmente que poderiam deixar ali, velados e enterrados dentro de suas almas, mas a verdade é que, através das novas gerações, esses segredos ressurgem para nos assombrar.

Se tem algo que acho bonito, por ter tanta força e vida, são as falhas dos nossos pais e dos pais dos nossos pais. Já pensou como isso é poderoso? Pensar que todos esses homens e mulheres que nos precederam acertaram, mas também tiveram que conviver com a culpa que a sua humanidade lhes impôs de falhar, e falhar muito? E aí, quando olhamos para esses segredos (sem querer romantizar as situações), percebemos o quanto de beleza existe ali, e não porque são bons, mas porque são verdadeiros! E se olhados com respeito, vamos perceber que cada um deles revela com exatidão até onde aqueles que nos precederam conseguiram ir. Será que somos mesmo mais fortes do que eles foram? Será que daríamos mesmo conta de tudo aquilo que eles não deram? Será mesmo?

Os segredos de Thomas Sutpen me emocionaram muito mesmo, e foi lindo ver como Faulkner conseguiu me mostrar a humanidade desse que a todo instante era tratado como ?o demônio?. Através de sua escrita, Faulkner me permitiu penetrar em sua alma, e eu me comovi (e sofri!) com muita coisa que vi ali.

Nesse mundo em que vivemos somos bem rápidos para julgar, mas se pararmos por um minuto, e formos honestos com a gente mesmo, vamos nos deparar com falhas e pecados, segredos e mentiras que nós contamos para os outros, e para nós mesmos.

E como no caso de Sutpen, alguns segredos são mantidos em nossas almas não porque temos vergonha deles. Nem tudo o que escondemos, o fazemos por vergonha. Algumas vezes o fazemos por sentir alguma culpa, ou porque vivemos algo que nos era proibido, mas nem sempre escondemos algo porque temos vergonha, ou porque não foi algo bom.

Ao contrário! Algumas vezes existem momentos que são tão perfeitos, e onde nos sentimos tão completos e felizes, que não queremos dividi-los com mais ninguém, a não ser com aquele que esteve presente e foi cúmplice da nossa felicidade (Até porque, sejamos sinceros, mas tem alguma graça em se ser feliz sozinho? Eu particularmente penso que não!).

E eu penso que foi exatamente assim que os segredos de Sutpen se fizeram: de em momento vivido que foi tão perfeito (mas fortemente recriminado e proibido por sua consciência!), que não pode ser revelado ao mundo, nem muito menos aos seus descendentes. Acho que agora acabei fazendo o papel de advogado do diabo, mas a verdade é que quem não tem pecado, que atire então a primeira pedra. Sendo assim, quem sou para julgar Thomas Sutpen?

Ler ?Absalão, Absalão!? é uma experiência única, sensorial e tocante, que, para mim, foi muito maior do que eu sequer podia imaginar, e cujo final conseguiu me levar às lágrimas por tamanha beleza de uma narrativa poética, intensa e emotiva! Quanta perfeição em uma única história!

Não há como um único livro desse homem, desse gênio chamado William Faulkner não valer menos do que 5 estrelas. Na verdade, eu lhe daria um firmamento inteiro, porque não há como não me render à sua magnitude. De fato, eu me declaro aqui, para sempre, submissa a ele e a todas as suas magníficas obras!??
Ana Sá 18/04/2023minha estante
Flávia, eu antecipei Faulkner na minha lista 2023 por sua causa... E tenho a sensação de que as suas resenhas têm me preparado pra ele! Obrigada :) ??


Flávia Menezes 18/04/2023minha estante
Sério, Ana? Que bom isso! E eu tenho por mim que você não vai se arrepender! Ele é um mestre e apesar do trabalhinho que dá, vale muito à pena! Ficarei aguardando então suas impressões, amiga! ??


Geovana 18/04/2023minha estante
Ver sua resenha aguçou a curiosidade que tenho por esse autor. Talvez não demore muito para eu ler algo dele ?


talysmc 18/04/2023minha estante
Não li a resenha toda pq quero ler em breve Absalão e depois vou lembrar de voltar aqui, mas li o final e fiquei aqui com coração aquecido, por quê também sou apaixonado por Faulkner e quando me deparo com outras pessoas encantadas por ele fico maravilhado!


