O centésimo em Roma

O centésimo em Roma Max Mallmann




Resenhas - O centésimo em Roma


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jonatas.brito 25/03/2017

Surpreendente!
Para alguém que cresceu ouvindo de seu pai histórias da Roma imperial, como eu, foi praticamente impossível segurar a ansiedade e as grandes expectativas pela leitura do incrível “O Centésimo em Roma”, do brasileríssimo escritor Max Mallmann. Se você é como eu – que não dispensa um bom romance histórico – este livro, lançado em 2010 pela editora Rocco, é uma verdadeira aula de história. Ambientado no século I da era cristã, o autor abre-nos as comportas de uma Roma em plena crise política, econômica e social; compreendendo assim o período histórico conhecido como o “Ano dos Quatro Imperadores”, mais precisamente entre 68 e 69 d.C. É durante a batalha entre romanos e germanos nas fronteiras do império que o autor nos apresenta seu protagonista: o centurião Publius Desiderius Dolens que, embora plebeu, tem como ambição tornar-se um legítimo cavaleiro romano, nem que ele tenha que pagar para isso. Dolens quer mudar sua história, apagar seu passado que tanto lhe envergonha e ascender-se socialmente para, assim, ser respeitado e temido.

Configurando-se como o autêntico anti-herói, Dolens está longe de possuir valores nobres e sua postura não é nada exemplar, contudo, ele pode facilmente cair na graça e empatia do leitor, como ocorreu comigo. O livro é narrado em terceira pessoa, ora por um narrador onisciente, ora por uma testemunha ocular dos fatos, o legionário e braço direito do protagonista, Trebelius Nepos.

Apesar de o enredo passar-se em plena guerra civil romana, o leitor não encontrará cenas descritivas de batalhas. O foco do autor é narrar as altas conspirações políticas (a verdadeira guerra dos tronos), onde testemunhamos a ascensão e queda de personalidades históricas como Nero, Galba, Otho e Vitellius. Mas, nem por isso sua leitura deixa de ser emocionante, pois, tendo sempre como prioridade sua promoção profissional, Dolens vê-se impelido a participar ativamente na morte de membros do senado e até imperadores.

Boa parte da trama se desenvolve ao redor do misterioso assassinato do senador Quintus Trebellius Longinus, pai de Nepos; cujo principal suspeito é o líder de uma seita religiosa em ascendência em Roma, cujos seguidores são denominados cristãos (vale lembrar que estamos no século I d.C. e o cristianismo ainda estava engatinhando).

Para que está achando que se trata de uma leitura densa e pesada, engana-se! Até então, não me recordo de ter rido tanto durante a leitura de um livro. O autor desenvolveu uma narrativa onde a ironia, a comicidade e o sarcasmo são os ingredientes principais e seu protagonista é o próprio pícaro em pessoa. Tudo isso, aliado a uma descrição enxuta e precisa dos fatos mais relevantes dessa época torna a experiência de ler “O Centésimo em Roma” única e inesquecível.

Este romance consumiu do autor quatro anos e meio entre pesquisas, criação e publicação. Dessa maneira, tenha o futuro leitor a certeza de tratar-se de um trabalho histórico excelente, em nada devendo a outros autores contemporâneos do gênero (exceto pela ausência das batalhas sangrentas), mas que, não obstante, preocupou-se em aproximar do mais real e (des)humano possível seus personagens, históricos e ficcionais. Com este livro, o autor provou que, com uma boa base de pesquisa, é possível escrever sobre culturas e contextos históricos distintos mesmo sem nenhuma ligação direta com eles. Leia e comprove!

Este livro também dispõe de mapas do império romano e uma lista dos personagens. Na internet tem-se à disposição vários vídeos de entrevistas com o autor em que ele revela todo o curioso processo de desenvolvimento do romance, especialmente suas principais influências e fontes de pesquisa. O que me deixou bastante triste foi saber que o autor – a quem rapidamente me afeiçoei – faleceu recentemente, em novembro de 2016, aos 48 anos, vítima de câncer.

site: http://garimpoliterario.wordpress.com/2017/02/14/resenha-o-centesimo-em-roma-max-mallmann/
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Na Literatura Selvagem 30/05/2016

O centésimo em Roma, de Max Mallmann
Ambientada no século I depois de Cristo, O centésimo em Roma fala sobre a vida de um centurião chamado Desiderius Dolens, e ao longo de suas 425 páginas, vivenciamos junto com o protagonista aventuras que beiram o cômico em sua jornada para virar um cavaleiro, e deixar para trás a vida de plebeu...

O sonho de Dolens é fazer parte da nobreza, mas isso parece ser um sonho distante. O dinheiro que ele ganha em seu trabalho mal dá pra sustentar as contas de sua família, composta por mãe, irmã, escrava e esposa, pois seu pai é dado como morto, após ter abandonado o lar... Dolens ganha a fama de Carniceiro de Bonna, por ter matado centenas de pessoas sozinho durante um ataque e logo fica conhecido por sua força, mas a população de Roma mal sabe o que realmente aconteceu...

