Guerra em surdina

Guerra em surdina Boris Schnaiderman




Resenhas - Guerra em Surdina


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Edu001 13/12/2023

O homem comum na guerra
A Segunda Guerra sobre o olhar da Força Expedicionária Brasileira. Porém, não o olhar de oficiais e políticos com suas pomposidades e discursos inflamados, mas do cidadão comum, paisano, convocado - em sua maioria de forma obrigatória.

Em outro país, destruído e com a morte tão próxima, os medos, as angústias, as privações, o preconceito, a saudade. E para lidar com tudo isso, a banalidade, o conformismo, a ironia, o desprezo. Saem da ditadura varguista para lutar pela liberdade e pela democracia contra os fasces e os nazis em solo europeu, voltam para o Brasil como heróis num afã popular inimaginável. Por pouco tempo. A ditadura tupiniquim se vai, mas a sociedade e mesmo os "novos" políticos ainda são os mesmos, e logo a glória passa e a pobreza, a desigualdade e a burocracia voltam à vida dos homens que conseguiram voltar da guerra.

Afinal, lutaram pelo quê?
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Renata 03/07/2015

Em 2015 completamos setenta anos do fim da segunda grande guerra, da qual o Brasil tomou parte a partir de 1944. O livro "Guerra em surdina", do ucraniano naturalizado brasileiro Boris Schnaiderman conta um pouco desta história.

Pense em um autor em russo: Dostoiévski, Górki, Maiakóvski, Pasternak, Tolstói, Púchkin, Tchékhov. Schnaiderman verteu para o português obras destes e de outros. Isso porque veio para o Brasil ainda criança, mas manteve o vínculo com o idioma russo em casa.

Guerra em surdina conta a história do sargento João Antônio, estudante de medicina que é convocado para a guerra às vésperas do embarque das tropas brasileiras. João Antônio tem muito da história de Schnaiderman, que para conseguir validar seu diploma de agrônomo e conseguir trabalhar no Brasil, conforme conta em várias entrevistas, precisava se naturalizar e prestar serviço militar.

Schnaiderman, assim como seu João Antônio acreditavam na legitimidade de ir à guerra, de defender a democracia, ainda que vivessem em um regime acusado de flertar com o fascismo.

O ponto forte deste livro é justamente partir de uma ótica geralmente ignorada quando se trata de histórias oficiais de guerra, a ótica de quem esteve no campo de batalha. Schnaiderman conta a história de soldados de improviso, sem treinamento, obrigados a participar de uma luta que não consideravam sua, sentindo que tiveram suas vidas vendidas pelo governo em troca de um bocado de dólares.

"Os homens foram mandados para exame de saúde. Ficaram descalços e de busto nu, andando de sala em sala da Policlínica Militar. De vez em quando, entravam numa sala, onde eram submetidos a exame sumário.
O médico militar encarregado do Exame Neuropsíquico nem erguia os olhos do papel em que vinham impressas as perguntas que devia fazer.
– Gosta da vida militar?
– Não, senhor.
– Pretende fazer carreira no exército?
– Não, senhor.
– Houve algum louco em sua família?
– Não, senhor.
O médico rabiscava “normal” na ficha e gritava:
– O seguinte!"

A classe média que se fazia representar na imprensa e que foi para rua pedir a entrada do Brasil na guerra não atravessou o Atlântico para lutar, segundo Schnaiderman estes foram muito poucos diante da massa de brasileiros pobres, manobrados, maltratados, expostos à toda sorte de abusos que durante um ano passaram pelo processo de desumanização que forja o soldado em uma guerra.

A narrativa de Schnaiderman é coisa à parte, de deixar tonto mesmo com a troca de um narrador onisciente para a narrativa em primeira pessoa de João Antônio, depois que entendi o que estava acontecendo parei de me perder. Bom livro, para ler sem parar.
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SILVIA 25/04/2016

Interessante
Meus comentários estão no blog.

site: http://reflexoesdesilviasouza.com/livro-guerra-em-surdina-de-boris-schnaiderman/
Ricardo Rocha 27/04/2016minha estante
blog?
Universo dos Hormônios?


Ricardo Rocha 27/04/2016minha estante
brincando... (=


Ricardo Rocha 27/04/2016minha estante
brincando... (=
mas qual o link do literário?


SILVIA 02/05/2016minha estante
Achei que aparecesse o link que eu acrescento à resenha...
Foi bom você ter me avisado...
Segue: http://reflexoeseangustias.com/2016/04/25/livro-guerra-em-surdina-de-boris-schnaiderman/


SILVIA 02/05/2016minha estante
Atualizei meu perfil, Ricardo... As informações eram muito antigas...


Ricardo Rocha 03/05/2016minha estante
reflexões e angústias... recebi um email com esse título e achei que tinha pirado de vez, que minha dor já tinha endereço de email... o link agora tá bacana




jhulica 18/01/2024

Isto é guerra?
Guerra em surdina é uma ficção que retrata a realidade vivida pelos soldados brasileiros na campanha da Itália, que foram obrigatoriamente enviados para lutar contra os alemães em solo europeu, enquanto seu próprio país passava por um momento ditatorial. No livro contém várias narrações de soldados diversos.
Acredito que o objetivo do livro seja refletir sobre o estado de espírito dos soldados, sobre a degradação da mente humana perante a situações de frio extremo, fome, mortes e assim formando um soldado "de verdade".
Voltaram para o Brasil com fama de heróis, o governo se absteve e os praças voltaram as suas vidas cotidianas.
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Matheus656 18/07/2024

Página 113
"Os soldados continuavam quietos. Os olhos quase dementes. A angústia no rosto. A lembrança dos companheiros caídos. O desespero. Mas, sobretudo, o ódio. O ódio crescia, expandia-se, tomava conta de cada um"
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