Flávia Menezes 18/04/2023minha estante
Leia sim, Geovana! Não posso dizer que é uma leitura simples, mas sem dúvida é muito rica! Espero que goste! Mas se me permitir uma dica?comece por ?Luz em Agosto?, pra ir se acostumando à escrita dele.


Flávia Menezes 18/04/2023minha estante
Talys, se você já gosta do Faulkner, então essa será uma boa leitura. Vale à pena!


Lista de Livros 21/04/2023minha estante
"O existencialismo e a fenomenologia não são abordagens que devemos compreender através do raciocínio lógico".
É interessante que recentemente li "A destruição da razão" de György Lukács e sua fala vai exatamente ao encontro da dele - Lukács expõe de maneira ácida todas as filosofias que têm por base o irracionalismo.


Flávia Menezes 21/04/2023minha estante
Doney, realmente? não são abordagens que conversam com o lógico. Até porque elas estão muito próximas de como foram os primórdios da filosofia, onde não se construiam conceitos fechados. Mas naquela visão de ?Eu só sei que nada sei?, que um dia o filósofo Sócrates filosofou sobre. E Faulkner é bem assim também. Lado a lado com essas filosofias.




Marcos606 12/04/2023

A narrativa principal, ambientada no Mississippi do século XIX, envolve Thomas Sutpen, um pobre homem branco das montanhas da Virgínia Ocidental que se rebela contra sua família e seu pai alcoólatra, sofre um insulto que muda sua vida por um servo negro, migra para o Haiti e torna-se capataz de uma plantação, casa-se, mas descobre que sua esposa é mestiça, e então se muda para o Deep South em 1833 para transcender suas origens humildes, estabelecendo e mantendo seu próprio regime escravista.

O título de Faulkner faz referência a Absalão da Bíblia hebraica (o Antigo Testamento), o filho rebelde do rei Davi.

Acompanhando essa história mítica está a luta de Quentin Compson, um jovem em Harvard décadas depois (e neto de um conhecido de Sutpen), para chegar a um acordo com sua região natal e sua cultura baseada em raça. Quentin conta grande parte da história em flashbacks, em resposta à pergunta de seu colega de faculdade sobre como é o Sul e se Quentin o odeia, e o relacionamento de alguém com a história e com os pecados do passado é uma das preocupações permanentes de Faulkner neste trabalho.

As lacunas e contradições expostas pelas múltiplas narrativas levantam questões epistemológicas sobre como sabemos o que sabemos sobre questões históricas.
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Brenda 22/03/2023

Uma leitura desafiadora, mas recompensadora
Esse livro é um quebra cabeças. Narrativas costuradas uma por cima da outra. Relatos e memórias de um homem que se recusam a ser esquecidos. Afinal, ele define o que era o Sul dos EUA. É por meio de sua história que Quentim explica a ascensão e queda de uma região que se firmou numa tradição excludente e predatória; valores que definiram seu declínio, após a guerra de secessão.
Obs: A leitura deve ser acompanhada da confecção de um linha cronológica, no mínimo ?.
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Francisco 15/11/2022

Thomas Sutpen: Ascensão e Declínio
Faulkner desenvolve aqui a ascensão e declínio da família Sutpen, cujo chefe, Thomas Sutpen, um descendente de escoceses nascido na Virgínia, parte ainda jovem para o Haiti em busca de riqueza e consequentemente poder para tornar-se um grande proprietário de terras. Ali chegado casa-se com a filha de um grande proprietário de canaviais, Eulalia Bon. Após dois anos a abandona à própria sorte com um filho ainda pequeno Charles.

Após abandonar Eulalia e Charles, Sutpen viaja para o condado de Yoknapatawpha, mais especificamente na pequena cidade de Jefferson, Mississipi. Neste local, constrói uma grande mansão em uma terra indígena sob a orientação de um arquiteto da Martinica e cem escravos que levaram a denominação de "A Centena de Sutpen". Os recursos financeiros utilizados por Sutpen em tal empreitada são um grande mistério para todos em Jefferson.

Ao estabelecer-se, Sutpen desposa Ellen Coldfield, filha de um aristocrata autóctone e tem com a mesma dois filhos: Judith e Henry. A partir de então a narrativa segue a juventude de Henry na Universidade do Mississipi e seu encontro com Bon, a participação de Sutpen nas Tropas Confederadas durante a Guerra Civil e os esforços de Thomas e Henry para evitarem que Bon despose Judith, mais para manter a "linhagem branca familiar" do que para evitar um relacionamento incestuoso segundo evidencia o próprio autor nas entrelinhas, tendo em vista o caráter dúbio do patriarca da família.