Dolens precisa de duzentos e cinquenta mil sestércios para se tornar cavaleiro, mas ocorrem vários imprevistos e ele nunca consegue juntar a quantia, então se vale de articulações políticas que logo caem por terra, e então ele é nomeado chefe de guarda dos urbanicianos, posto não muito louvável, diga-se de passagem. Logo ele se vê investigando um suposto assassinato, e essa investigação vai lhe render encontros e embates com cristãos que são suspeitos pelo crime. Em paralelo, tem que se desdobrar para manter a família confortável, defender o imperador, não importa quem ele seja - e tentar alçar o posto tão cobiçado, tudo isso contado com uma ironia refinada por parte do autor Max Mallmann.

leia mais em

site: http://torporniilista.blogspot.com.br/2016/05/o-centesimo-em-roma-de-max-mallmann.html
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Roberval 19/01/2013

Sempre começo a leitura de um romance histórico com os dois pés atrás, pois são normais as falhas ou mesmo a falta de uma pesquisa histórica razoável, daquelas que não subestimam a cultura do leitor.

Em O CENTÉSIMO EM ROMA o autor traz como brinde uma avançada pesquisa histórica, detalhista e didática, mas que em vez de tornar a leitura pedante a deixa ainda melhor. O principal, a história de Publio Desiderius Dolens, um oficial de origem plebeia que almeja desesperadamente ascender na sociedade romana, traz personagens fictícios tão bem construídos que ao se misturarem a personagens históricos durante a narrativa acabam criando um interessante jogo de "verdadeiro ou falso" que pode "confundir" até quem se julgue especialista em história romana.

A história se passa no conturbado período da guerra civil que devastou Roma entre os anos de 68 e 69, quando o império teve em seu trono 5 imperadores (Nero, Galba, Ótão, Vitélio e finalmente Vespasiano) quando as falhas do sistema monárquico vieram à tona e mesmo assim a elite política preferiu acomodar-se aos fatos do que buscar uma alternativa. Nesse período ainda eram fortes as lembranças dos tempos republicanos quando ao menos entre os poderosos havia uma liberdade que os levava a questionar abertamente a ordem vigente. Pois o autor consegue não apenas inserir seus personagens fictícios nas aflições do período assinalado como também faz sair da boca de personalidades históricas frases que de fato foram ditas (e registradas) sem que se tornem alegorias inúteis no texto, muito pelo contrário, dão impulso à história e caracterizam melhor a época em que se passa.

A narrativa em terceira pessoa é entremeada por "comentários" do senador Nepos que anos mais tarde se torna uma espécie de cronista dos tempos da Guerra Civil e focaliza o período nas aventuras do Centurião Dolens, a quem trata com surpreendente reverência apesar dos excessos reconhecidos. E novamente aquele delicioso jogo do "verdadeiro ou falso".

O "Carniceiro de Bona" e o aristocrata jovem e honesto formam uma dupla de amigos improvaveis, tão próximos nas ações e tão distantes no julgamento dos fatos. Um que quer ascender a todo custo e outro que quer ser reconhecido pelos próprios méritos. Até que ponto a admiração que um parece nutrir pelo outro é genuína?

O romance ainda tem cenas de ação contadas com agilidade de fazer perder o fôlego e insere figuras comuns à Roma do período, tais como judeus acomodados, cristãos subversivos, gladiadores celebridades, políticos corruptos, legionários das mais diversas etnias que habitavam o império, oficiais cruéis, charlatães e uma multidão de oportunistas que tenta se aproveitar das sucessivas mudanças de poder para tirar algum proveito para si.

Quem já leu os romances históricos (ou ficção histórica, se preferir) de autores consagrados como GORE VIDAL ou ALLAN MASSIE poderá constatar que MAX MALLMANN nada lhes deve em pesquisa histórica mas com certeza ganha no senso de humor e na fina ironia. Vou aguardar ansiosamente por mais romances históricos do autor de O CENTÉSIMO EM ROMA.
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Antonio Luiz 14/04/2012

Em Roma, como os romanos
O Brasil tem uma forte tradição em romances históricos, que inclui seu primeiro romance de qualquer gênero (Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida), O Guarani, de José Alencar e, para dar exemplos mais recentes, Agosto de Rubem Fonseca e Desmundo de Ana Miranda. Mas praticamente todos se restringem ao passado do próprio Brasil: raros se aventuram em história antiga ou medieval, talvez por receio de serem escorraçados ao visitarem território tradicionalmente reservado a autores da Europa e América do Norte e ridicularizados como imigrantes sem documentos.

