Resenhas - Admirável Mundo Novo

vitorramos1 02/02/2024

Um distopia diferente
Na busca de ler todas as clássicas distopias chegou a vez do
"Admirável mundo novo" do Aldous Huxley.

O livro constrói uma realidade diferente de sociedade quando comparamos com as demais obras do mesmo estilo, pois não vemos uma sociedade em conflito ou um movimento presente em busca de alterar as estruturas.

A novidade está diretamente ligada à realidade da construção de uma sociedade com foco na estabilidade e felicidade. Para isso temos toda uma construção científica que colocou fim à gravidez, desenvolveu remédio para aliviar sofrimentos psicológicos e consolidou uma máquina de geração padronizada de novos seres humanos dentro de suas cascas, todos condicionados a serem felizes dentro de sua realidade.

No final das contas achei a história super cativante e o livro fantástico, mas ainda assim não briga com 1984 no escopo de distopias.

Rafa.Poderozo 01/02/2024

Doidera
Eu não sei nem por onde começa a falar sobre esse livro
A visão futurista q o autor traz e como isso é análogo ao presente é surpreendente.
Diria que a experiência de leitura é comparável com a experiência de ler 1984, não nego
E as consideráveis atrocidades tão normais para aquele universo me deixaram perplexa
E novamente fiz diversos rabiscos nele mas não o tenho físico, eu juro que eu vou melhorar?
Mas enfim, adoro livros que me fazem pensar e refletir.

Willouro 01/02/2024

Modernidade já passou, ou um novo pra europeu ver (E eu sei que to olhando da forma errada, mas realmente esperava mais.)
Apesar da crítica social à modernidade e ao autoritarismo, a leitura desse livro me bateu atravessado, principalmente a questão do “Selvagem”. Retratá-lo de tal forma me parece um olhar muito europeu, até como se vê a América e seus nativos como exóticos. Não consigo engolir totalmente que o autor não esteja cometendo esse pecado, mesmo consciente que isso é uma crítica minha com um viés muito contemporâneo e fora de contexto com o tempo da obra.

O autor escreve de forma muito direta, o que não é ruim e faz a história fluir. Mas por mais que o livro tenha coisas interessantes, também sinto que tem muitos pontos soltos e até fracos. Há de se destacar questões e quase previsões como o cinema sensível: é um conceito super interessante, que até influencia muitas discussões e teorias no audiovisual/cinema até hoje (Hiper realismo, 3d, a forma com que se faz som… já vivemos o cinema sensível). E pensar que soma/droga possa ter a ver com lsd e portas das percepções é um bônus.

E falando em Soma, acho um capítulo interessante onde se discute sobre religião. Me incomoda como se apresenta a crença/religiosidade através do Selvagem, de uma forma que acho até fetichista, no campo do exótico. A maneira que o personagem encara as coisas pelo auto flagelo e tudo mais, evoca essa coisa excêntrica e que deveria servir como contraste, já que em tese essa nova sociedade não tem religião. Mas me instiga que há encontros parecidos com cultos nessa sociedade, encontros de fraternidade para todos se reunirem e tomarem Soma e fazerem orgias, de maneira que só consigo descrever como ritualística. Em nenhum momento o autor aprofunda essa dinâmica dos encontros, e isso me parece solto na história. Da mesma forma, tenho a sensação que nas discussões filosóficas levantadas com o livro o autor vem com citações específicas (como Shakespeare através do Selvagem, evocar Freud etc) que mais me parecem rasas que outra Coisa. Servem para compor uma camada extra, de embasamento para enriquecimento argumentativo numa discussão sobre o livro, mas não necessariamente tem um aprofundamento na história e universo apresentado.

É interessante também uma discussão possível sobre MODERNIDADE e ROMANTISMO (e aqui Shakespeare como o Selvagem é super bem vindo). Uma discussão até metalinguística, mas que sinto que se perde no meio. Pra mim o melhor capítulo é quando aparece o Administrador Mundial discutindo sobre beleza (arte) e verdade (ciência). Essa dualidade evoca uma discussão super interessante, mas que vem apenas com algo secundário. O principal foco do livro acaba sendo a questão da felicidade só ser possível dentro de um “conforto social”.