A história dos Sutpen é narrada por Quentin Compson, um estudante de Harvard e neto do único amigo de Thomas, o General Compson a seu colega de quarto, o canadense Shreve McCannon, uma personalidade muito interessada na história e nos costumes sulistas.

Algo que me chamou bastante atenção é que Faulkner retrata a corrupção do sistema social e sua impossibilidade de controlar seus "Thomas Sutpens" como um dos fatores determinantes que culminaram na Guerra Civil e impulsionaram o racismo étnico intrínseco à sociedade da época.

Uma curiosidade sobre esse livro é que o mesmo teve um de seus parágrafos inclusos no Livro Guiness dos Recordes de 1983 como o maior parágrafo já escrito em língua inglesa, com mais de mil e duzentas palavras.

Não posso afirmar que essa é uma leitura fácil, mas requer muita atenção e dedicação do leitor, pois a narrativa desenrola-se de maneira fragmentada e segue uma sequência não-cronológica e grandes parágrafos de fluxos de consciência (que me lembra "Ulysses" de Joyce), além disso contém muitos aspectos filosóficos e referências a tragédias gregas e outras obras poéticas como "Fausto" e "Manfred", obras que reforçam o caráter Gótico da obra em eis. No entanto, finalizo tal leitura recompensado por uma narrativa tão intrincada e poderosa que resenha alguma pode descrever. Portanto, essa é uma leitura mais que recomendada.
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Magasoares 05/11/2022

Absalão, Absalão
THOMAS SUTPEN: Nascido em 1807 nas montanhas da Virgínia Ocidental, um dos muitos filhos numa família de brancos pobres anglo- escocesa. Em 1883 arroteou uma plantação, a que deu o nome bde Sutpen's Hundred, na comarca de Yoknapatawpha, Mississipi. Casou com(1) Eulalia Bon no Haiti em 1827; e(2) Ellen Coldfiel em Jefferson, Mississipi, em 1838. Major, depois coronel de um Regimento de Infantaria do Mississipi, Exército dos Estados Confederados. Morreu em 1869 em Sutpen's Hundred.
EULALIA BON: Nascida no Haiti. Filha única de um plantador de açúcar haitiano de origem francesa. Casou com Thomas Sutpen em 1827, divorciou-se em 1831. Morreu em Nova Orleães em data desconhecida.
CHARLES BON: Filho único de Thomas Sutpen e Eulalia Bon Sutpen. Frequentou a Universidade do Mississipi, onde conheceu Henry Sutpen, e foi noivo de Judith. Soldado e depois tenente na Companhia Académica de um Regimento de Infantaria do Mississipi, Exército dos Estados Confederados. Morreu em Sutpen's Hundred em 1865.
GOODHUE COLDFILD: Nascido no Tenessi. Instalou-se em Jefferson, Mississipi, em 1828, estabelecido com uma pequena casa de comércio. Morreu em Jefferson em 1864.
ELLEN COLDFIELD: Flha de Goodhue Coldfield. Nascida no Tenessi em 1817. Casou com Thomas Sutpen em Jefferson, Mississipi, em 1838. Morreu em Sutpen's Hundred em 1863.
ROSA COLDFIELD: Filha de Goodhue Coldfield. Nasceu em 1845 em Jefferson, onde morreu em 1910.
HENRY SUTPEN: Nascido em Sutpen's Hundred em 1839, filho de Thomas Sutpen e Ellen Coldfield Sutpen. Frequentou a Universidade do Mississipi. Soldado da Companhia Académica de um Regimento de Infantaria do Mississipi, Exército dos Estados Confederados. Morreu em Sutpen's Hundred em 1909.
JUDITH SUTPEN: Filha de Thomas Sutpen é Ellen Coldfield Sutpen. Nascida em 1841 em Sutpen's Hundred. Foi noiva de Charles Bon em 1860. Morreu em Sutpen's Hundred em 1884.
CLYTEMNESTRA SUTPEN: Filha de Thomas Sutpen e de uma escrava negra. Nascida em 1834 em Sutpen's Hundred, onde Morreu em 1909.
WASH JONES: São desconhecidos a data e o local do nascimento. Posseiro de uma Cabana abandonada, junto ao rio, pertencente a Thomas Sutpen; parasita de Sutpen e capataz na propriedade enquanto Sutpen esteve ausente de 1861 a 1865. Morreu em Sutpen's Hundred em 1869.
MELICENT JONES: Filha de Wash Jones. É desconhecida a data do nascimento. Consta que morreu num bordel de Mênfis, Tenessi.
MILLY JONES: Filha de Melicent Jones. Nascida em 1853. Morreu em Sutpen's Hundred em 1869.
CRIANÇA SEM NOME: Filha de Thomas Sutpen e de Milly Jones. Nasceu e morreu no mesmo dia de 1869, em Sutpen's Hundred.
CHARLES ETIENNE DE SAINT VALERY BON: Flho único de Charles Bon e da amante octoruna cujo nome se ignora. Nascido em Nova Orleães em 1859. Casou emb1879 com uma negra de raça pura, de nome desconhecido. Morreu em Sutpen's Hundred em 1884.
JIM BOND(BON): Filho de Charles Etienne de Saint Valery Bon. Nasceu em Sutpen's Hundred em 1882. Desapareceu de Sutpen's Hundred em 1910. Paradeiro ignorado.
QUENTIN COMPSON: Neto do único amigo de Thomas Sutpen na comarca de Yoknapatawpha. Nasceu em 1891 em Jefferson. Frequentou a Universidade de Harvard em 1909/1910. Morreu em Cambridge, Massachusetts, em 1910.
SHREVLIN McCANNON: Nascido em 1890 em Edmonton, Alberta, Canadá. Frequentou a Universidade de Harvard entre 1909 e 1914. Capitão no Real Corpo Médico Militar, Forças Expedicionárias Canadianas em França, 1914/1918. É presentemente cirurgião em Edmonton, Alberta, Canadá.
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umafacasolamina 29/10/2022