Se acaso é assim, é um desperdício. Para se constatar que é perfeitamente possível a um brasileiro escrever boa ficção histórica sobre a Antiguidade, basta ler O Centésimo em Roma (Rocco, 423 páginas, R$ 49, também disponível como e-book) do escritor e roteirista gaúcho Max Mallmann, autor também dos romances Síndrome de Quimera e Zigurate e do roteiro da telenovela Coração de Estudante. A recriação da civilização romana do tempo de Nero e do Ano dos Quatro Imperadores não deixa nada a dever a romances estrangeiros comparáveis.

O primeiro deles que vem à mente ao se ler este livro é Asteca, best-seller de 1980 do estadunidense Gary Jennings mais tarde dividido, por razões editoriais, em dois volumes, Orgulho Asteca e Sangue Asteca, que teve várias sequências e ainda é bem vendido. Não só pelo trabalho sério e fiel de reconstrução da história de uma civilização desaparecida, como também pela semelhança dos protagonistas.

Assim como o Mixtli de Jennings, o Desiderius Dolens de Mallmann (as conotações dos nomes são propositais) é um cidadão livre de origem humilde que aspira a se tornar um nobre honorário, tem intimidade com todas as camadas sociais, vê sua própria sociedade com senso de ironia e apesar de não estar no topo da cadeia alimentar, está sempre no meio dos eventos mais decisivos de seu tempo.

Dolens não pensa como Júlio César, que dizia preferir “ser o primeiro numa aldeia que o segundo em Roma”. Ele se satisfaria com ser o “centésimo em Roma”, como dizia um personagem do conto “Um homem célebre”, de Machado de Assis, mas parece condenado à frustração e à obscuridade de uma morte como plebeu, apesar de sua dedicação à Pátria e de ser notável, à sua maneira, em sua mistura de qualidades e defeitos, coragem e covardia.

Mixtli é um ex-diplomata, guerreiro e comerciante asteca bem educado que narra sua história em primeira pessoa a um inquisidor espanhol. Já Dolens é um centurião romano íntegro e competente, mas inculto, cuja vida é narrada por um subordinado aleijado, culto e nobre, Trebellius Nepos, que depois se tornaria um historiador menor. Os capítulos de seu livro se alternam com narrativas mais detalhadas em terceira pessoa, apresentadas como especulações “ficcionais” a partir da história “real” que ele conta. A trama é mais complexa que a de uma mera história de detetive (embora esse elemento esteja presente), mas Dolens e Nepos são quase como Sherlock Holmes e o Dr. Watson. Apesar das frequentes desavenças, um e outro aprendem a se respeitar e admirar, ainda que não a se compreenderem totalmente enquanto lutam para sobreviver a tempos difíceis e imprevisíveis.

Em alguns aspectos, Centésimo é superior a Asteca. A exatidão das descrições de cenários e costumes é comparável, mas Dolens é mais convincente como romano do que Mixtli como asteca. O herói de Jennings é demasiado atípico, tanto pela carreira inusual quanto por seus pontos de vista. Despreza o cristianismo tanto quanto os sacerdotes e as práticas sacrificais da civilização na qual foi criado e frequentemente pensa como um estadunidense liberal obrigado a se encarnar no corpo de um mexica. Sacerdotes cristãos e pagãos são retratados de maneira igualmente caricata. Já Dolens apresenta um misto de respeito aos deuses tradicionais, superstição, blasfêmia e ceticismo que seria de se esperar de um romano popular de seu tempo e Nepos pensa como bom filósofo estoico (inclusive quando o comandante o manda limpar latrinas). Ambos desprezam os cristãos, como também seria de se esperar, mas estes são retratados com equilíbrio em sua combinação de coragem, lealdade e estúpido fanatismo.

Claro que é muito mais difícil para um estadunidense se imaginar asteca do que para um brasileiro se pôr na pele de um romano. São valores e costumes que não nos são tão estranhos – vale lembrar o título de um conhecido romance epistolar de uma governanta do século XIX, Ina von Binzer: “Os meus romanos: alegrias e tristezas de uma educadora alemã no Brasil”. O autor pode até se dar ao luxo de fazer alusões sutis a costumes e problemas brasileiros modernos sem cometer anacronismos.

Por outro lado, o conhecimento histórico que se tem da Roma do século I é bem mais rico e detalhado do que da civilização asteca pré-colombiana, o que deixa menos espaço para a imaginação e mais para erros embaraçosos – mas ainda assim, o brasileiro se sai muito bem.

