"O gigolô das palavras" é uma narrativa acerca de uma experiência vivida por seu autor, Luís Fernando Veríssimo. Indagado por alguns grupos de estudantes, o escritor precisou expor sua opinião a respeito da indispensabilidade ou não da gramática no aprendizado ou no uso de qualquer língua.
Após desfazer a idéia de que estava caindo em uma armadilha para ser desmascarado, Veríssimo começa a elaboração de sua resposta afirmando que a linguagem é, e deve ser tratada como, um meio de comunicação. Segundo ele, a gramática é "apenas" o esqueleto da língua, ou seja, embora importante, só predomina em línguas mortas, servindo, isoladamente, para estudo e não para fornecer informações.
A gramática (e isso o autor afirma com responsabilidade), de fato, não é o principal elemento para a existência da comunicação. Prova disto é a própria população brasileira, que tem grande porcentagem de indivíduos analfabetos e nem por isso anti-sociais ou incapazes de se expressar.
Por outro lado, ousando discordar da opinião de tão respeitado autor, é inconcebível a um jornalista, escritor ou qualquer outro estudioso da língua, que vive da comunicação oral ou escrita, desmerecer a gramática. Saber usar as palavras, nesses casos, além de virtude é uma necessidade. É fato que há uma linguagem específica para cada tipo de "interlocutor-alvo", mas, até nas mais simples maneiras de se falar, em se tratando desses "dependentes da comunicação", a gramática deve ser respeitada e obedecida, não só para que um caráter formal e verídico seja dado ao que é dito, mas também para manter viva aquela que é a maior expressão cultural de um povo: a sua linguagem.