O Leopardo (Obras-Primas 11)

O Leopardo (Obras-Primas 11) Tomasi di Lampedusa




Resenhas - O Leopardo


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Felipe1503 01/07/2021

Caixão não tem gaveta
"Vêm ensinar-nos boas maneiras, mas não poderão fazê-lo porque nós somos deuses. Creio que não compreenderam, mas riram e foram embora. O mesmo respondo ao senhor, meu caro Chevalley: os sicilianos não quererão nunca melhorar pela razão simples de que se julgam perfeitos; a sua vaidade é mais forte que a sua miséria;"

A brevidade da vida se torna muito latente no decorrer dos dias de Don Fabrízio. A decadência que o Leopardo vai passando mostra como nós mesmos vamos sendo substituídos com o passar do tempo por pessoas mais jovens e atualizadas.
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Francisco 23/01/2021

Uma história da Sicília dos tempos de Garibaldi
A história se passa na época do "Risorgimento", um período da unificação do território italiano e do desembarque do general Giuseppe Garibaldi na Sicília.

O protagonista é Fabrizio Corbèra, Príncipe de Salina, um astrônomo e aristocrata de Palermo e "signore" do feudo de Donnafugata que vê a chegada de Garibaldi em território siciliano e o desfecho de combates pela unificação como fatores decisivos para o declínio da supremacia aristocrática.

Outros pontos de desenvolvimento no romance são a predileção de Fabrizio por seu sobrinho Tancredi Falconeri, o relacionamento com seus sete filhos no cotidiano, seus problemas matrimoniais com sua esposa Maria Stella e a opressão de Garibaldi e seu "novo" governo sob a classe de camponeses sicilianos. Vale ressaltar que o título da obra é oriundo do brasão da casa de Salina, um leopardo.

A obra narra os acontecimentos na "villa" Salina entre maio de 1860 e maio de 1910 e dessa forma torna-se possível conhecer um pouco sobre os costumes sicilianos da aristocracia da época, bem como suas angústias, receios e inimizades.

O romance é escrito com uma maestria e estética diferente de tudo o que já li, com uma linguagem rebuscada, descrições de muitas situações, reflexões e sentimentos dos personagens e muitas referências mitológicas e a outras obras clássicas. Recomendo essa leitura para quem aprecia obras clássicas históricas e almeja conhecer um pouco sobre o processo de formação da Itália.
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Lis 12/12/2020

Gostei bastante
O livro tem digressões muitíssimo interessantes sobre a relação do homem com o tempo, que já valem a pena. Mas o que mais admirei foi que o protagonista é completamente apático e distante, contemplativo, e mesmo assim nos afeiçoamos a ele, damos razão e entendemos suas amarguras e melancolias. Ou seja, mesmo um protagonista enfadonho nos traz muitas reflexões e uma boa história, o que já é de louvar o autor.

Outro ponto interessante é que o romance mostra a alternância de classes no poder, o que não significa uma alternância de pessoas ou famílias. Como disse Tancredi, se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude. E ele, mesmo sendo um aristocrata, se une à revolução, à burguesia, a fim de sempre estar no foco dos acontecimentos e se manter no poder. Ou seja, é um universo de formas fixas, mudando a bandeira, a designação da classe social, mas não mudando em sua essência.

E por fim, o livro também deixa claro que muitas vezes é preciso se curvar à força do vento, invés de propor-lhe resistência e correr o risco de se quebrar. Personagens que não foram maleáveis ou não souberam aproveitar oportunidades tiveram finais mais amargos do que aqueles que jogaram o jogo, que se adaptaram às mudanças em curso e tiraram proveito disso.
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Dani 07/12/2020

Opinião
Maaaaaais ou menos.
Alguns trechos muito bem escritos.
Para quem pensa em fazer a leitura, não crie expectativas relacionadas à climax. Praticamente não há uma história, um enredo.
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Emanuel Xampy Fontinhas 09/10/2020