E ainda melhor no que se refere a fazer personagens secundários, principalmente os femininos, parecerem reais. As muitas mulheres da vida de Mixtli são todas lindas e maravilhosas como um sonho, correspondem às suas fantasias e se dividem em dois grupos: doces relações casuais e paixões avassaladoras com finais trágicos. As de Dolens são mais palpáveis como personalidades próprias, independentes e imperfeitas, que lhe dão tantas satisfações e dores de cabeça quanto seria de se esperar de uma vida real. Além de se dividir entre a esposa bonita e briguenta que trouxe da Germânia, a prostituta velha que conhece desde a juventude e o desejo impossível por uma jovem aristocrata que o despreza, não consegue (nem quer) deixar de lado, o centurião sustenta a mãe, uma irmã viúva e uma escrava, nenhuma das quais submissa ao atribulado pater familias. Quanto a Nepos, é discreto sobre sua vida sexual, mas sua principal relação é com um seu escravo.

Centésimo também se sai melhor no equilíbrio de peripécias trágicas, cômicas e eróticas da trama. Jennings abusa do melodrama e dos extremos de felicidade, prazer, ferocidade e desgraça, enquanto Mallman oferece mais quotidiano e meios-tons sem ser por isso menos interessante. A rotina melancólica dos bordéis e tavernas da Suburra (bairro boêmio e pobre onde vive a família de Dolens) e dos quartéis das cohortes urbanae (o equivalente romano da nossa polícia militar, sem nada do prestígio das legiões e da guarda pretoriana) se mostram tão fascinantes quanto a queda de Nero e as intrigas da sucessão. Enquanto Asteca fervilha de bizarrices eróticas que devem muito mais à fantasia do autor do que a fontes históricas, Centésimo faz um retrato balanceado da sexualidade romana, sem sensacionalismo. Os diálogos vivos e convincentes, as intrigas e as ironias certeiras dos personagens garantem o encanto e a diversão mesmo quando os gládios estão embainhados e as túnicas vestidas.

O texto inclui alguns anacronismos intencionais, tais como citações de autores modernos inseridos no texto, inclusive trechos de Shakespeare, Churchill e Machado de Assis. Os mais sérios se integram bem na trama, mas aqui e ali se tornam óbvios demais– por exemplo, uma frase da Marselhesa no discurso de um senador, uma alusão a um clichê de cinema, versões latinas de lemas de torcidas de futebol brasileiras numa partida de harpastum (jogo romano de bola semelhante ao rúgbi) – e arranham a verossimilhança sem necessidade, pois os sarcasmos de Dolens, as manias de nobres e plebeus e a ironia intrínseca das situações em que se metem são muito mais eficazes como humor sem quebrar a consistência.

Anacronismos involuntários são imperceptíveis, salvo, talvez, nomes alemães modernos como Köln (Colônia) nas bocas de germanos da época de Nero e Tristram (e Tristanus em latim) para um bretão, quando essa é uma variante medieval do nome Drust (latinizado Drustanus no século V) de vários chefes pictos da história real (e não, o personagem nada tem a ver com o amante de Isolda). Há também um ou outro despejo de informação que poderia ter sido mais hábil – por exemplo, um texto atribuído a Nepos se demora a explicar o significado de Dolens em latim, o que não caberia no texto de um intelectual romano escrevendo a seus pares.

O único ponto em que este romance fica a dever ao de Jennings é na amplitude do cenário: enquanto Mixtli explora todo o mundo conhecido dos astecas, a ação do Centésimo se concentra em Roma, salvo ao insinuar, no final, eventuais sequências que poderiam se estender a outras partes do Império Romano. Se estas vierem a existir, com certeza serão igualmente dignas de interesse e leitura. O Brasil de fato conseguiu conquistar Roma, como escreve Mallmann na conclusão de seu posfácio: “bárbaro contemporâneo, cruzei o portão da Urbe não como quem invade, e sim como quem toma posse. A Roma Antiga não pertence apenas (…) aos europeus (…) A Roma latina é uma herança que também é minha, e hoje, com a voz e com as palavras que tenho, eu a reivindico”.
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Junior Cazeri 10/07/2011

Romances históricos seguem, invariavelmente, por dois caminhos claros e distintos: ou são ótimo, ou péssimos. Não há meio termo para julgá-los. O Centésimo em Roma, quinto romance do autor e roteirista de TV Max Mallman, felizmente, pertence ao primeiro e seleto grupo. A partir de uma sólida pesquisa, e armado com o bom humor que já mostrou na séries “A Grande Família” e “Carga Pesada”, Mallmann faz um retrato rico e divertido de uma Roma que você nunca imaginou ter existido, indo do trágico ao absurdo com uma naturalidade contagiante. É começar a ler e não querer parar mais.

Anti-herói de elmo emplumado

Desiderius Dolens é um centurião que sai da Germânia e volta para Roma, a capital do mundo, no ano de 68 d.C., com a promessa de uma promoção e de se integrar a aristocracia local. Logo, seus planos são frustrados e ele precisa se conformar com um cargo de baixo nível em uma sociedade corrupta e caótica. Plebeu, pobre, com uma herança de loucura familiar, cheio de inveja dos poderosos, com uma queda por jogatinas e bebedeiras e com dívidas onerosas a pagar, Dolens se encaixa perfeitamente no grande palco do absurdo que é o último ano de reinado do imperador Nero.

