Priscila 23/05/2022
Nesse livro, acompanhamos Emily e seu grupo de estudos na criação de uma máquina do tempo e como esse projeto muda e entrelaça pessoas, linhas do tempo e a história. A premissa desse livro é interessante, mas o desenvolvimento não.
Em cerca de 6% do livro já somos apresentados à cerca de vinte personagens e no resto do livro esse número se multiplica. A maioria dos personagens não têm características muito marcantes e cabe a nós, leitores, tentarmos lembrar de cada um. Para dificultar ainda mais, são criados diversos apelidos para os personagens e vários deles são desnecessários ou sem sentido, como chamar a Sonia de Sony.
Além disso, o livro muda de POV o tempo inteiro. Não só durante o livro todo, como durante os capítulos. Um recurso utilizado é citar os nomes dos personagens no cabeçalho do capítulo. Mas isso não funciona muito, já que alguns capítulos tem muitos pontos de vista, por exemplo, um dos capítulos tem sete pessoas citadas no cabeçalho. Esse livro tem até o ponto de vista de uma gata, essa como um ser pensante.
Adicionando à confusão que é esse livro, ele tem três linhas do tempo diferentes e se passa em diversos anos. Logo no início, vi que seria quase impossível entender qualquer coisa da história sem anotar as informações e o reiniciei. E o livro também não é linear e não segue uma cronologia padrão. É quase um desafio entender o que está acontecendo e quem são os personagens.
A narração é em terceira pessoa e me pareceu um tanto inconstante. Em alguns momentos temos os pensamentos dos personagens de forma literal, em outro temos incerteza, tipo: "eles pensavam X ou poderia ser Y ou até Z". Eu achei as metáforas do livro insignificantes, a escrita simples, os diálogos rasos e a narração fria. O livro também precisa de uma revisão.
Senti falta de mais detalhes em algumas situações, como detalhar a viagem no tempo de uma forma mais complexa. Também achei que a vilã não foi desenvolvida de uma forma satisfatória; ela não recebe nenhuma punição o livro inteiro e o final se dá de forma pouco crível.
O livro se inspira em acontecimentos reais e isso é interessante, principalmente a explicação no final. Ele não tem representatividade para além de citar pessoas de raças e etnias diferentes no contexto do livro e usa de um termo errado para se referir a pessoas autistas, no livro é citado "autismo severo" e isso é um termo incorreto já que autismo não é um transtorno ou doença para ter grau e, sim, existem pessoas que precisam de diferentes níveis de suporte.
Quase abandonei esse livro, mas continuei porque ele é curto. Recomendo caso você tenha interesse em ver uma viagem para o passado, já que este é mais citado que o futuro. Mas, sugiro que faça anotações durante a leitura para entender um pouco melhor.