A trajetória de Bernard é interessante: Vamos um protagonista/heroí que se via isolado e desconexo com aquela sociedade, e que vira alguém que cresce e abusa do sistema que antes rejeitava na primeira oportunidade que lhe aparece. Sobe o poder que lhe aparece através da exploração do Selvagem. O personagem infeliz de repente se pega usufruindo de seu conforto e status. E fiquei surpreso de no final ele ir para o exílio. Achei que ele seria mais resistente, até cavaria um cargo no governo após perceber que gostava sim daquele sistema social, que trabalharia para mantê-lo. Mas não é o que acontece, e com isso acho que o arco dele não condiz com sua conclusão, e acho incongruente até como Administrador Mundial se portou aqui.

Também me incomoda Lenina virar uma personagem que serve só para o interesse romântico com o decorrer do livro. Ela no começo era o contraste de o que era o mais puro retrato daquela CIVILIZAÇÃO. E nessas poderia ter um arco de se desprender e aprender a viver de outra maneira, mas no fim vira apenas o objeto de interesse do Selvagem e nada mais.

Com esses pontos, saio com um gosto amargo da leitura. A estrutura da distopia é bem interessante, e até os lampejos de discussão de modernidade e romantismo, mas eu esperava algo mais elaborado. Principalmente no final. Tenho plena consciência que minha crítica é enviesada e perde um valor, mas concluo que ao ler Admirável Mundo Novo saio só com uma crítica à sociedade, mas que talvez não tenha uma autocrítica de fato.

Marcinha 01/02/2024

Admirável mundo novo
O que você prefere sua liberdade de sentir ou um sistema de governo que proporcione tudo para seu bem-estar. Mas todo esse bem - estar tem um preço.
Nessa história temos uma sociedade futura no qual as pessoas são fabricadas, isso mesmo fabricadas de acordo com o que o governo precisa de cada um. Todos os valores que conhecemos hoje como família, Deus, individualidade simplesmente não existem. Os humanos são manipulados desde sua fabricação com pensamentos que os fazem acreditar em tudo que o sistema acredita que deva fazer parte da vida em sociedade.
São induzidos a não sentirem tristeza, solidão ou qualquer pensamento que os levem ao isolamento. E se nada der certo existe o SOMA. Uma leitura para refletir o que realmente vale a pena arriscar para que exista uma boa convivência entre os indivíduos de uma sociedade.

leandro.lacerda 01/02/2024

Curioso
Não teve como não associar o livro com os acontecimentos da atualidade, substâncias que nos tora da realidade, grupos sociais organizados para suprir as necessidades momentâneas excluindo ou tentando suprimir desejos que irão se mostrar em determinado momento, personagens que não se encaixam e um que não faz parte tentando ser condicionado ao ambiente faz de Admirável Mundo Novo uma narrativa amedrontadoramente atual.

Parafraseando A menina que roubava livros ? Markus Zusak "A única verdade que realmente sei: os seres humanos me assombram."

Beatriz3345 01/02/2024

Admirável Mundo Novo
ÓTIMO livro. Sou viciada em ler distopias, e com certeza esse clássico não me decepcionou. O meio do livro ficou um pouco maçante a história, mas depois tudo se interliga e faz sentido. Críticas perfeitas e de fácil entendimento, traz muitos reflexos para a era tecnológica e sufocante da indústria digital. Simplesmente amei, não leria novamente mas uma mas melhores distopias que já vi!

belpoppe 31/01/2024

Brave New World ?
Um clássico é um clássico. Li esse livro para a aula de inglês em 2022, mas eu de fato adorei. A temática retratada é importantíssima e atemporal, o que faz a gente pensar até hoje- quase 100 anos depois- se o nosso mundo pode ser assim. O mundo que o autor cria é muito bem feito, com detalhes das cores das roupas que cada pessoa usa na sociedade. Lembro que achei o começo meio chato, mas depois que você entende mais sobre aquele universo, você entra mais na história e começa a entender a genialidade daquele mundo que o autor criou. Os personagens principais são muito interessantes, cada um com uma percepção diferente da realidade deles. Mas o que achei legal é que não tem como você ?amar? um personagem, porque todos eles são falhos e complexos. E isso é engraçado, considerando que o mundo em que eles vivem era para ser perfeito, sem dor e sentimentos. Ou seja, os próprios moradores desse mundo demostram que ele não é perfeito. Tem muito mais o que analisar nesse livro, o que faz ele ser cada vez mais interessante e complexo. Talvez leia mais clássicos no futuro como esse, adoro distopias.