Conhecido como o Carniceiro de Bonna, o centurião deseja chegar a posição de cavaleiro, obtendo status e deixando para trás sua história familiar humilhante. Para isso, vai ter que usar muito dos seus punhos e espada e controlar suas ironias, que cascateiam de sua boca num jorro infindável. Entre legionários, senadores, gladiadores, curandeiros e alguns imperadores, o personagem fictício vai escrevendo sua história entre fatos verídicos do século primeiro.

Terrorismo Cristão

Não bastasse ter que compreender os hábitos de uma cidade que se curva diante dos mandos e desmandos dos poderosos, Dolens ainda precisa lidar com o misterioso assassinato de um senador, cometido pelo que tudo indica, por fanáticos de uma nova religião estrangeira, conhecidos por cristãos.

O choque religioso entre a cultura politeísta dos romanos com as idéias de um Deus único dos cristãos, oferece alguns dos momentos mais divertidos da trama (que me perdoem os evangélicos fervorosos, mas é a verdade). Sem ofender ninguém, Mallmann tem a habilidade de apresentar as questões básicas da doutrina cristã com um finíssimo bom humor, destacando todas as incongruências da religião, como existem em todas, quando vista pelos olhos de um incrédulo militar romano.

Política Corrupta como Hoje

As tramóias e maquinações políticas, que conduzem a trama tanto quanto a busca de Dolens por status, são um espetáculo a parte. Mesmo permeando a narrativa com ótimos momentos de ação, em lutas armadas e com as mãos nuas, são nas táticas políticas vulgares e gananciosas que o livro se destaca. Acompanhar a deposição de imperadores, a ambição dos senadores, o descaso com a plebe e os ganhos por suborno e outros métodos ilícitos, nos faz ver que a velha Roma não é tão distante assim da nossa realidade, e que nem dois mil anos bastaram para construir uma ética verdadeira nesse tema.

Dolens odeia os poderosos, os aristrocratas ricos que controlam o poder público, mas não se nega a servi-los diante de promessas de ganhos pessoais. A raiva do poder se dissipa diante da possibilidade de tê-lo nas mãos. Essa dualidade ética, com ordens absurdas e execuções sangrentas, aproxima o centurião romano de qualquer profissional buscando uma promoção no mundo corporativo moderno. Dolens é como um executivo que vê a mesa da diretoria a sua frente e não mede esforços para alcançá-la, custe o que custar.

Metrópole Suja e Vulgar

Roma, a cidade, é umas principais personagens da narrativa. Os quatro anos de pesquisa do autor para concluir sua obra, descritas em detalhes nas notas ao final do livro, serviram para dar vida às descrições da cidade, e afastá-la definitivamente do ideal romantizado mostrado no cinema e nas séries de TV. A capital do mundo se mostra suja, barulhenta, com o cheiro de esgoto enchendo o ar, o chão repleto de lama, e a vulgaridade vinda da falta de moral dos cidadãos compondo um cenário aterrador. Das belas casas dos senadores, até o bairro pobre de Suburra, tudo o que se vê é o lixo, físico e humano, a ocupar espaço.

Mesmo com tantos defeitos manifestos, Dolens, como todo bom anti-herói, mostra em certas passagens que é um homem de bom coração, preso a um antiquado código de conduta quando em combate, que mantém os amigos por perto, e os inimigos mais próximos ainda. Luta com suas forças por aquilo que todos nós queremos hoje, dinheiro, conforto e reconhecimento, mesmo que para isso tenha que partir algumas cabeças.

Um ótimo livro, não só para os amantes dos romances históricos, mas também para todos que gostam de histórias divertidas, irônicas, com personagens marcantes e situações absurdas. Vai ser difícil superar a obra de Max Mallmann como melhor livro de autor brasileiro esse ano.

Resenhado no http://cafedeontem.wordpress.com/
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Ricardo 14/03/2011

Supreendente
Esse livro foi uma ótima surpresa pra mim, por que não esperava muito dele quando comecei a lê-lo.
Li a coleção "O Imperador" do Conn Iggulden um pouco antes de iniciar esse livro e, como o meu amigo que me emprestou o livro disse que o mesmo não tinha muitas cenas de batalha, acabei criando um pré-conceito do livro.
Isso por um lado foi muito bom, por que o livro me surpreendeu. A narrativa do autor é muito boa e o personagem principal conseguiu me cativar.
O livro realmente não se compara à obra de Iggulden quando levamos em conta as batalhas, mas é muito bom no que se propôs a mostrar.
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Psychobooks 30/01/2011

A história nos transporta para uma época em que Deuses, como Baco e Saturno, ainda eram cultuados e a filosofia era extremamente popular em Roma.


