Helo 21/01/2013
As amarras da televisão
Sobre o enredo: Tavinho é um menino totalmente dependente do mundo da televisão. O garoto não consegue se desgrudar da telinha, tanto que possui três aparelhos no próprio quarto; chegou a dar nomes á eles. Tavinho esconde da família e das pessoas próximas o fato de não possuir imaginação. Ele não consegue formular na cabeça as cenas mais simples, como a clássica em que Alice, de “Alice no País das Maravilhas”, atravessa um espelho. Essa parece ser uma das razões para o menino ser tão dependente da TV.
É quando, por razões desconhecidas, todos os televisores do país ficam fora do ar sem previsão de retorno. Privado de seu hobby favorito, Tavinho terá que se livrar de sua dependência do mundo da televisão, ao passo em que tenta descobrir uma “cura” para a sua falta de imaginação.
Minha opinião: Eu digo, com toda a convicção, que este livrinho foi um dos que me fez pegar gosto pela leitura. Ganhei-o de uma amiga da minha mãe á muito tempo; acho que eu não devia ter mais de dez anos. E li e reli umas cinco vezes, no mínimo. A história é divertida, inteligente, tem linguagem simples e de fácil compreensão e prende você até as últimas páginas.
O livro é recheado de momentos cômicos. Foram várias ás vezes em que eu fiquei rindo sozinha enquanto lia; Tavinho ás vezes é bastante birrento, o que é, ao mesmo tempo, engraçado e irritante. As cenas de bate-boca entre ele e a irmã mais velha também são divertidas. Até as cenas em que Tavinho dialoga consigo mesmo (a história é narrada por ele) podem te fazer dar boas risadas.
Outro ponto forte são os personagens interessantes e carismáticos, que tornam a história mais rica e divertida. Temos a irmã mais velha de Tavinho (cujo nome nunca ficamos sabendo, assim como os dos pais, da tia e do avô do menino), que mesmo sendo implicante e bancando a “dona da verdade”, o ajuda bastante ao longo do livro. Há também o cego Raiban, amigo do garoto, que mesmo sendo deficiente visual consegue “enxergar” mais longe que muita gente, inclusive o próprio Tavinho. E por último, mas não menos importante, temos o Mil Caras, um maluco que incorpora as mais diversas figuras famosas, divertindo as pessoas. Tavinho demonstra ter verdadeiro pavor dele; o próprio autor comenta que Mil Caras representa a imaginação, que sendo desconhecida por Tavinho, o deixa bastante assustado.
O livro, apesar de ser destinado ao público infantil, faz uma crítica social pesada: o quanto a televisão foi capaz de alienar o povo brasileiro, que se vendo sem a telinha, entra em verdadeiro colapso. Com Tavinho, o autor nos mostra o ponto absurdo em que a situação chegou: uma criança sem qualquer entrosamento com os parentes, totalmente ligado aos televisores, achando que sua vida se resume á eles. A imaginação, tão presente em crianças em sua idade, não parece existir dentro dele. Tudo sendo reprimido pelas amarras da televisão.
Definitivamente, o livro merece ser lido. Não só por crianças, mas também por pessoas de todas as idades e que, ainda, se veem tão dependentes da televisão. Esse livro faz você parar para refletir sobre esse assunto, e pode mudar a sua maneira de enxergar essa situação.