Rahul0 29/01/2024

A Zona de Conforto na Alienação
Apesar da história de passar em um tempo distante , ela se assemelha com o atual : de certa forma o povo gosta de ser dominado pelo sistema. Pois veja bem , grande parte da população aceita sua situação social miserável sem revolta alguma , sem nenhum questionamento sob o que lhe impõem.

Indivíduos com esse comportamento ridicularizam práticas que contribuam para uma evolução pessoal , tornando tal coisa como "normal" para toda a população , o que já foi titulado como "política de massa" , "moral de rebanho".

IndieIngrid 28/01/2024

Admiro, tive que pesquisar para entender o final do livro, como todos os livros sobre distopia lançados no século XX, Admirável Mundo Novo é uma tragédia pré escrita.
Não é preciso pensar muito para saber que, absolutamente nenhum personagem, vai ter um final "feliz".
Não que isso seja ruim, a sensação de impotência em temas como esse é o que chama atenção para o tema, e definitivamente, não é o caminho aqui, é uma visão inteligente sobre uma educação modeladora, e uma boa perspectiva para se pensar acerca de certos pontos da nossa sociedade.

Enfim, infelizmente, é um dos mais fracos do famoso trio de distopias, mas não deixa de ser interessante para se ler

Dyyego 28/01/2024

Admirável mundo novo
Um bom livro que faz a gente pensar como seria um mundo diferente e o quanto esse novo mundo pode ser melhor ou pior que o que vivemos.

cassaraujo 28/01/2024

Admirável
Se não fosse o final em aberto (servindo de gancho para o segundo livro), eu diria que esse é o melhor livro que já li em toda minha vida. Passei o livro inteiro com cara de indignada (palavra que minha própria mãe usou quando me viu lendo), lendo argumentos totalmente absurdos dos personagens, porém muito coerentes se considerarmos o contexto no qual estavam inseridos. O capítulo 17, após as palavras do Administrador, me fez questionar demais a sociedade em que vivemos, e me fez sentir culpada (ou seria louca?) por achar que talvez o Administrador esteja certo (?????)... Que livro, meus amigos. Que livro.

Kurth 27/01/2024

Ótima releitura.
"- Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado.
- Em suma - disse Mustafa Mond - o senhor reclama o direito de ser infeliz.
- Pois bem, seja - retrucou o Selvagem em tom de desafio. - Eu reclamo o direito de ser infeliz."

""Uma Nova Teoria Biológica" era o título do trabalho que Mustafá Mond
acabava de ler. Ficou sentado algum tempo, as sobrancelhas franzidas
meditativamente; depois tomou a pena e escreveu sobre a página de rosto: "A maneira pela qual o autor trata matematicamente a concepção de finalidade é nova e extremamente engenhosa, mas herética e, no que diz respeito à ordem social presente, perigosa e potencialmente subversiva. Não publicar." Sublinhou
essas palavras. "O autor será mantido sob vigilância especial. Sua transferência para o Posto de Biologia Marinha de Santa Helena poderá tornar-se necessária."
Uma lástima, pensou, enquanto assinava. Era um trabalho magistral. Mas se se começasse a admitir explicações de ordem finalística... bem, não se sabia qual poderia ser o resultado. Era o tipo da idéia que poderia facilmente descondicionar os espíritos menos estáveis das castas superiores - que poderia fazê-los perder a fé na felicidade como Soberano Bem, e levá-los a crer, ao invés disso, que o objetivo estava em alguma parte além e fora da esfera humana presente; que a finalidade da vida não era a manutenção do bem-estar, e sim uma certa intensificação, um certo refinamento da consciência, uma ampliação do
saber... O que, refletiu oAdministrador, bem podia ser verdade. Mas inadmissível nas circunstâncias presentes. Retomou a pena e, sob as palavras "Não publicar", riscou um segundo traço, mais espesso, mais preto do que o primeiro; depois
suspirou. "Como seria divertido", pensou," se não se tivesse de pensar na felicidade!"
"