Publius Desiderius Dolens é um ‘soldado’ (centurião pilus posterior da segunda centúria do primeiro manípulo da quinta coorte da Legio Prima Germanica) veterano se aproveitando de um apelido (Carniceiro de Bona) – não totalmente verdadeiro – para ser reconhecido e temido.

Desde cedo Dolens almejou riqueza e prestígio trabalhando duro como soldado, sempre buscando cargos cada vez mais altos para que pudesse alcançar o que tanto desejava: poder.

Mas faltava uma coisa para que ele conseguisse chegar ao tão sonhado cargo: um berço de ouro.

Por mais que se esforçasse, Dolens estaria sempre um passo atrás da nobreza, perdendo suas chances para ‘filhinhos de papai’.

Mas quando Dolens volta para a Germânia para se tornar o novo primus pillus dos pretorianos (uma espécie de segundo em comando de uma polícia local), um acontecimento envolvendo um senador pode ser o empurrão que ele tanto esperava para a riqueza ou o início de sua queda para a ruína…

Confesso que apesar de ter adorado, o começo da leitura me deu a impressão daquela típica história de muitos livros: um tanto parada, sem despertar a atenção do leitor nas primeiras páginas.

Mas pouco a pouco a personalidade dos personagens foram sendo construídas com o decorrer da história.

O Carniceiro de Bona, quando foi incumbido de investigar o assassinato do senador, se deparou com duas possíveis soluções do caso (uma delas sugerida pelo seu ‘padrinho’ Quintus Trebellius Nepos), que num primeiro momento não seriam as verdadeiras, mas que iriam satisfazer a todos, mesmo que a pessoa acusada não fosse o verdadeiro assassino.

Dolens, é o típico “macho” mas que em algumas ocasiões me arrancou boas risadas e mesmo com a imagem de um homem temido, ele é uma pessoa simples e principalmente justa.

Como disse acima, demorei um pouco até me habituar ao estilo da leitura, mas apesar disso adorei o livro que é rico em descrições e detalhes. Desde a primeira linha fica visível que o autor - Max - procurou fazer o melhor nesse livro, se aprofundando em pesquisas para que o cenário e até o ‘dialeto’ ficasse o mais fiel possível à época.

Na minha opinião, faltou um glossário, alguns diálogos ficaram estranhos devido algumas palavras em grego ou latim. Claro que muitas delas - mesmo sem glossário - acabam sendo ‘explicadas’ no próprio contexto da frase.

Gostou? Acesse:
http://www.psychobooks.com.br/2011/01/resenha-o-centesimo-em-roma.html#comments
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Jorge 19/01/2011

Todos os caminhos levam a Roma.. Nenhum tem volta
Sou um grande fan de ficção histórica e de tudo o que é relacionado a antiguidade clássica, tendo lido e relido desde "Os Últimos Dias de Pompéia", "Quo Vadis", "Ben-Hur", "Eu, Claudius, Imperador", "Spartacus", "Os Idus de Março", "Memórias de Adriano", a série de livros do Marco Didio Falco, e sem número de outras obras... E o livro do Max não fica devendo nada a estes e em muitos aspectos supera em muito estas obras vetustas.

O personagem principal, Desidério Dolens, plebeu, ex-legionário, morador da Suburra, a zona proletária de Roma, é retratado como um Ulisses urbano,lutando contra seus Polifemos e Circes, enfrentando sua condição social adversa, sua própria brutalidade e sua falta de jeito na interação social, enquanto busca a ascensão para a classe social imediatamente acima da sua, a dos Cavaleiros.

Dolens, por indicação de amigos, assume o posto de comandante das coortes urbanas, o equivalente ao serviço de polícia de uma cidade moderana. Dolens se envolve com o assassinato de um rico senador que por acaso é o pai de um dos seus subalternos imediatos.

Embora haja um crime e Dolens seja o encarregado de descobrir o culpado, "O Centésimo em Roma" não é uma trama policial e Dolens não é o seu típico herói de ação: complexo e complexado, chefe de uma familía onde a diversidade cultural e sexual impera, Dolens está sempre envolvido demais com os seus próprios problemas e assombrado pelos seus fantasmas do passado.

Max desenvolve uma trama que é um prazer imenso de ler e reler, cravejada de referências tanto a Shakespeare quanto a cultura popular do Brasil do século XXI, povoada por personagens inesquecíveis, tanto históricos, como o futuro imperador Domitianus, como puramente ficcionais, tais como sua família, o cãozinho perneta ou o homenzinho indonésio.

Como eu disse acima, sou calejado em ficção histórica situada no mundo greco-romano clássico, mas mesmo assim, ao chegar ao final de "O Centésimo..." fiquei com um nó na garganta e me despedi de Desidério Dolens, sua família, subordinados, amigos e adversários como quem se despede de velhos companheiros.

