Liz 19/11/2011Desafio literário 2011 - Novembro - Contos - resenha 1Meu pai não tem muita paciência para ler, mas é muito fã de Malba Tahan, e sempre quis que eu lesse os livros desse autor. Sabe-se lá por que, nunca tive interesse em lê-los, e eles estavam mofando por aqui. Um dia, catei ocasionalmente esse livro e comecei a lê-lo sem esperar nada; acabou virando um dos mais legais lidos por mim nesse ano.
Como o próprio titulo diz, este é uma coleção das consideradas melhores passagens escritas pelo autor. Passagens, que fique claro - assim como há contos, há também capítulos aleatórios de livros como o tão aclamado “O homem que calculava”. Isso foi algumas vezes bem irritante, pois quando eu estava totalmente absolvida pela história, ela acabava bruscamente sem a conclusão, e eu ficava a ver navios.
Isso aconteceu, por exemplo, em “A princesinha sangalu” e “O casamento interrompido”. Já em outros, apesar de serem também capítulos de romances, não me davam essa sensação de vazio, pois o que importava era terminado ali mesmo, como em “Os trinta e cinco camelos” e “O turbante cinzento”.
Apesar de ter amado o livro, achei alguns contos meio sem graça – mais precisamente, “Os dois cântaros” e “A porcelana do rei”. São ambos bonitinhos e com algo legal para passar, mas é só isso mesmo. Não chamam a atenção. Porém, os únicos contos que eu realmente não gostei foram “Olhos pretos e azuis” e “O dervixe e o xeque”. No primeiro é proposta a um personagem uma charada legal, mas ultrapassada. Pelo menos eu a vi tantas vezes que já tenho repulsa por ela. O segundo, tão bom no começo, foi estragado por um final que, tentando parecer esperto e inesperado, acabou ficando extremamente forçado.
Tirando esses, todos os outros contos são ótimos. São todos simples e bem curtinhos, a maioria com uma ótima dose de comédia, mas sempre com lições a passar e algo para refletir. Um dos mais legais foi “O fio da aranha”, que me deixou um pouco perturbada, pois eu sei que aconteceria comigo o que passou ao personagem. “O Livro do Destino” também me deixou assim.
Eu não consigo dizer somente um que eu tenha gostado mais. “O oleiro e o poeta”, “Dos dez para os doze”, “O mais generoso dos xeques”, “A noiva de Romaiana”, acho que esses foram os que eu mais gostei. Uma das coisas mais legais da maioria dos contos é a presença da cultura mulçumana. Tenho certeza de que a maioria dos ocidentais a olham com certa repulsa (confesso que eu mesma pertenço à esse grupo), mas é impossível ler as histórias de Malba Tahan sem ficar interessado, sem querer saber mais desse povo tão fechado. Mais impossível ainda é ler esse livro sem querer ler todos os outros da autoria do professor.