enquanto aprendia aquela língua (aquele fino e frágil fio, disse meu avô, pelo qual os pequenos cantos e bordas da superfície da vida solitária e secreta dos homens podem unir-se por um instante, de vez em quando, antes de mergulhar de novo na escuridão onde o espírito gritou pela primeira vez e não foi ouvido e onde gritará pela última vez e tampouco será ouvido).
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Calebe 05/09/2022

Leitura em modo Hard
"Absalão, Absalão!" é o tipo de livro que é difícil acreditar que foi o trabalho de uma única mente. Faulkner vai longe e além com esse livro, utilizando todas as suas habilidades com maestria pra criar um retrato cru do Sul dos Estados Unidos e de como as histórias são passadas de geração em geração. O livro começa com o jovem Quentin Thompson escutando a história da vida de um antigo dono de uma plantação no condado de Yoknapatawpha chamado Thomas Sutpen, sua família e seu "império". E ao longo do livro vamos descobrindo essa história juntamente com Quentin. Sutpen é considerado por alguns como o próprio demônio e por outros como um grande homem, gerando uma diversidade de relatos nem um pouco confiáveis ao longo do livro, e muitas suposições dos próprios personagens sobre o que "provavelmente aconteceu".
Esse carrossel de narradores, misturado com o uso de fluxo de consciência e uma narrativa não linear faz com que o livro seja complexo por si só. Porém, se você se segurar e avançar apesar de tudo isso, vai se encontrar com um texto bonito, uma interessantíssima história, uma abundancia de personagens reais e complexos e um retrato atemporal do EUA e o racismo que vive em suas veias. Além de muito mais. "Absalão, Absalão!" é uma obra prima de seu título até sua última linha, é o tipo de livro que clama pela sua releitura, pra se abrir cada vez mais pra você e te mostrar uma nova faceta dos seres humanos e sua história.
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Karen 13/07/2022

Hipocrisia ou Ignorância?
Excelente livro, porém se arrasta em alguns momentos.
A mesma história sendo recontada por vezes me vez dar um tempinho da leitura aqui e ali.
Muito da história está no não dito ou falado ou escrito - o que torna a leitura mais instigante.
Uma época de sobrevivência, preconceitos e hipocrisias.
"... não estaria presente no dia em que o Sul perceberia que estava agora pagando o preço por ter erguido seu edifício econômico não sobre a rocha moral rígida, mas sobre a areia movediça do oportunismo e do bandidismo moral.".
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