Thainá - @osonharliterario 28/08/2018Obra essencial para a Literatura Nacional e a vivência no NordesteO livro conta a história de Carlinhos, um menino que aos 4 anos de idade presencia a morte da mãe e a prisão do pai, culpado pelo assassinato da esposa.
Ao ficar desolado e sem a companhia dos pais, o garoto é mandado para morar com o avô materno, o velho José Paulino, dono de um engenho de açúcar. Lá o jovem descobre o primeiro amor, a dor de outras perdas, as brincadeiras inadequadas e levadas dos primos, o carinho materno da tia Maria, os “puxões de orelha” da Sinhazinha, as maleficências das relações sexuais sem prevenção, entre outros acontecimentos que rodeiam a sua infância e são contados a cada capítulo.
Além de abordar a infância do personagem principal, tanto o lado positivo como também o negativo do ato de crescer, a obra também traz um tema recorrente no Nordeste e de suma importância para ser debatido em qualquer momento: a seca do sertão. Transparece as dificuldades enfrentadas pelas secas e chuvas em excesso, a perda dos alimentos e as enchentes que levam grande parte dos bens materiais do povo pobre.
O livro consegue transmitir a realidade de um menino perdido, sem rumo, sem saber como prosseguir depois de tantas perdas irreparáveis: a morte da mãe, a morte da prima Lili e o abandono da tia Maria. Mostra as consequências de uma infância má aproveitada e que obriga o amadurecimento precoce de um garoto. Esse amadurecimento precoce não é imposto pela sociedade, como acontece muitas vezes na atualidade, mas pelo próprio garoto que se vê na necessidade de se tornar um homem melhor do que o seu pai foi.
Outro ponto que chama a atenção e pode incomodar, o qual me afetou, é a fala machista do personagem. Em vários momentos somos obrigados a acompanhar um pensamento machista, que, infelizmente, é característico da época e do meio em que ele vive. Por isso é importante se ater a época em que a obra foi escrita para sabermos que o discurso machista era considerado “normal” e habitual, não podendo assim julgar a história pelo meio em que foi escrita. É necessário diferenciá-los e separá-los, pois ao contrário a leitura se tornará penosa e ofensiva.
Resenha completa no blog Sonhando Através de Palavras
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