...
Esse é um daqueles livros que já não se fazem mais, com um vocabulário rebuscado e uma miríade de figuras de estilo que saltam aos sentidos. Muito bom de ler para quem gosta de literatura mais tradicional, talvez requeira uma contextualização da época e do lugar retratados, mas nada que tire o prazer de se ler essa sensível história sobre transição de eras.
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Silvana (@delivroemlivro) 02/10/2020

O último felino da espécie
"Coisas ruins, pedrinhas leves que precedem a avalanche. (...) as mil astúcias às quais o Leopardo devia ceder, ele, que por tantos anos havia afugentado as dificuldades com um gesto de pata."

Sai aristocracia, entra burguesia. E o animal, consciente do seu perecer iminente, agoniza. Mas essa despedida não tem ares de revolta: é melancólica, lírica e, sobretudo, lúcida!

"Pertenço a uma geração desgraçada, a meio caminho entre os velhos tempos e os novos, que se sente desconfortável nos dois."

1860-1910: 50 anos de uma Sicília em transformação: 275 páginas. A maior ilha do Mediterrâneo e que fica perto do "dedo" da "bota" da Itália é também personagem. Um personagem amaldiçoado: pelo clima, pela geografia, pela História e, especialmente, pelo caráter orgulhoso e irascível do povo siciliano. Essa é a visão desse Leopardo agonizante.

"(...) os sicilianos não vão querer melhorar nunca, pela simples razão de que se creem perfeitos; sua vaidade é maior que sua miséria. (...) nesse sentimento de superioridade que lampeja em cada olho siciliano, que nós mesmos chamamos de orgulho, e na realidade é cegueira. (...) Eles vieram para nos ensinar boas maneiras mas não vão conseguir, porque somos deuses."

A sociedade muda, o poder troca de mãos já a natureza humana... O que se perde e o que se ganha no processo, as transformações sociais revestidas de evolução, o que precisa morrer para que algo novo surja, as alianças que precisam ser firmadas para que algo do passado sobreviva no futuro. O Leopardo entre essas forças opostas. Esse ser imponente, culto, nobre, majestoso e agora... inútil! Há um novo rei na savana reivindicando o trono: é o dinheiro. E o o último felino da espécie, com sua visão aguçada, o recebe dessa maneira:

"Nós fomos os Leopardos, os Leões; os que vão nos substituir serão os chacais, as hienas; e todos eles, Leopardos, chacais, hienas, continuarão se acreditando o sal da terra."

E Tancredi, claramente um animal híbrido, profetiza: "Se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude."

Um livro perfeitamente equilibrado, a leitura é acessível sem deixar de lado o apuro, a sofisticação da escrita. E destaco aqui algo difícil de se encontrar: o perfeito uso do subtendido, do não dito. O narrador também é interessante especialmente quando oferece acontecimentos que são saltos temporais à narrativa: "Acreditavam-se eternos: uma bomba fabricada em 1943 em Pittsburgh, Pensilvânia, devia provar-lhes o contrário."

Também é bom registrar que a trama será muito melhor apreciada por quem possui conhecimentos históricos sobre a Itália desse período. Confesso não ter sido meu caso mas, ainda assim, considero a jornada extremamente proveitosa.

Outro aspecto a ser considerado é que, apesar de não se tratar de um romance inacabado, é perceptível a falta de uma espécie de costura nos capítulos finais. Descobriu-se depois capítulos inacabados do autor que morreu em julho de 1957. O romance, após ser rejeitado por editoras, com o esforço de amigos e familiares de Lamepdusa, foi publicado em novembro de 1958. Se tornou o romance mais popular da Itália no pós-guerra e, em 1959 recebeu o Strega, prêmio literário italiano de maior prestígio.

