Gi56 24/05/2013outubrodedoimilesete."O que me inquieta e fascina nos contos de Caio, é essa loucura lúcida, essa magia de encantador de serpentes que, despojado e limpo, vai tocando sua flauta e as pessoas vão se aproximando de todo aquele ritual aparentemente simples, mas terrível porque revelador de um denso mundo de sofrimento. De piedade. De amor."
Lygia Fagundes Telles
Segundo livro que absorvi do Caio. Falo absorver, pois tal livro é feito para ser degustado e não meramente escolhido ao acaso. Descobri Caio Fernando Abreu através dos livros e não por frases soltas, como praticamente todas as pessoas que o citam a torto e a direito. Meu sentimento ao lê-lo era o mais apropriado, e me fez mergulhar fundo no mundo dele, entrar por vielas escuras, sombrias, um mundo decadente e belo, um mundo de epifanias. Histórias que se desprendem da realidade, e digo que é preciso força e também angústia quando se transcorre por entre as páginas, pois assim é a verdade nua e crua da vida. O poço, primeira leitura, já nos mostra que o profundo também é abstrato, e pode sim, tirar proveito disto. Esse escritor gaúcho, que viveu em meio ao tropicalismo, no submundo, na contracultura, na letargia daqueles dias, do torpor da ditadura. Caio e profundo e apaixona, e mudou minha visão sobre mim mesma.