Paola 27/05/2024
Extremamente instigante
"Admirável Mundo Novo" (1932), de Aldous Huxley, é uma obra que continua a surpreender e instigar reflexões profundas mesmo após quase um século de sua publicação.
Ambientado em um futuro distópico, o livro descreve uma sociedade onde a engenharia genética, o condicionamento psicológico e o controle social são levados ao extremo para manter a ordem e a estabilidade.
Fiquei profundamente admirada com a visão futurista de Huxley, especialmente considerando que a obra foi escrita em 1932.
Ele previu a utilização de helicópteros como meio de transporte e a manipulação genética para criar e controlar a população, temas que estavam muito à frente de seu tempo.
Esses elementos certamente devem ter causado um grande impacto e choque nos leitores da época, considerando que a obra também desafia além os costumes e a moralidade da sociedade ao prever a extinção da família, religião e relações amorosas não exclusivas e extremamente superficiais.
A trama se desenrola a partir da introdução de John, o Selvagem, que foi criado fora da civilização controlada e, ao ser trazido para dentro dela, expõe as falhas e a desumanização desse sistema.
O tratamento dado ao Selvagem pela sociedade civilizada me lembrou fortemente como tratamos os animais em nossa própria sociedade. Muitas vezes, esquecemos que eles são seres sencientes, com capacidade de sentir dor e emoção, e os tratamos como seres que vieram ao mundo para nos servir, como meras atrações turísticas em circos, zoológicos e parques aquáticos, sem consideração pelo seu bem-estar.
O livro nos obriga a confrontar questões sobre liberdade, conformidade e a verdadeira natureza da felicidade. A forma como a civilização do livro vê e trata John reflete uma crítica à nossa tendência de desumanizar e explorar aquilo que é diferente ou que não compreendemos plenamente.
"Admirável Mundo Novo" é, portanto, não apenas uma previsão assustadoramente precisa de futuras tecnologias e técnicas de controle social, mas também uma crítica contundente sobre a condição humana e nossa relação com o mundo ao nosso redor.
A leitura desse clássico é um convite para refletir sobre os caminhos que escolhemos seguir e as consequências dessas escolhas para nossa humanidade e para o tratamento de outras formas de vida.