Natanny 15/05/2024
"Eu cuidava que tinha feito quanto pude por ganhar o Paraíso, e agora vejo que sou lobo e não cordeiro."
Esta leitura foi feita para um trabalho da faculdade, onde eu teria que desenvolver uma análise crítica + resenha. Aqui irei postar somente a breve resenha normalmente, mas caso queira ler a análise completa, é só me seguir lá no instagram: @autora.nath | é só entrar no link da bio que todas as minhas resenhas estão lá :)
Gil Vicente, um dos mais proeminentes dramaturgos da literatura portuguesa do Renascimento, utilizou a obra "Auto da Barca do Inferno" como um veículo para uma crítica social incisiva. Esta peça, escrita em 1517, é uma sátira moralista que revela os vícios e pecados de diferentes estratos da sociedade de sua época. Mas não se deixe enganar; Vicente utiliza um formato alegórico, em que as almas dos mortos são confrontadas com suas ações em vida enquanto esperam na beira de um rio para embarcar em uma das duas barcas: a do Inferno ou a da Glória.
O autor concebeu a obra como parte de uma trilogia conhecida como "Trilogia das Barcas", que inclui também "Auto da Barca do Purgatório" e "Auto da Barca da Glória." Nesta obra específica, ele apresenta uma galeria de personagens típicos — incluindo um fidalgo, um onzeneiro, um frade corrupto, uma alcoviteira e um parvo — cada um representando um arquétipo social e moral específico. Através do diálogo e da interação com os barqueiros Anjo e Diabo, Vicente expõe a hipocrisia, a corrupção e os desvios morais que percebia na sociedade portuguesa do início do século 16.
O próprio autor, em suas notas e prefácios, explica que sua intenção era tanto moralizar quanto entreter, utilizando o humor e a ironia para tornar a crítica mais acessível ao público. Ele emprega o teatro como um espelho para a sociedade, onde as falhas humanas são expostas e julgadas de maneira pública e, ao mesmo tempo, convida os espectadores a refletirem sobre suas próprias condutas.
No fim, "Auto da Barca do Inferno" é uma peça que transcende o entretenimento, atuando como uma ferramenta didática e crítica, convidando à reflexão sobre a moralidade e os valores sociais. A obra de Gil Vicente continua a ser estudada e valorizada não apenas por sua qualidade literária, mas também por sua profunda relevância cultural e social.
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