Bruno 27/01/2024

O medo da época
Acho que é sempre importante entender as obras como fruto de una época. Acho que nessas distopias, assim como em Fahrenheit 451, os autores expressam seus medos diante das alterações políticas que presenciaram. Aqui, sendo o livro lançado pela primeira vez em 1932, vê-se o medo de um governo que tenta te dominar a partir de uma filosofia própria. Sendo esse contexto de escrita o do estabelecimento do socialismo soviético e a ascensão dos governos fascistas na Europa, entende-se bem de onde vem esse medo.
É muito deprimente também ver a quantidade de ideias desse livro que acabaram virando verdade: a dormência química de algumas drogas e a alienação cultural no cinema, por exemplo. O soma e o cinema-sensível são duas propostas que são praticamente verdade hoje em dia, mas não no contexto de manipulação de um governo, mas de alienação e padronização do gosto numa lógica de mercado.
Assim, acho que o livro é a representação dos medos de um povo em uma determinada época. Um governo virá, supostamente preocupado com a felicidade geral, e assim tirará das pessoas a sua individualidade e sua liberdade de escolha. Ainda assim, as reais ideologias que levam a esse cenário não são exploradas.
John aqui representa a Miranda em "A Tempestade": idealiza una sociedade que é podre por natureza. Todo seu sofrimento virá espetáculo, em vez de libertação, traz divertimento. Vale a pena existir numa sociedade podre assim? Ele responde ao final do livro.

Lucas Felix 25/01/2024

Um mundo 'sem' dores e tristezas
Em seu livro, Huxley descreve um novo mundo: 'sem' dores, 'sem' desafios, 'sem' sofrimento, 'sem' perdas, 'sem' tristezas.

Um mundo onde o ser humano pode se entregar completamente aos prazeres sensíveis, à felicidade ilimitada..

E a que custo tudo isso seria possível?

David_als25 24/01/2024

Não há como ser feliz sem saber o que é a tristeza.
Admirável Mundo Novo apresenta um mundo distópico onde os seres humanos venceram a doença, a velhice e até a morte já é ignorada. Tudo isso aconteceu porque eles chegaram a um nível tecnológico em que tudo isso já pode ser evitado.

Um mundo onde nascemos em um lugar e somos condicionados a viver somente nele, qualquer outro lugar seria um incômodo. Desde o berço são "educados" ? por bem ou por mal ? a amarem o lugar onde estão e ser felizes nele. Não recebem educação além da necessária, não recebem nutrientes além da necessária, mas todos recebem drogas todos os dias e são recomendados a terem quem eles desejarem.

Bernard se apresenta como um indivíduo que é contra aquilo, ele sabe que é anormal tudo aquilo, mas não conhece outra vida. Toda aquela libertinagem e desprezo pelo individual do outro faziam com que ele sentisse uma imensa agonia, mas ele simplesmente vivia com aquela dor.

Em contra partida temos John, tido como "Selvagem" porque foi criado fora daquele meio. Ele é um leitor simplesmente apaixonado ? leitor de Shakespeare, ainda por cima ? pelas belezas da vida que ele nunca pode conhecer, e sempre sonheva em ver aquele Mundo Novo e fazer parte dele. No entanto, quando ele chega a entrar nessa sociedade, tudo o que ele sente é nojo, porque querem tirar do seu íntimo tudo aquilo que ele mais aprecia: Sua individualidade.

Pode até parecer um pouco distante da nossa realidade, mas tem horas que eu fico imensamente reflexivo na leitura desse livro. Acho que a única coisa que nos difere muito desse admirável mundo novo é a tecnologia, mas as semelhanças são quase inegáveis.