Luan 15/06/2021
Sensacional
Interessante essa fisgada que Dostoiévski nos dá. Ele nos faz ter empatia pelo protagonista/narrador com seus pensamentos, que são por assim dizer, tão próximos do que pensamos e avaliamos, fazendo com que vemos nós mesmo encarnado no ao protagonista/narrador. Só que é neste ponto onde ocorrer o "choque", pois não queremos, de maneira nenhuma, ser este ser, que como percebemos logo no início e como o próprio narrado dita, ser orgulhoso, egoísta, invejoso, asqueroso e contraditório na maioria das vezes.
Conhecemos então, um homem, cujo nome ele próprio não dita para nós leitores, que vive sobre seus torturantes devaneios. Um homem cuja alma é peculiar, onde tenta dispensar todo sofrimento da juventude e de suas ações através da raiva, da contradição, da negação, da tortura em sí... Ele se vê superior aos demais colegas ou a qualquer pessoa, e nunca, em hipótese alguma, ele quer ser tratado de maneira inferior, ou seja, ele não quer que as pessoas os vejam com cara de ?coitado desse pobre senhor?, é certo dizer que o vitimizar é um problema sério, chegando a torna-lo bastante enfurescido e sem controle. É notável durante toda leitura que ele não quer ser ajudado.
Seus instintos nos acaba deixando uma impressão maligna Hahaha. Porque sua conduta, e até alguns devaneios, são errático na minha visão, ou melhor dizendo, na visão de um ser humano. É aquele tipo de pessoa que queríamos estar o mais longe possível, totalmente fora de seu alcance. Justamente neste ponto que ele nos agarra, fazendo nos aproximar dele novamente, pois lá fundo de seus pensamentos, lá na raiz, ou até como o próprio nome do livro diz, no ?subsolo? do seu subconsciente percebermos uma pessoa que pensa justamente aquilo que nos martela a cabeça, e por final acabamos concordando com ele. Você consegue entender esse jogo de vai-e-vem, na qual como havia dito, queríamos manter distanciados do protagonista, porém nos vemos tão como em um espelho nele que é impossível disso acontecer, mas veja, ser próximo dele é aceitável, porém ter afeição, compaixão ou simpatia por ele é inadmissível pelo fato que como também havia dito, o protagonista detesta esse tipo de olhar.
Essa leitura me fez olhar para dentro, dentro de nós, no subsolo do nosso ser. Lá no nosso subsolo, guardamos ?coisas? que nem imaginamos estar guardando, as vezes ?coisas? minuciosas demais para serem tocadas, ou as vezes ?coisas? perigosas demais para serem tocadas, e pode ter certeza disto, todos nós somos ?almadiçoados? por carregar aquele diabinho dentro nós, aquele lado perverso.
Faço o meu apelo aqui a parte que mais me comoveu, a parte que nosso ?querido? protagonista desabafa
o que realmente pensa sobre muitas coisas para uma mulher que acaba de conhecer. Este diálogo entre os dois foi caminhando de maneira imprescindível, terminando de uma forma magistral.
Obrigado, Dostô! Obrigado pelas trilhas que percorri ao longo desta leitura. De fato a primeira parte me deixou confuso, mas depois pude compreender perfeitamente. Uma obra que se tornou preciosa para mim, que aliás, com certeza lerei novamente em breve, pois me encantou esse jeito de Dostoiévski de escrever, na qual, ao final de cada leitura, nos faça interpretar o texto olhando para si próprio.