jesscso 09/03/2023
Despedida: A luz que se apagou
Após 5 capas escuras, tensas e com elementos escondidos aqui e ali, Despedida, o último capítulo de Uma Luz Que Se Apaga, mostra uma capa iluminada, homenageando a personagem que se foi.
?Precisa mesmo ser assim? Deste jeito? Sem meus pais... Meus amigos? Sozinha... Na chuva??
A trajetória de Ramona na revista é marcada por poucos momentos, mas sempre memoráveis. Ela sempre foi escrita como uma personagem muito retraída, de poucos amigos mas com um bom convívio com toda a turma. Ela é filha da Bruxa Viviane, uma mulher que tenta impor o seu estilo de vida para sua filha, a repreendendo quando mostra gostar de outras coisas e traçando um futuro perfeito para sua filha. A personagem deixou de ser escrita na segunda série, mas na terceira, voltou em Xavecotube. Uma amizade interessante nasce dai, Ramona se une mais com a turma quando vai a festa (embora as causas tenham sido desagradáveis). Seu pai volta para o Limoeiro, ela começa a se resolver com a sua mãe... E de repente se vê sozinha, na chuva. Com sua vida diante dos seus olhos. Sozinha, não. A Ceifeira está ali, com seu rosto, pronta para levá-la. Ela parte sem mágoas, levou uma vida singular e deixou uma mensagem no coração de cada um dos personagens.
O arco encerra-se com uma cena inédita: toda a turma desconsolada no funeral da amiga. Todas as famílias estão mais unidas, diferente do início. Magali só sabe chorar, sente-se culpada. Viviane está furiosa, e toda essa raiva será descontada no próximo arco. Irene e Mônica estão resolvidas, a luz se apagou, e a Ceifeira não tem mais motivo para estar ali. Minha única ressalva são as expressões travadas do copia e cola de Lino.
Ramona foi a primeira personagem da turma a morrer permanentemente na revista. Telepax na morreu na primeira série, mas foi um personagem usado apenas para um roteiro. Foi ousadia, foi um roteiro muito bem feito! Uma Luz Que Se Apaga tem mistério, ação e drama; o que faltou em Lendas do Recomeço. Desenvolveu personagens e relacionamentos esquecidos, deu continuidade e serviu história. O verdadeiro começo da terceira série foi aqui, com esse arco maravilhoso de Marcelo Cassaro. Tudo foi muito bem pensado para chegar ao destino final. Emocionei-me, mesmo relendo, chorei. E essa saga não acaba aqui! Nas próximas 4 edições, as consequências disso iram ascender.
Foi um arco sobre luto, família e amor. Sobre o medo de morrer, a importância das relações fortes com as pessoas. Sobre, cuidar do que importa, sem se deixar levar por bobagens. Um retrato do sentimento com a pandemia, uma história com significado sobre a Morte.
Abrindo as últimas one-shots desta era, Mallzhen entrega mais uma de Magali. A Floresta dos Mistérios continua desenvolvendo o lado mágico da protagonista e traz uma nova personagem, Lavínia. Essa mulher é suspeita demais; quero ver mais dela e de todo esse arco construído por Daniel. Seria interessante um futuro arco apenas sobre a ordem dos cozinheiros! Ah, e Jairo arrasou muito nos desenhos.
E encerrando, Lederly continua seu arco apresentado em A Porta e Enigma. Mas agora é mais uma conexão: é um plot novo (mas um pouco reutilizado). Mais um povo alien que as pessoas tem medo mas são seres do bem. O interessante é saber que há mais povos por aí que Xabéu pode investigar. E também, as referências a realidade são legais.
A edição 12 encerra a era Uma Luz, deixando boas lembranças e boas histórias. De destaque, Cassaro, Mallzhen e Marcantonio escreveram narrativas muito interessantes. Lederly desenvolveu mais sua escrita, preparando-se para o seguinte arco. Roberta Pares deu seu nome, Lino Paes exagerou um pouco no copia e cola, e Jairo teve seus altos e baixos. A terceira série tem seus erros e acertos, mas em um geral, é a melhor fase da revista atualmente.