Livro estupendo escrito por um mestre consumado na arte de contar uma trama rocambolesca que entretem, diverte e até mesmo instrui.

Sigam o meu convite e tomem o caminho apontado por Max para a Roma dos Césares, mas cuidado leitor! Este caminho não tem volta, pois certamente você será capturado por esta prosa fantástica.





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Lucas Rocha 27/11/2010

Imperdível
Tenho para mim que o estilo romance histórico é o que demanda mais trabalho para um autor, não só na já tradicional pesquisa minuciosa para reproduzir o modo de vida de uma época remota e muito distante, mas também para tornar a história autônoma, fazer com que ela pulse vivacidade pelos personagens, suas ações e a atmosfera que os envolve. Do contrário, tudo se transforma em uma aula chata e maçante de História.

É nesse ponto que o autor sul-rio-grandense-carioca Max Mallmann consegue se destacar: é notável – e admirável – toda a pesquisa que envolve o conteúdo do livro ‘O Centésimo em Roma’ (editora Rocco, 424 págs). Sentimos o cheiro das vielas romanas e a textura das togas de seda tão desejadas pelos plebeus, assim como rimos e choramos das tragédias e desventuras pessoais de cada um dos personagens sem que a História (com H maiúsculo) seja a protagonista do romance, mas apenas sua assistente pessoal. Lendo a parte final do livro, na qual o autor descreve os modos e os métodos de que se utilizou para a pesquisa histórica de seu romance, não podemos duvidar da paciência, força de vontade e curiosidade de Max Mallmann.

Vamos ao romance: de volta de uma campanha na Germânia que lhe conferiu a alcunha de ‘Carniceiro de Bonna’ (rumores afirmam que ele chacinou toda uma cidade repleta de crianças, mulheres e idosos sem piedade ou remorso), o centurião Desiderius Dolens se vê em uma Roma decadente, poluída de governantes corruptos e moscas insistentes por voar em rostos alheios. Ambicioso, Dolens tem a pretensão de ascender socialmente para se tornar um cavaleiro da guarda real, mas suas dívidas e sua falta de contatos proíbe que ele consiga atingir seus objetivos. Ao invés disso, ele é designado para comandar uma das coortes urbanas (um tipo de guarda urbana), fatia mais baixa e decadente dos postos militares.

O assassinato de um senador leva Dolens a investigar um grupo de religiosos fanáticos que têm como figura princial um homem preso em uma cruz (a.k.a. cristãos), principais suspeitos pelo crime. E, durante essa investigação, Dolens vê desfilar a sua frente um grupo de personagens que podem ajudá-lo ou atrapalhá-lo em sua tão sonhada ascensão. O centurião não está interessado em resolver o mistério, mesmo com as insistentes investidas de Nepos, filho do senador assassinado e braço direito de Dolens.

Apesar da orelha do livro tratar o assassinato como tema principal do livro, a trama de ‘O Centésimo em Roma’ não se concentra na resolução do crime do senador. O romance prefere mostrar o cotidiano de Dolens e dos personagens que o envolve, bem como suas tramas políticas, suas decisões insanas e seus exageros homéricos (sim, eu me permiti esse trocadilho infame).

Os personagens são, de longe, a parte mais interessante da história: constroem-se aos poucos, apesar de serem muitos. Somos apresentados à escravos, imperadores, cachorros mancos, pigmeus e bois torturados com a mesma paixão e bom humor. Apesar de Dolens ser o personagem principal, não há como não ser cativado pelas ações da curandeira Eutrópia, da escrava Olívia ou do pobre coitado Nepos, sempre levado a limpar latrinas.

A dinâmica do livro também é interessante: mistura dois tipos de texto, sendo o primeiro o do romance tradicional, com diálogos sobre diálogos e descrições sobre o que acontece na hora em que a história é contada; e o segundo com um estilo mais formal e histórico, um tipo de biografia histórica e fictícia que conta a História de Desiderius Dolens sob a perspectiva de Nepos. A princípio, achei a narrativa um pouco maçante e demorada, mas foi questão de tempo até que me adaptasse a ela.

Outro fator que não poderia deixar de lado é o humor que a história traz impregnada em cada uma de suas páginas. Há momentos em que você deve se segurar para não soltar uma gargalhada - principalmente se estiver lendo o livro em transportes coletivos. Cenas como a de Dolens presenciando um ritual cristão ou mandando o pobre coitado do Nepos limpar latrinas (mais uma vez!) são simplesmente imperdíveis.