Enfim, uma leitura melancólica mas sem excessos sentimentalistas, poético sem causar diabetes, pessimista mas sem provocar desespero: lúcido. Em suma, um perfeito equilíbrio em forma de livro: muito obrigada Giuseppe Tomasi di Lampedusa por esse único romance magistral!
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Glauber 09/09/2020

É preciso mudar para tudo continuar igual.
Um clássico da literatura italiana, este livro retrata o contexto em que a Itália estava se unificando enquanto nação, em uma transição do sistema monárquico para o sistema burguês.

Acompanhamos o ponto de vista de um Príncipe, em meio às decadências do seu modelo de vida.

Mas há uma frase emblemática na obra, que diz algo como: é preciso mudar para tudo continuar igual.

A mensagem é forte e torna a obra universal.

Valeu a leitura.
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Peterson Boll 11/07/2020

Joia da Literatura Mundial
Quiçá um dos maiores tratados literários já feitos acerca da passagem do tempo. Lampedusa utiliza-se de uma prosa poética, encantadoramente carregada de sabedoria nas suas entrelinhas, nos seus comentários. Suas descrições sobre os recintos, sobre os lugares onde a história se passa é de um rigor e imaginação fantásticos.

Sempre me foi vendido como a narração da decadência da aristocracia siciliana frente a unificação da Itália (alguns até já o nomearam como "E o Vento Levou" da Sicília), mas "O Leopardo vai muito além disso. Aliás, parece (parece) que seu estilo de permear a história com comentários espirituosos chegou a Saramago, mestre nisso.

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Ricardo 26/05/2020

Eis um caso de filme muito melhor que o livro....
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R...... 08/04/2020

Edição Nova Cultural, 2003
Romance italiano, de grande prestígio naquela nação, como retrato pragmático da decadência aristocrata e ascensão burguesa em fins do século 19.

Além do contexto social no recorte temporal, a obra tem inspirações na biografia e experiências de vida do autor, transmitindo bastante veracidade ao retrato histórico em evidência.

Dom Fabrizio, Príncipe da Sicília, da "Casa dos Leopardos", é cercado de caracterizações em que o leitor percebe que destoa do contexto. Sutis ou não, positivas ou não...

Na representatividade da nobreza, sua cultura diferenciada fica em paralelo ao meio sem essa caracterização (mesmo em ascensão, como a burguesia); a altura elevada é como se evocasse a elite dominante, que tem nele o último representante de classe opulenta de outros tempos; e a idade avançada, septuagenário, como se denotasse estilo ou classe antiga no contexto atual (que revela-se rejuvenescido por novos modelos e percepções da sociedade).

O romance vai por aí, no retrato de fim de uma era, com desbotamento da nobreza e projeção da burguesia.

A história em si não foi empolgante em minha leitura, tendo como fator instigante o texto de Lampedusa, diferenciado em vários momentos, com metáforas curiosas e bonitas sem afetação.

Veja, por exemplo, o primeiro parágrafo do Capítulo III, em idealização sobre esperança. E o Capítulo VII, como em "átomos do tempo que evadiam do espírito e para sempre o deixavam", num paralelo sobre a morte, como se narra sobre o príncipe, em devaneios e digressões poéticas ao longo do capítulo, onde "o fragor do mar aplacou-se de todo".
Na minha opinião, que é nada de um nada, o texto de Lampedusa transmite a esse romance beleza que a história em si não tem.
É o magnetismo da palavra e da história bem contada...

Dom Fabrízio faz jus ao reconhecimento como príncipe não só por título. É um nobre de fato e direito. Porém, mesmo em seu glamour carismático, o autor sutilmente atribui-lhe também aspectos e experiências que denotam um fim a isso, tipo uma desglamourização (se é que essa palavra existe...). Vemos em caçada falha como não fora em outros tempos; em jantar com inconveniência de uma mosca; a ida para badalado baile em carruagem com realidade não tão portentosa assim; o desajuste com a realidade em ascensão dos novos tempos; postura muitas vezes antiquada; e até mesmo em revelações da vida conjugal... constrangedoras...

