Este livro todo prosa é feito de intuições poderosas e muita disposição para o diálogo. Publicado originalmente em 1979, irrompe como resposta crítica a Morfologia do Macunaíma (1973), de Haroldo de Campos. Destituído de tom polêmico e sem pretensão à verdade, O tupi e o alaúde deriva, como o próprio subtítulo indica, para "uma interpretação de Macunaíma". Dito isso, não importa tanto a recusa do modelo de Propp, mas os avanços que a nova leitura sugere.
Configurado por três movimentos, o ensaio parte da analogia entre a estrutura de Macunaíma e formas musicais, faz uma defesa da ambiguidade e das fraturas da narrativa, para, apoiado em Bakhtin, inscrever a rapsódia brasileira na linhagem dialógica do romance de cavalaria. Por vezes, o texto toma emprestada à forma artística sua natureza móvel e aberta. Em Gilda de Mello e Souza, a exposição das ideias conjuga sempre pesquisa e improviso, criação e impregnação teórica.
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