spoiler visualizarSSMaia 22/02/2023
A agonia de happiness
Eu iria fazer uma resenha por volume, mas a obra ne cativou tanto e seguiu de maneira tão fluída que achei meljor fazer apenas uma única resenha para todos os volumes, englobando toda a obra...
Shuzo Oshimi é um mangaká já conhecido por suas obras que trazem um estudo de personagem e que falam sobre a psique dos mesmos, happiness não é diferente.
Acompanhamos não apenas um único personagem, mas sim um núcleo de personagens adolescentes que estão convivendo em uma escola, em um período equivalente ao ensino médio brasileiro. Makoto o primeiro personagem a ser apresentado é mostrado como um garoto tímido, que sofre bullying e que vive a flor da pele por questões hormonais, ele acaba sendo atacado por uma vampira que não o mata, o que acaba por transformá-lo em um vampiro.
E é ai aonde a arte do Oshimi brilha ainda mais, o traço do mestre consegue trasmitir a agonia do personagem, tanto pelas questões sociais que alguém como makoto sente, quanto pelo frenesi causado pela sede por sangue humano, já que makoto se nega a beber sangue, e embora ele consiga passar dias sem beber uma única gota de sangue, a sede o deixa cada vez mais aflito e com sentidos mais sensíveis, a aflição acaba por ser temática recorrente no início mostrando muito daquilo como uma doença e que talvez seja possível contornar, mas é claro que makoto não é o único envolvido nessa história.
Os outros personagens são Yukiko, outra garota tímida que ajuda Makoto em um de seus surtos, Yukki que fazia bullying com Makoto e com o tempo se torna amigo dele e Nao, a namorada de Yukki. Todos os 4 são pessoas com problemas sociais e que se veem como deslocadas da vida comum, com suas aflições pessoais e do seu entorno. E embora eu acredite que dê pra escrever muito sobre cada um deles, não falarei muito mais, pois vale a pena ler a obra.
Enfim Oshimi ainda consegue abordar fobias sociais, traumas do passado, aflições do presente e sobre o futuro, fanatismo religioso e mesmo como encontra seu lugar no mundo, não de uma maneira simples e fofa, mas sim contornando e sobrevivendo aos problemas, o que eu posso dizer é que a arte do Oshimi é um disbunde, refletindo bem a aflição dos personagens, seus medos e anseios, assim como a forma que eles veem o mundo. E que embora a obra comece vendo um outro problema de ordem pessoal, ela se trata muito mais de indivíduos que são excluídos e jogados para escanteio, seja por questões físicas ou psicológicas e que o mundo realmente não é agradável para quem foge a esse normal, mas que ainda assim é possível seguir uma vida alegre.
Spoiler do final
Quanto ao final, acho ele extremamente poético e de grande sutileza, já que vemos dois vampiros em um mundo já destruído, sem uma sociedade, podendo viver livremente ou no mínimo, podendo ter sua paz sem ferir ninguém, um mundo sem sociedade, talvez seja o mundo perfeito pra quem foi afastado pela sociedade.