Paranóia, o primeiro livro de poemas de Roberto Piva, publicado em 1963, é de "uma beleza quase insuportável". As fotos dos anos 60 de Wesley Duke Lee criam uma atmosfera alucinada da cidade de São Paulo. O livro, relançado pelo Instituto Moreira Salles, é uma releitura delirante de "Paulicéia Desvairada", de
Mário de Andrade. Jorge de Lima e Murilo Mendes são os outros autores que convergem com a obra de Piva.
Roberto Piva é um poeta dos anos malditos e desbundados. Segundo o poeta, "a minha vida & poesia tem sido uma permanente insurreição contra todas as Ordens. Sou uma sensibilidade antiautoritária atuante. Prisões, desemprego permanente, epifanias, estudo de línguas, LSD, cogumelos sagrados, embalos, jazz, rock, paixões, delírios & todos os boys". Talvez ele seja o único poeta brasileiro verdadeiramente surrealista. O surrealismo proclamou a prevalência absoluta do sonho, do instinto e do desejo. Investiu contra os padrões estabelecidos, desprezando a lógica e renegando a ordem moral e social. O processo de criação dos surrealistas baseava-se no inconsciente como meio mágico para inspirar a imaginação criadora.
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