spoiler visualizardahliaevil 20/08/2024
"ISSO MUDA TUDO" pior ou melhor?
Foi um livro que, a princípio, me deu uma leve esperança quanto à sua capacidade de evolução para o segundo. Acreditava que poderia se tornar melhor, mas acabei me decepcionando (não estou dizendo que é 100% ruim, pois, claro, gostei de muitas coisas que me proporcionaram risadas e sorrisos várias vezes, como a cena do Eros e da Cora se beijando e "transando" para provar a si mesmos que não sentiram nada um pelo outro). No entanto, consigo citar muitos mais pontos negativos do que positivos.
A tentativa de estupro sofrida por Cora é um dos eventos mais delicados e críticos da trama, mas sua abordagem parece superficial. O evento não recebe a profundidade emocional e psicológica necessária para impactar verdadeiramente o leitor. A narrativa trata a situação com uma leveza que não condiz com a gravidade do tema, deixando uma sensação de falta de respeito e compreensão pela experiência de Cora.
A questão da Deusa do Submundo, introduzida de forma abrupta e desajeitada, é um exemplo claro de desenvolvimento mal executado. A inserção desse elemento no enredo ocorre de maneira súbita e pouco fundamentada, o que gera confusão significativa e prejudica a coesão da história. Esse aspecto poderia ter sido melhor desenvolvido para integrar a mitologia de forma orgânica e relevante.
A linha cronológica da narrativa sofre com a variedade de perspectivas dos personagens, o que resulta em uma estrutura confusa. Embora a mudança de ponto de vista possa enriquecer a história, neste caso, ela bagunça o enredo e dificulta o acompanhamento dos eventos principais. A falta de uma linha temporal clara prejudica a compreensão e o envolvimento do leitor com a trama.
O relacionamento entre Cora e Deamon é especialmente problemático, marcado por profundidade e coesão inconsistentes. A relação entre os personagens não é bem explicada e carece de um desenvolvimento que justifique suas dinâmicas e conflitos. Isso gera uma sensação de confusão e falta de nexo, tornando difícil para o leitor se conectar com a história.
As cenas de colapsos emocionais de Cora e Deamon são tratadas de forma excessiva e muitas vezes forçada. Esses momentos são descritos com uma intensidade que acaba parecendo exagerada, o que pode distanciar o leitor em vez de criar empatia. A falta de sutileza nessas passagens prejudica o impacto emocional pretendido.
O poder dos personagens é outro aspecto que não recebe o tratamento adequado. A capacidade dos personagens é mencionada de forma superficial e não explorada em profundidade, resultando em um sistema de poder pouco claro e mal desenvolvido. Isso enfraquece o potencial das cenas de ação e conflito, que poderiam ter sido mais envolventes e dinâmicas.
Erros de diagramação e formatação são evidentes e afetam a experiência de leitura. A falta de uma revisão cuidadosa resulta em uma apresentação confusa e desorganizada, prejudicando a fluidez e o prazer da leitura.
A constante menção à Thea, sem uma real exploração do personagem, também é um ponto negativo. A história faz referência a ela repetidamente, mas não se aprofunda em sua importância ou papel, o que deixa uma sensação de falta de consistência e profundidade.
Finalmente, a falta de profundidade nas famílias dos personagens é uma limitação significativa. O background familiar, que poderia adicionar camadas de complexidade e motivação aos personagens, é tratado de maneira superficial, resultando em personagens que parecem menos tridimensionais e mais unidimensionais.