A miscelânia entre personagens e situações fictícias e reais é de fazer o queixo cair. Sou um conhecedor tão bom de Roma quanto sou de entropia, por isso fiquei realmente surpreso quando percebi que todos os quatro imperadores que desfilam por Roma durante o romance realmente existiram e que Max Mallmann tentou retratá-los da forma mais fiel que as fontes históricas os descreviam – um era mais louco que o outro, é impressionante. Essa mescla entre ficção e realidade e essa confusão de não ter certeza absoluta sobre o que é história e o que é História deixa as coisas ainda mais interessantes.

Enfim, creio que não preciso de mais recomendações positivas para que você corra atrás desse livro e o leia o quanto antes. O que está esperando, que Roma pegue fogo de novo? (Oh, não, mais trocadilhos imbecis?! Desculpe, eu juro que é o último).

Tenham uma excelente leitura e vivam um pouquinho do século I. Não tenho dúvidas de que será uma ótima experiência.
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Dani.Stfn 20/11/2010

O Centésimo em Roma conta a história de Publius Desiderius Dolens (esse não é o único nome difícil de decorar), que vem da Germânia para sua cidade natal, Roma. Ele é conhecido como o Carniceiro de Bonna (por ter matado uma vila inteira, incluindo crianças, mulheres e velhos) e sonha em ingressar na Ordem dos Cavaleiros, e finalmente deixar de ser um plebeu miserável. O máximo que ele consegue, é se tornar o chefe da guarda dos urbanicianos, a ralé da polícia local. O prêmio de consolação faz com que Dolens continue tão plebeu quanto antes, e agora suas tarefas são controlar arruaceiros, escoltar figurões a prostíbulos e investigar a morte de um senador da República. Ao que tudo indica, o nobre senador foi assassinado por integrantes da misteriosa seita dos cristãos, fanáticos que cultuam um judeu crucificado.

No começo, o livro me pareceu bastante parado e pensei que não conseguiria ler até o final, mas me enganei (como sempre me engano). Dolens é um dos personagens mais legais que eu já vi, ele não é o tipo de herói modelo, ele é sarcástico, fala palavrão, bota todo mundo para correr, mas mesmo assim possui um bom coração. Ele é a típica pessoa que sonha alto, que quer ser rico, ter um posto e melhorar de vida, mas como a vida é irônica, parece que nada dá certo.

A melhor parte da história, é que ao lê-la, você realmente se sente na Roma Antiga, é como se você acompanhasse os personagens pelas ruas, visitasse cada casa e conhecesse cada um deles. Max Mallmann escreve muito bem, é detalhista e te prende na história que é cheia de humor, pelo incrível que pareça (e eu que pensava que o livro é sério).

Outro personagem que adorei é Quintus Trebellius Nepos (no livro, você encontra vários capítulos escritos por ele, como se fossem trechos de um livro que ele escreveu. O resto é descrito em 3ª pessoa do ponto de vista de Dolens), um dos legionários, ajudante de Dolens e também filho do Senador que foi assassinado. Eu o achei bondoso e do tipo certinho, ele só ficou meio histérico quando tentou se vingar da morte de seu pai, então acabou apelando pela maldade.

Quanto a tal morte do Senador, achei o desfecho bastante sem-graça. Esperava mais, tinha várias hipóteses e todas foram pelo esgoto abaixo de Roma. Mas acho que também, dependendo do ponto de vista, não foi previsível, pelo menos, para mim. Achei que faltou um pouquinho mais de trama na história, algo que te prendesse de verdade, além da morte misteriosa, mesmo assim valeu muito a pena ler o livro, é realmente uma bagagem cultural. Sem falar que adorei as palavras em latim, já que sempre quis aprender esse idioma magnífico.

Para saber mais, segue o link: http://spleen-juice.blogspot.com/2010/11/o-centesimo-em-roma.html
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Eduardo Daniel 14/09/2010

Uma das melhores qualidades que um romance histórico pode ter é não depender da história (com h) para que a sua história aconteça, essa já era a minha opinião, e O Centésimo em Roma sustenta isso muito bem. Sem negligenciar a história.

Acompanhando a volta de Desiderius Dolens para a cidade em que nasceu somos colocados em bons lugares para ver um profissional exercer o seu ofício. Que não é o legionário experiente, conhecido como o “Carniceiro de Bonna”, mas do escritor Max Mallmann . A maneira como ele estruturou o livro, sozinha, já bastaria para fazer do Centésimo um livro interessante, mas, o estilo se soma. E sobressai. Hora com humor, hora com crueza, e sempre com ótimos diálogos e ritmo.

A parte histórica (do romance histórico) também está lá. E não sufoca. O que não a torna menos acurada, mas, é controlada, realmente pontual, mostrando o que precisa, explicando o necessário, bem usada no serviço da trama e no desenvolvimento dos personagens.

Distante quase dois mil anos do nosso tempo, a história desse livro ainda consegue ter uma coisa notável, atualidade. Porque as cidades, alguns costumes, e principalmente as roupas, mudaram, e muito, já as pessoas, nem tanto assim.
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