José Martino Escritor 18/07/2010Sobre Menino de EngenhoMenino de Engenho é a primeira obra do ciclo da cana-de-açúcar e também a mais importante (o passar dos anos não significou necessariamente um amadurecimento ou uma evolução em sua obra). Quase toda a obra do autor é vazada através da memória, uma busca pelos tempos “idos e vividos”.
A narrativa de Zélins é espontânea e leve, dando a impressão de pouca elaboração e um quase desprezo com a preocupação estilística. Nada mais errôneo. Esta seria a única maneira adequada de se narrar a história contada pelo menino Carlinhos, sem ferir a verossimilhança.
Neste romance, Zélins retrata o interior paraibano com sua cultura da cana-de-açúcar e a vida nos engenhos.
José Lins do Rego escrevia em cadernos escolares e, na capa de Menino de Engenho, havia o seguinte nome com as primeiras palavras riscadas: “Memórias de um Menino de Engenho”.
Menino de Engenho foi imediatamente aclamado pela crítica como um grande romance. Gastão Cruls cita a maneira sem pretensão como o livro foi narrado, “sem arrebiques de estilo e a despreocupação dos adjetivos, sem torneio de períodos e a balofa retórica da nossa falsa literatura”. O grande êxito de Menino de Engenho está em sua capacidade de ser verdadeiro e a obra nasce diretamente da vida. O seu estilo beira à oralidade. Mas uma oralidade eivada de lirismo. José Lins do Rego conta-nos o que viu e viveu no sertão nordestino.
Segundo José Aderaldo Castelo, este romance está impregnado de ternura e intensidade humana.
Conta-se que antes de escrever Menino de Engenho, José Lins desejava apenas escrever a biografia de seu avô, o velho José Lins, um representativo senhor de engenho.