spoiler visualizarNalia 11/06/2020
Por fora, bela viola, por dentro...
A obra de Raul Pompéia, produzida em 1988 é um dos grandes marcos do romantismo brasileiro. Contando a vida de Sérgio, um menino de onze anos que ingressa em um renomado colégio do Rio de Janeiro, o Ateneu. Podemos considerar um romance auto biográfico, pois a vida do personagem principal passa pelos mesmos dilemas que ocorreram com o escritor. Além das imensuráveis apologias ao pensamento republicano, a narrativa foca nas marcas negativas de uma educação agressiva na alma de uma criança.
Dividido em 12 capítulos, o narrador satiriza seu principal tema, nomeado de "crônica de saudades" onde é evidente a repulsa do escritor a esse período de sua vida. Ao decorrer da obra, somos afogados na vida do garoto que está a viver um "mundo novo", doloroso, já que antes nunca havia deixado os carinhosos laços familiares, onde agora é exposto a desgastantes regimes de severa autoridade do tirano diretor, que embora severo, é omisso quanto aos terríveis acontecimentos do colégio. Sérgio é persuadido a encontrar um rapaz mais velho, para que tenha proteção, onde retribuiria com sexo. Enojado, ao negar se é afogado por seus colegas, e um deles o salva, Sanches. Se tornam amigos, porém, com o passar do tempo, Sérgio compreende que seu amigo também queria favores sexuais, e se afasta. Um assassinato é marcante no decorrer da narrativa, onde a causa seria uma linda e nada inocente mulher, por quem o narrador tem grande desejo. Após dois anos de sua jornada no Ateneu, Sérgio se infecta com sarampo, e se resguarda em quarentena com a doce Emma, esposa do diretor, onde ambos desenvolvem um relacionamento ediposo.
É comum acreditarmos que a obra é uma vingativa pessoal ao diretor, visto que ao fim, o colégio sofre um devastoso incêndio criminal.
A mente conturbada do autor, teria dado a luz a uma estrela cintilante, se não lhe faltasse demasiado talento para a tão pobre descrição dos personagens e fatos ocorridos, e embasamento de tempo e espaço precários, fazendo com que ao menor descuidado, o leitor perca partes importantes do texto, e não compreenda as demais.
Outro ponto amargamente explorado, é a "alma artística" do personagem, que certamente serviria para caracterizar e dar personalidade. A crônica possui uma grande originalidade, e bom embasamento filosófico, mas Raul Pompéia, não possui nenhuma habilidade para a narrativa romântica.