Júlia Fortuna 02/09/2023
"O paraíso está aqui, onde Julieta vive."
A peça em si, é uma leitura agradável mesmo sendo trágica. Toda a história é composta por sonetos feitos com extrema minudência, o que torna tudo ainda mais lindo.
Ademais, uma coisa que eu acho muito interessante, é que é falado sobre o fato do Shakespeare, na época, ter lido muitos poemas do poeta italiano Petrarca, que é retratado como "o poeta italiano do amor cortês", ou seja, tem aquela coisa de "mulher idealizada". Então, é dito nos textos introdutórios da edição, que Shakespeare adicionou umas cenas nas quais a Julieta era comparada a um anjo. Fixando assim, "a primeira vez que uma mulher foi comparada a um anjo."
Além disso, um fato extremamente minucioso (que eu vi em uma resenha a um tempo atrás), é que Julieta é uma menina de 13 anos, prestes a completar 14. Contudo, na edição original (inglês) em uma das cenas finais, no Ato V (quando a mesma vê Romeu morto), há basicamente um monólogo de 13 linhas de Julieta, onde a última palavra da última linha, é "DIE". É como se Shakespeare tivesse montado uma linha para cada ano de vida dela, isto é, a última linha ela se esfaqueia, comparado ao último ano de vida dela, a morte.
Resumindo, vale enfatizar que mesmo sendo uma obra trágica, tem várias cenas de alívios cômicos, ou seja, ela não é pesada o tempo todo. Há vários personagens, que de vez em quando, fazem um comentário engraçado que torna a leitura mais tranquila.
Obs: Shakespeare se inspirou em um poema preexistente, em outras palavras, a peça desses jovens trágicos, não foi totalmente criada pelo mesmo. Entretanto, dizem que esse poema não era lá grandes coisas, então foi como se Shakespeare tirasse leite de pedra.
"Estas alegrias violentas, tem fins violentos, falecendo num triunfo como fogo e pólvora, que num beijo se consomem."