Além do nobre em extinção, destaque para Angélica que, tal qual o príncipe para a nobreza, é metáfora para a burguesia em ascensão, tendo poder, mas aquém da fidalguia d'outros tempos... do príncipe siciliano... Assim como Tancredi, sobrinho de Fabrizio, que ilustra adaptação e ajustamento entre entre esses dois mundos. Coisa necessária diante de tudo o que o livro retratou, encerrada na frase mais conhecida do romance, logo no primeiro capítulo: "Se queremos que tudo fique como está é preciso que tudo mude".

Vou encerrar mencionando também personagem pouco lembrado desse livro, mas com algo significativo: Bendicó (se vira aí se não conheces). Vou te contar, não é exagero dizer que o leopardo foi transmutado nele no final, numa metáfora ao envelhecido, empoeirado e descartado diante dos novos tempos.

Ah, acredito que a obra tem momentos que pedem notas de rodapé, não encontradas nessa edição.

E mais uma leitura na quarentena....
Peterson Boll 11/07/2020minha estante
A metáfora de Bendicò no último parágrafo é um lembrete para cada um de nós




Gustavo.Borba 19/01/2020

Ocaso de um felino
#LivrosQueLi



O leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Ed. Companhia das Letras. Uma família aristocrática da Sicília pré-unificação tem como brasão o leopardo. Seu patriarca, dom Fabrizio Salina, o último dos aristocratas, se identifica com esse símbolo. As mudanças ocorridas pelo processo de unificação e a crescente influência da nascente burguesia afetam a todos, mas os modos aristocráticos de dom Fabrizio lhe possibilitam passar pelo processo, ainda que não sem sentir internamente seu ocaso enquanto classe e enquanto modo de vida. Tancredo, seu sobrinho órfão e então tomado como afilhado pelo ?leopardo?, e sua esposa, Angelica, representam esse processo de transformação. Angelica, filha de um bem sucedido novo burguês, representa a nova classe dominante, proprietária de terras, muitas das quais adquiridas de aristocratas, e que surge como uma oportunidade para que Tancredo, representante da aristocracia, mas disposto a se adequar ao novo estado de coisas, continue desfrutando dos privilégios de sua classe, agora transpostos à burguesia. Todo esse processo é visto aos olhos de Fabrizio, a quem o fim de uma era e o nascimento de uma nova é visto com indiferença, mas com pesar pela perda do que existiu. Um lento crepúsculo de uma era. Uma leitura com traços dos antigos romances construídos com cuidado.





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Kaio 17/01/2020

Decadência
Um romance histórico sem muito apego aos acontecimentos. Quase uma "antibiografia", onde, ao invés dos feitos gloriosos do patriarca, é narrado a decadência de uma família aristocrática que não se susteve diante do movimento de unificação da Itália da segunda metade do século XIX e da ascensão da burguesia.

Diferente dos costumeiros romances históricos, a obra dispensa heróis e mocinhas e dá espaço a personagens concretos, quase reais, dialogando e digladeando com valores e orgulho.

Por fim, a linguagem utilizada é sensivel e poética. Embora seja bastante consoante um certo elitismo em sua construção.

Sem dúvida, um grande clássico!
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EduardoCDias 03/09/2019

História vazia...
Adoro romances históricos, mas esse não me conquistou... os personagens são profundos, mas achei a história vazia, apesar de estar inserida na unificação da Itália. Tive a sensação de rodar, rodar e chegar ao fim sem um real objetivo.
Joanapcf 03/09/2019minha estante
:(




Maitê 21/02/2019

Achei que esse livro não tinha um começo, o primeiro capitulo é de uma rapidez que parece que a maratona já começou a algumas horas e você chegou tarde e tem que correr muito para tentar acompanhar. E eu fiquei sempre com a impressão que não conseguia.
Fiquei esperando deparar com uma narrativa mais tradicional. chegar a algum lugar onde eu pudesse acompanhar o desenvolvimento, mas novamente, só continuava a correr.
Até chegar ao último capítulo, e depois de décadas, chegar lá finalmente.
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