Gabriel 04/06/2024
Romeu precisa de um analista
Romeu e Julieta é uma obra muito interessante para se refletir sobre as influências do amor romântico que ainda reverberam pela sociedade contemporânea.
Aquele desejo desenfreado de ver o outro, aquela necessidade patológica de se fundir aos pensamentos e necessidades, quase como uma simbiose dos indivíduos, ainda é muito presente na mente do jovem moderno. E quando esse amor não é correspondido, aí sim, serão litros e litros de lágrimas, cartas e mensagens de descrença no amor.
Essa clara instabilidade emocional e essa imatura visão de mundo é muito cativada por Romeu, que hoje seria um forte candidato ao uso de ansiolíticos e antidepressivos. Essa necessidade de amar e ser amado que pula de uma para outra, na mesma velocidade e intensidade que chegou a primeira, é o tipo de desordem emocional que daria um belo banquete ao terapeuta, mas o que mais me pega nessa obra é essa paixão pela paixão; é esse amor pelo sofrimento, se entregando tão intensamente ao objeto de desejo até que dele gera a própria morte.
O que Romeu sente é uma perda da própria autonomia e do próprio corpo, isso porque, em si mesmo, não tem controle e amadurecimento de ideias para com o seu próprio corpo e necessidades. Está tão vazio de si mesmo e tão desesperado por afeto que se entrega quase que patologicamente a qualquer mínima demonstração da mesma. E reclama da vida, se entristece por tudo porque dela ainda não achou o seu significado ou não tem hormônios suficientes para fazer dela uma lembrança feliz. Se tem um pensamento ruim, se deleita nele; se tem um pensamento feliz, nele faz morada.
Para Romeu, a vida está em seus extremos, uma patologia digna de um Borderline, mas que para ele é apenas a vida. A vida sendo incerta, caótica, nebulosa e instável, que é um dos lados da vida e que, infelizmente, é o único que ele consegue enxergar.